Marlisa Margarida Lenz descobriu em 2013 que estava com câncer de mama. Passou por quimioterapia e radioterapia em mais de cinco anos de tratamento. Empregada doméstica aposentada, ela entrou para a Liga Feminina de Combate ao Câncer para ajudar e receber ajuda. Em janeiro, aos 60 anos, recebeu alta. Ontem, no Dia Nacional do Câncer ela conversou com a reportagem do A Hora.
• Quando você descobriu que tinha câncer?
Foi em 2013, fiz uma mamografia e apareceu um nódulo grande, de quase cinco centímetros. Foi um impacto, uma paulada no meio da testa. Eu chorei uma noite inteira, de molhar um lençol, foi um desespero. Mas a família é grande e me deu muito apoio, sempre dizendo que eu ia superar. Eu tinha um cabelo comprido, começou a cair, perdi apetite, mas é tudo coisa que a gente supera.
• De onde você tirava força nos momentos mais difíceis?
Ah, no meu filho. Eu queria ver ele crescer, estudar. Ele tinha 16 anos. A família é muito importante, meu marido também foi extraordinário. Foi difícil mas, se precisasse fazer tudo de novo, eu faria. Eu não desisto.
• Qual a importância de iniciativas de solidariedade como a liga?
Imagina tu poder ajudar uma pessoa. Tu faz um pano de prato e vende, ganha um dinheiro para comprar um suplemento. Quanta gente precisa daquele suplemento? Ontem mesmo eu estava em uma festa, vi uma mulher com um lenço na cabeça e fui falar com ela, dando força, dizendo que não pode deixar a peteca cair e que tem que fazer tudo o que o médico fala.
• Como você entrou na liga?
Quando eu ganhei a primeira bolacha eu nem sabia que existia a tal da liga. Eu tinha um pouco de vergonha de falar com as pessoas, por que eu estava sem cabelo. A gente se envolve tanto que chega um dia que não tem reunião fica faltando aquela conversa, aquela ajuda. Amanhã de manhã vou lá fazer bolacha. Nós estamos de férias, mas os doentes não esperam. Eu amo o grupo. Quando a gente se encontra é um abraço porque estamos aqui vivas.
• Depois do tratamento e da superação da doença, o que mudou na sua vida?
Minha vida mudou muito, tem coisas que eu não posso fazer. Mas eu estou sempre a mil. As coisas de amanhã que eu posso já faço hoje, estou sempre adiantando as tarefas. Eu agradeço todos os dias de manhã a Deus que eu estou viva. Foi difícil, mas eu vi que não é impossível.
MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br