A cantora Clary Costa, 64, decidiu trocar Porto Alegre por Estrela em busca de mais tranquilidade. Mãe do músico Yamandu Costa, se diz realizada com o trabalho e a família que a música lhe deu.
• Como começou sua relação com a música?
Vem de família, gaúchos de Tapejara. A mãe cantava em igreja católica, e o pai era acordeonista, contrabaixista e cantor. Fui criada só pela mãe, no interior. Aos 13 anos, conheci meu pai e ele me levou para a cidade. Comecei a cantar com ele nas rádios, nos CTGs. Aos 17 anos, conhecei o Algacir Costa e fundamos o grupo Os Fronteiriços, de Passo Fundo. Esse grupo durou 23 anos. Estivemos na Argentina, pela Europa. Era música gaúcha, de baile, e vocal, com músicas para festival – na época dos grandes festivais. Em 1990, encerramos o grupo. A gente se mudou para Porto Alegre e, em 1997, faleceu o diretor (Algacir), que também era meu marido. Parei de cantar por 15 anos. Fui estudar e me formei em Serviço Social, mas a música me chamava. Um dia eu estava em um vento e me convidaram para cantar. E eu vi que era aquilo que me faltava.
• Qual é o sentimento de ver o filho tendo tanto sucesso na área que uniu os pais?
É o de boca nas orelhas. O pai era um músico ferrenho, e queria isso. Os primeiros passos musicais ele aprendeu com o pai. Eu cantava e o Yamandu ficava em um pelego, atrás do palco. Digo que os meus filhos foram gerados no mundo e criados na estrada. Minha casa era um consulado de artistas. Basta dizer que o Lúcio Yanel, que foi a maior influência dele, veio na nossa casa.
• Por que se mudou para Estrela?
O Yamandu foi para SP com 19 anos e ficamos somente eu e o meu filho mais velho morando em Porto Alegre. Ele também é músico, toca violão muito bem, mas é especial. Aos 18 anos, teve esquizofrenia. Há uns três anos teve um tornado na Redenção e nosso apartamento foi atingido. Aquilo me desgostou por demais. O meu filho teve síndrome do pânico; a gente queria sair de Porto Alegre. Eu tenho um programa na rádio web Tertúlia, e uma ouvinte de Estrela quis me conhecer. Ficamos muito amigas e, vendo minha situação, me convidou para visitá-la aqui. Comecei a vir e gostei. Há pouco mais de um ano comprei um casa no Cristo Rei. O que eu procurava, encontrei: paz e qualidade de vida. E meu filho está muito feliz.
• Qual música você escolheria como trilha da sua trajetória?
Escolheria uma argentina. Gosto muito da Como La Cigarra: ‘tantas veces me mataron/ tantas veces me morí/ sin embargo estoy aquí/ resucitando…’. É muito linda.
GESIELE LORDES – gesiele@jornalahora.inf.br