Homicídios ligados à participação de gangues de drogas, furtos e roubos de cargas, abigeatos e lavagem de dinheiro terão uma investigação específica. Para tanto, a região se articula para conseguir uma Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
Com participação do Ministério Público (MP), do governo de Lajeado, Justiça, Brigada Militar e Polícia Civil, o movimento iniciou no fim do ano passado e conta com uma autorização prévia do governo estadual.
A estimativa das autoridades é que a repartição esteja em operação no início de junho. Pelo acordo, o governo de Lajeado ficaria responsável pelo pagamento do aluguel da nova delegacia e pelo mobiliário, enquanto a Secretaria Estadual de Segurança Pública garantiria o efetivo adicional de agentes e as viaturas.
Conforme o secretário municipal de Segurança Pública, Paulo Locatelli, em 2018 o delegado regional apresentou a necessidade dessa delegacia o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo.
Após o primeiro contato, diz o secretário, foi agendada uma reunião com o chefe de polícia. “Ratificamos o interesse em ter essa delegacia devido à presença crescente de grupos criminosos organizados”, diz.
Com esse processo em andamento, a administração municipal foi informada pela Polícia Civil sobre qual imóvel atenderia os requisitos da delegacia. Agora a equipe da Secretaria de Planejamento fará os trâmites burocráticos para comparar se o valor do aluguel condiz com o preço da avaliação imobiliária. Com o aval técnico, diz Locatelli, o prefeito Caumo poderá autorizar a locação.
Reunião na Capital
A comitiva de autoridades do Vale do Taquari tenta agendar uma reunião para a próxima quarta-feira com o vice-governador e secretário de Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior. O encontro tem o propósito de mostrar a força da articulação regional em defesa da segurança pública.
“Vamos solucionar mais casos ligados ao crime organizado”
O delegado regional, José Romaci Reis, enaltece a importância da Draco para o Vale do Taquari. Segundo ele, haverá mais agilidade nas investigações e na solução dos crimes.
A Hora – Em que estágio está a instalação desta delegacia?
José Romaci Reis – Pelo próprio decreto do governo estadual, essa delegacia depende da disponibilidade de prédio, mobiliário, viaturas e, principalmente, de novos policiais que estão em treinamento. Então estamos negociando com o governo de Lajeado a cedência do prédio e do mobiliário. Ficaria a cargo do Estado a equipe de policiais e as viaturas. Em um primeiro momento, pedimos oito agentes e no mínimo quatro veículos.
Essa delegacia atenderia só Lajeado ou será de atuação regional?
Reis – Vai atender a área de abrangência do Vale do Taquari. Terá atuação nos 31 municípios que fazem parte da 19ª regional da Polícia Civil. Evidentemente não investigará todos os crimes.
Qual a importância de ter essa estrutura no Vale do Taquari?
Reis – Teremos equipes voltadas para investigações específicas. Não entram casos de estelionato, pequenos furtos, roubos simples sem lesão. Esses crimes ficam a cargo da distrital.
A Draco terá mais tempo e mais gente investigando crimes pontuais. Sem dúvida, vai interferir na agilidade do trabalho policial. Vamos solucionar mais casos ligados ao crime organizado. Por ser especializada, a tendência é que se investigue com mais precisão esses crimes além da lavagem de dinheiro. Aí entra a apuração sobre facções criminosas.
De que forma pode-se reduzir a força desses grupos?
Reis – A lavagem de dinheiro é um dos motes da investigação policial. Temos de coibir esse tipo de crime, pois só com a descapitalização dessas quadrilhas é que conseguiremos algum êxito. Do contrário, eles se reorganizam e mesmo que se prenda um ou outro, vão trazer mais gente e continuar atuando.
Outro movimento é chegar nos cabeças dessas organizações. Obviamente que para fazer isso é preciso ter uma investigação acerca do capital arrecadado por essas facções. Identificar o que eles conseguiram adquirir por meio dos crimes e aí temos como tirar deles. A partir disso, vamos quebrar com esta evolução do crime. Se esses mandantes já estiverem presos, temos de mandá-los para bem longe e isolar.
Qual a previsão para a instalação dessa delegacia?
Reis – Nossa estimativa é que esteja pronta até o fim de maio. Pois é o momento que os novos agentes saem da academia. Tendo o prédio pronto, é só o Estado enviar o efetivo. Isso tem que funcionar, do contrário, a Draco não será implantada.