O “Velho Florestal”

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

O “Velho Florestal”

A mudança de endereço do Clube Esportivo Lajeadense, em 2012, afastou torcida e jogadores. A decisão de trocar uma área nobre no coração do Florestal por um terreno pouco nobre e afastado de todos foi danosa. A agremiação perdeu a identidade local. Não que seja essa a principal causa do assustador déficit financeiro. Mas vai dificultar, e muito, a necessária recuperação.
 
Assim como qualquer lajeadense de raiz, sou torcedor do Alviazul desde guri. Torço e sempre torci pela dignidade do nosso clube. Mas é difícil acreditar na recuperação financeira, tanto pelo cenário local como pelo cenário nacional dos clubes de menor expressão. E a distância entre a equipe e sua torcida se torna cada vez mais, um agravante difícil de driblar.
 
Tudo ficaria mais fácil se a imponente Arena estivesse erguida, hoje, no lugar do “Velho Florestal”. Mesmo que não tenha sido lá a origem do clube, e mesmo com os importantes títulos conquistados no novo e bonito estádio construído no Bairro Floresta, foi lá, no “Velho Florestal”, que o clube fincou raiz.
 
É impossível cruzar pelas ruas Flores da Cunha e Clélia Jaeger Betti sem lembrar os memoráveis jogos disputados na velha cancha. Particularmente, tenho orgulho de compartilhar lembranças vividas ao lado do meu falecido avô, Vigore Martini, um dos mais fanáticos torcedores do Alviazul que conheci.
 
Meu avô ajudou a plantar o primeiro gramado do “Velho Florestal”, segundo reza a lenda. No antigo Hotel Martini – hoje Hotel Mariani –, reunia atletas e comissão técnica em dias de comemorações. Nos dias de calor, ele caminhava até a chácara, em São Bento, e voltava com sacos e sacos de laranja para abastecer jogadores durante o intervalo com um suco natural de lamber os beiços.
 
Foi com ele que aprendi a amar o Alviazul. No glorioso início dos anos 90, eu morava ao lado do estádio, no Edifício Canela. O vô sempre passava para me buscar em dias de jogos, já carregando meu primo Pablo em um dos braços. Íamos caminhando. Pensando na partida e nos pastéis de carne. Era época dos atacantes, Gelson, Leco e Everton. Do volante, Ênio. Do lateral, Paulão. E do meia-atacante, Vandeco. Que timaço!
 
No velho concreto do Florestal eu ofendi Renato Portaluppi – que os Deuses me perdoem. Vi Ronaldinho Gaúcho, em início de carreira, marcar um dos gols mais antológicos da carreira. Mais tarde, como jornalista formado, entrevistei um nervoso D´Alessandro reclamando do chuveiro frio do vestiário colorado após um amargo – para ele – empate.
 
Também vivi muitos momentos embriagados junto da torcida organizada Chapa Quente, principalmente após o renascimento do Alviazul, em 2008. Vivi e reverenciei o “Velho Florestal”. E é relembrando de tudo isso que espero, um dia, sentir essa mesma sinergia na nova, mas ainda fria e distante Arena Alviazul.
 

“Drible” na Oposição

 
Se o MDB pode se vangloriar da eleição de Neca Dalmoro para o comando da câmara, a Situação pode se vangloriar, por ora, do “drible” aplicado na “ferrenha” Oposição. A manobra com a Chapa 1 para fazer das comissões do Legislativo lajeadense um reduto do governo deu certo. Por ora, reforço. A presidente chamou Extraordinária para amanhã. Com isso, situacionistas temem que algum integrante da chapa antecipe, por forças ocultas ou financeiras, uma ida ao litoral.
 

Importância da Oposição

Com a maior bancada na câmara de Lajeado, o MDB não quer ficar de fora das comissões. Seria bom contar com o partido se a sigla não impor uma “oposição ferrenha”, que pouco ajuda e só atrapalha. Oposição é sempre importante para avaliar melhor os serviços públicos e propor melhorias. No caso do transporte público, por exemplo, já estão editadas 20 emendas ao Projeto de Lei original, encaminhado no apagar das luzes de 2018 pelo Executivo.
 

Tiro Curto

 
– Em Encantado, a nova secretária de Educação, Greicy Weschenfelder, do MDB, busca retomar as aulas de língua italiana no ensino municipal. A proposta será levada ao prefeito, Adroaldo Conzatti, que é um conhecedor do idioma;
-Ainda em Encantado, a presença da nova secretária na primeira sessão legislativa de 2019 causou certo desconforto entre membros da bancada de situação. No momento, aliás, há uma grande dúvida entre quem é da base do governo e quem é oposição;
– A justiça mandou e o governo de Lajeado precisa contratar empresa em caráter de urgência para transporte – de casa até a Apae – de uma criança cadeirante de seis anos, diagnosticada com Hidrocefalia;
– No fim da tarde desta quinta-feira, o Partido dos Trabalhadores (PT) de Lajeado celebra 39 anos. A festa é no Salão da Comunidade Nossa Senhora do Caravaggio, no bairro Planalto;
– Em Estrela, a base que elegeu por duas vezes o atual prefeito está desmoronando. Pelo cenário atual, há três vias dentro de um mesmo governo para concorrer em 2020: Elmar Schneider, Valmor Griebeler e Pedro Barth;
– Em Muçum, o MP apura possível descarte irregular de esgoto cloacal na rodovia ERS-129, no km 85;
– A primeira etapa do Campeonato Gaúcho de Voo Livre de 2019 ocorreria nos picos de Encantado e Roca Sales na semana passada, mas foi suspensa por razões da natureza. Com isso, a etapa agendada para o Vale do Taquari foi transferida para dezembro.

“Misturo poesia com cachaça
e acabo discutindo futebol.
Vinicius de Moraes

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