Suspeito presta depoimento.  Advogado alega inocência

Anta Gorda

Suspeito presta depoimento. Advogado alega inocência

Carlos Patussi, suspeito de matar o gerente do Sicredi, Jacir Potrich, 55 anos, conversou durante mais de três horas com o delegado Márcio Marodin na manhã de ontem. O advogado do suspeito recebeu a reportagem do A Hora no condomínio onde teria ocorrido o crime. Sustenta a inocência do cliente e garante: “Ele não viu, não esteve e não encontrou Jacir naquele dia”.

Suspeito presta depoimento.  Advogado alega inocência

O dentista Carlos Alberto Weber Patussi, 52 anos, chegou à Delegacia de Anta Gorda por volta das 10h de ontem para prestar depoimento sobre o caso do gerente do Sicredi, Jacir Potrich, desaparecido desde o dia 13 de novembro de 2018. Para a polícia, o suspeito teria matado o vizinho por motivo fútil e ocultado o cadáver. O advogado dele, Paulo Olímpio Gomes de Souza, nega as acusações e reclama do “abandono” de outras linhas de investigação e suspeitos.
 
Patussi deixou a delegacia, na rua Padre Hermínio Cateli, após quase três horas de conversa com os investigadores. Acompanhado de outros dois advogados, entrou em um carro branco e foi direto para a casa dele, no mesmo condomínio onde o bancário foi visto pela última vez. Vestia camisa azul escura, calça e tênis.
 
Dentro do imóvel, Patussi estava acompanhado de familiares e advogados. Almoçou por volta das 15h. Neste mesmo horário, Souza desceu até o portão da residência para conversar com a reportagem. De acordo com ele, e diferente da acusação feita pela Polícia Civil (PC), Patussi não teria se encontrado com Potrich no quiosque do condomínio no início daquela noite de 13 de novembro.
 
“Ele não o viu, não esteve e não encontrou Jacir Potrich naquele fim de tarde. A história de que ele foi ao encontro do vizinho nos fundos do quiosque não tem qualquer consistência. É uma suposição, não há imagens. Para o delegado, ele teria ido até o local, matado e sumido com o corpo em pouco mais de um minuto. E só o percurso até o local é de 1 minuto e 40 segundos.”
Souza fala do interesse do suspeito em apresentar o quanto antes toda a tese de defesa, e questiona as provas. “São quase dois meses com muitas especulações. Transformaram ele no principal suspeito do homicídio do vizinho. Mas os fatos não possuem qualquer indício de prova. Não há corpo. Não se sabe se Jacir faleceu ou não. Não se tem ideia de onde esteja. No quiosque não há vestígio de sangue, de violência, de nada. E não há qualquer vestígio nas vestes de Patussi.”
 

Pintura no telhado

No dia 13 de novembro, Patussi chegou ao condomínio por volta das 19h30min. “Ele chegou em casa, falou com a esposa, falou com a empregada doméstica e, como de hábito, resolveu passear em volta da casa. Ver seus cachorros, ver o jardim. E ver também a pintura da casa, que estava sendo efetuada naquele dia”, conta o advogado.
 
O suspeito estaria preocupado com a área da chaminé, onde existiriam rachaduras. “Ele foi informado que o pintor já havia ido embora e então subiu ao telhado para ver o trabalho. Estava tranquilo, comendo uma fruta. Além de dentista, ele constrói. E fiscaliza as obras. É minucioso. Por isso subiu para olhar, principalmente, a chaminé”, reforça Souza.
 
Já para a PC, Patussi teria subido no telhado para observar a dimensão do que aconteceu ou o que estava acontecendo no quiosque do condomínio, local onde o delegado afirma que Potrich foi morto pelo suspeito.
 

Sujeira na câmera

Sobre as imagens que mostram o suspeito desfocando a câmera do pátio da casa com uma vassoura, afirma que a esposa e a filha, no início de novembro, quando estavam na praia, comentaram que a imagem estava com problema de visualização. “Não se visualizava o canil. E elas queriam monitorar os cachorros. Então ele pegou uma vassoura e uma escada, e após também verificar, do telhado, que havia um ninho de passarinho junto ao poste da câmera, mexeu com a vassoura.”
 
Ainda de acordo com o advogado, o equipamento estava repleto de teias de aranha. “Ele subiu na escada e mexeu. Mas não tem qualquer habilidade para isso. Queria tirar o ninho, as folhas e algumas teias. Não percebeu se havia ou não desfocado. E a câmera perdeu o foco para os fundos da casa. Em momento algum estava direcionada para o quiosque”, sustenta. Já para a PC, o movimento do suspeito é indício de que ele estaria tentando esconder alguma ação posterior ao crime.
 

“Ele jantou e foi dormir às 23h”

Logo após mexer nas câmeras, conta Souza, Patussi foi manobrar o carro da esposa, que estava indo para Porto Alegre. “Dizem que ele estava ansioso para que ela fosse embora, mas nada comprova isso. Ele se despediu normalmente, beijando a esposa. Depois, voltou para a residência permaneceu em casa naquela noite. Jantou. Caminhou. Brincou com os cachorros. Assistiu TV e foi dormir por volta das 23h. No outro dia acordou cedo e foi atender no escritório normalmente.”
 
Durante o expediente de trabalho, no dia 14 de novembro, teria sido avisado pela esposa sobre o desaparecimento de Potrich. “Ele visitou a esposa do vizinho, falou com o filho e com o sobrinho que morava com ele. No outro dia, com policiais e outras pessoas do condomínio, participou das buscas e colocou as imagens à disposição. Assim como todos, está perplexo com a situação.”
 

Desavença entre os vizinhos

O advogado rechaça a tese de que haveria uma desavença financeira entre Patussi e Potrich. O fato envolveria o aluguel de um prédio de propriedade do dentista para o Sicredi. “A investigação sustenta que haveria uma intriga em função desse fato. Mas não havia. Isso ocorreu em 2010. Potrich não avisou Patussi sobre o fim do contrato de aluguel. Mas já havia uma outra empresa esperando a vaga. E o ponto logo foi alugado por um valor mais alto. Não houve prejuízo.”
 
Depois disso, afirma Souza, ambos continuaram jogando futebol juntos, e as famílias seguiram se frequentando. “Patussi foi no aniversário de 15 anos da filha de Potrich”, diz. Já em 2016, conta o advogado, de fato houve um “arranhão no relacionamento” dos vizinhos. O fato envolvia os cachorros do suspeito.
 
Houve uma “fofoca” no condomínio, supostamente criada por um jardineiro que atendia principalmente a casa de Potrich, de que os animais estariam atacando ovelhas do gerente bancário e, diante disso, o próprio funcionário teria agredido os cães. “Patussi foi informado e ligou para o vizinho. Isso arranhou o relacionamento dos dois. Passaram a não conversar diretamente. Mas não havia inimizade capital. Nada que dê a entender que houvesse motivos para matar”, finaliza.
 

Corpo carbonizado

A PC investiga diversas teses para o desaparecimento do corpo. Entre essas, a possível queima do cadáver, tendo em vista uma área de vegetação queimada nos fundos da casa do suspeito. Sobre isso, o advogado argumenta que o local era utilizado para queimar galhos e folhas recolhidos do pátio da casa de Patussi.
 

RODRIGO MARTINI – rodrigo@jornalahora.inf.br

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