Solidariedade tardia

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Solidariedade tardia

“Seu Aldino”, “Tafu”, “Seu Manoel”. E agora o “Tio da Barriga”. Os lajeadenses convivem ao longo de décadas com figuras consideradas folclóricas. Folclore gerado, essencialmente, pelo desconhecimento acerca da origem e das histórias íntimas dessas pessoas. Aceitamos a incerteza e pecamos em não oferecer os devidos cuidados necessários a elas. Lamentamos a morte, e pouco lamentamos a vida.
 
As redes sociais estavam inundadas de postagens e comentários sobre o “Tio da Barriga” nesta quarta-feira. Ele morreu um dia antes, em um leito do Hospital Bruno Born, semanas após ser atropelado por uma motoneta Biz na av. Alberto Pasqualini. Não fosse a companhia de alguns poucos familiares, teria morrido absolutamente sozinho. Logo ele, tão folclórico e conhecido…
 
Esse artigo não busca pregar moral ou colocar o dedo na cara de quem quer que seja. Acima de tudo, é uma autocrítica. Por que insistimos nessa valorização tardia das pessoas que dividem o nosso dia a dia? Por que não perdemos um ou dois minutos do nosso extenso dia para cuidar um pouco do próximo, ou para simplesmente ouvi-los?
 
Especificamente sobre o “Tio da Barriga”, ou “Seu Nelson”, para quem o conhecia melhor, sabemos pouco ou quase nada. E aqui abro um parêntese para a colega jornalista Andreia Rabaiolli, que com sua sensibilidade peculiar fez uma das únicas – ou talvez a única – entrevistas com ele nesse período de peregrinações. Afora isso, são raras as imagens e as palavras desse ilustre lajeadense.
 
Boa parte da sociedade optou por tratá-lo com a graça que não tem graça. É assim com a maioria dos personagens folclóricos nas mais diversas cidades do Brasil e mundo afora. Foi assim com ele, com o “Seu Manoel”, com o arroio-meense “Telekinha”. E ainda será assim com muitos outros que virão ou já vivem entre nós.
 
É claro, existem pessoas e pessoas. A bondade é uma virtude em grande parte da comunidade lajeadense. Mas ainda é pouco. É preciso muito mais compaixão para atingir um nível honrado de sociedade. Muito mais!
Eu, com quase 37 anos de idade, conversei uma única vez com ele, lá em 2017. Há quase dois anos! E ensaiei apenas alguns poucos “bons dias” e “boas tardes”. E foi só. É pouco. Quase nada.
 
Mesmo assim, minha conversa com Nelson foi, apesar de breve, reveladora. Ele me falou do passado. Das frustrações. Dos problemas de saúde. Do lado profissional que ficou para trás. E sobre a solidariedade de poucos vizinhos e amigos.
Gostaria de publicar na íntegra todas as palavras e as frases lúcidas desse homem que ficará na história da cidade. Mas, a pedido dele mesmo, não posso. Foi o único pedido dele, aliás. E assim será. Para sempre.
 
Descanse em paz, Seu Nelson!
 

Nosso Lajeadense

Estive reunido com a direção do Alviazul dias atrás para oferecer ajuda. É o meu primeiro clube do coração. Devo essa ajuda ao meu falecido e querido avô, Vigore Martini, que me ensinou a amar o Lajeadense. E me senti duplamente emocionado quando percebi o rol de pessoas e empresas já engajadas – muitas de forma anônima, por puro amor – na tentativa de reerguer o único clube profissional do Vale do Taquari. Mas ainda é pouco. E o NOSSO clube merece mais!
 

Univates e Upa

Há casos e casos. E a contratação da Univates para gerenciar a UPA, fortalecendo o vínculo da universidade com a população lajeadense, gerando expertise, e fomentando o nosso referencial na área da saúde e biotecnologia é um grande acréscimo para a região. Nada contra a atual gestora, FHGV, também contratada sem processo licitatório. Mas é inexplicável o ranço de alguns vereadores de Lajeado diante do novo acordo firmado pelo Executivo.
 

Tiro curto

– Em Lajeado, o governo cancelou o pregão eletrônico para contratação de seguros para veículos e prédios do município;
– Também em Lajeado, o governo contratou sem licitação um serviço de palestras e assessoria à equipe pedagógica da Secretaria da Educação. Serão 70 horas e 30 minutos a um custo total de R$ 69,5 mil com o Instituto EducamaX;
– A CCR ViaSul já iniciou os serviços de manutenção na BR-386. Mas ainda falta muito. O mato e os buracos tomam conta dos trechos urbanos no Vale do Taquari;
– Mais currículos chegam ao gabinete do governador Eduardo Leite para a chefia da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE). São pelo menos outros dois bons nomes para disputar com Daiani Clesnei da Rosa. Entre eles, o professor Cristian Prade;
– Em Encantado, a secretária de Educação, Greicy Weschenfelder, e o prefeito Adroaldo Conzatti foram a Sobral (CE) verificar bons exemplos na área. Motivação, controle da frequência, divisão de espaços na sala de aula e “atestados-zeros” são programas elogiados pela comitiva;
– Voltando a Lajeado, a debandada de partidos deve ser geral na câmara. Além do PT, que pode perder Sérgio Rambo e Sérgio Kniphoff, o PPL vai perder Paulo Tóri. Tudo indica que o PDT vem forte para uma coligação com o MDB, em 2020, com a indicação do vice. Mas, a tentativa de derrubar o PP do trono terá uma terceira via alternativa.
Boa quinta-feira a todos!

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