Desafios na volta às aulas

Adaptação sem medo

Desafios na volta às aulas

Estudantes recomeçam o ano letivo ao longo desta semana. Momento de transição exige acompanhamento dos pais e atenção dos professores

Desafios na volta às aulas

Victor Mello Strümer, 7, teve ontem o primeiro dia de aula na nova escola. Aluno do 2º ano no Colégio Cenecista João Batista de Mello, em 2018 estudava em Venâncio Aires. “Ontem (domingo) à noite, ele estava nervoso”, conta o pai, o vendedor Ismael Ruschel Strümer, 36.
 
Entre a ansiedade por conhecer gente nova e o nervosismo em ser aceito pelos futuros colegas, a saída encontrada pelo pai foi de conversar bastante. “Desde o fim do ano passado, ele sabia que iria trocar de escola. Durante as férias, esteve tranquilo com essa mudança. Até estava animado em conhecer novos colegas. Esse nervosismo que percebemos é normal, pois se nós, adultos, ficamos inseguros quando trocamos de trabalho, imagina uma criança”, diz.
 
A partir dessa semana, os estudantes retomam o dia a dia nas escolas. Ontem, a maioria dos colégios da rede municipal e da rede privada iniciou o ano letivo. Assim como Victor, outros tantos se deparam com um ambiente novo.
 

Longe da família

 
Em Santa Rosa, João Pedro Kotowski, 14, ajudava nas tarefas de casa. Em meio às atividades com a família, se dedicava ao basquete. Neste ano, foi convidado a integrar o time do Colégio Evangélico Alberto Torres (CEAT). Apesar da tristeza de deixar a família para trás, não teve dúvidas, pegou a mala e se mudou para Lajeado.
 
“Em um primeiro momento, pensei que seria fácil. Quando chegou a hora de sair de casa, ficou complicado”. Tudo é novo para o jovem. Formou-se no Ensino Fundamental e agora começa o ciclo no Médio. “As responsabilidades cresceram”, diz.
Segundo ele, este é o momento de começar a pensar o que cursar na faculdade e se dedicar ainda mais aos estudos. “A escola é a minha prioridade, o esporte vem depois”, compreende.
 
Ontem foi o primeiro dia de aula no CEAT. Conhecia o alojamento do basquete. Isso facilitou a adaptação. “Meu pai disse para eu aproveitar, que isso é mérito do meu esforço. Quando eu precisar da família, eu sei que ela virá.”
 

Expectativa na volta

 
Diferente de Kotowski, Valentina Guaragni, 14, continua na mesma escola. Ela saiu do Ensino Fundamental e teve a primeira aula do Médio ontem no Colégio Cenecista João Batista de Mello. O dia foi de conhecer novos colegas e rever os amigos de outros anos. “A nossa rotina muda muito a partir de agora, com as aulas à tarde e a cobrança maior”, ressalta.
Para ela, será preciso mais esforço agora que chegou ao Ensino Médio. Os próximos três anos, diz, são de preparação para traçar os rumos da vida adulta, começando com a escolha da profissão.
 

Último ano

 
Este é o 3ª ano de Anderson Schneider, 17, no Ensino Médio do CEAT. Depois de passar pela mudança de rotina em relação ao Ensino Fundamental, ontem ele encarou o início de um novo desafio: o último ano na escola.
Ainda não escolheu o curso superior. Acredita que esse será o desafio para 2019. “É hora de assumir responsabilidades e saber lidar com as pressões do último ano”, frisa.
 
Além da escolha do curso e da preparação para o vestibular, Schneider também entende que é hora de aprender a conciliar o estudo com a vida fora da sala de aula.
 

Aumento de 174 matrículas

 
Mais de 21 mil alunos estão matriculados na rede estadual, conforme dados da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE). Das 88 escolas da rede estadual, 58 iniciam o ano letivo amanhã. As demais acompanham o calendário dos municípios. Em termos de docentes, são 1.675 professores estaduais em atuação.
 

“A participação da família é muito importante”

A responsável administrativa da 3ª CRE, Cássia Procat Benini, é professora de Matemática e pós-graduada em Orientação Educacional. Ela reforça a necessidade de a família participar da vida estudantil dos filhos e conversar sobre as mudanças nos ciclos educacionais.
A Hora – Como a família e a escola podem contribuir na adaptação dos jovens e das crianças?
Cássia Procat Benini – Os colégios estão preparados para recebê-los da melhor forma. O trabalho dos professores e das direções começou antes do ano letivo, justo para conseguirmos fazer esse processo com qualidade.
Também destaco a importância da família, principalmente nos anos iniciais, pois se tratam de crianças que saíram da creche e vão para uma escola maior.
Temos na nossa região algumas escolas que formaram equipes de recepção. São estudantes mais velhos, os chamados “alunos acolhedores”. Eles ajudam nisso para que haja menos impacto emocional às crianças.
A Hora – Quais as dificuldades dessa mudança na rotina para os jovens e as crianças?
Cássia – Na supervisão escolar, tentamos minimizar algum desconforto, inclusive com um acompanhamento junto aos Cipaves (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar) para coibir casos de bullying.
Para os adolescentes, vemos que é preciso uma vigilância maior. Isso se deve ao fato da mudança de turma. Sabemos que o grupo de amigos é fundamental para esse jovem. Quando troca de escola, há uma ruptura nessas relações.
A Hora – Qual o tempo médio para que a adaptação seja completa?
Cássia – Isso varia de acordo com o aluno. Não há como definir. Mas o importante é mantermos o diálogo aberto com a comunidade escolar.
 
 

FILIPE FALEIRO – filipe@jornalahora.inf.br
BIBIANA FALEIRO – bibiana@jornalahora.inf.br

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