“Tudo é uma questão de querer”

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“Tudo é uma questão de querer”

A lajeadense Tais Cauduro, 31, perdeu a visão quando era recém-nascida. Mas mesmo com a deficiência, não deixou de seguir seus sonhos, tocar violão e viajar. Com maior sensibilidade no tato, hoje ela é massoterapeuta, ganhando espaço no mercado de…

“Tudo é uma questão de querer”

A lajeadense Tais Cauduro, 31, perdeu a visão quando era recém-nascida. Mas mesmo com a deficiência, não deixou de seguir seus sonhos, tocar violão e viajar. Com maior sensibilidade no tato, hoje ela é massoterapeuta, ganhando espaço no mercado de trabalho.

 
Como foi sua adaptação na escola e no estudo?
Nasci prematura de seis meses. Fiquei na incubadora e ali o processo queimou a minha retina. Aos seis anos, me alfabetizei em braile no Castelinho, em uma sala de recursos. Aos sete, fui incluída em uma sala regular, com colegas que tinham a visão. No início era muito difícil, porque um colega sempre tinha que ficar ao meu lado ditando o que a professora escrevia no quadro. Mas aos poucos fomos nos acostumando. As avaliações eram feitas de forma oral, ou na sala de recursos, em braile. Me formei sem nunca reprovar um ano.
 
Como decidiu cursar massoterapia?
Quando me formei no Ensino Médio, não sabia o curso que queria seguir. Então fiz quatro anos de voluntariado na sala de recursos do Castelinho. Em 2008, surgiu a oportunidade de cursar a massoterapia no Rumo Norte, em Porto Alegre. Morei um ano em Alvorada para fazer o curso. Sempre tinha que ir à capital. Fiz estágio em Estrela, na Vovolândia, onde fazia massagem em idosos. Em 2010, comecei a trabalhar realmente na área. Passei por alguns outros lugares antes de criar o meu nome, e trouxe clientes comigo. Transformei a garagem de casa em uma sala de massoterapia. Ganhei uma maca e comecei. Sou muito realizada com o que faço. Em 2016, também realizei um curso de reflexologia podal japonesa, que consiste na massagem de pontos dos pés que refletem no resto do corpo.
 
Sempre conseguiu fazer as coisas que gostava?
Aprendi a tocar violão, de ouvido mesmo, mas com um professor. Passei 12 anos integrando uma banda e tocando nas noites. Também viajo sozinha e hoje sou mais independente. Já fui para Curitiba e São Paulo. Consigo me localizar com aplicativos de voz, que fazem a leitura do GPS, do WhatsApp. E sempre peço informações. Também gosto muito de ler e escrever no computador. Tenho um programa que faz a leitura em voz alta.
 
O que te motivou a superar as dificuldades da falta de visão? 
Com a perda da visão, a audição e o tato ficaram mais aguçados. Eu consigo usar esses sentidos, e a sensibilidade me ajuda na profissão. Tudo é uma questão de querer. Se você quer fazer as coisas, vai atrás e consegue. Hoje sou secretária da diretoria da Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadev). Sou voluntária lá. Auxiliamos e encaminhamos assistências aos que precisam. Trabalhamos em grupos, tentando inseri-los nessa vida normal que levamos. Temos aulas de música também. É uma terapia para nós.
 

BIBIANA FALEIRO – bibiana@jornalahora.inf.br

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