A defesa de Carlos Alberto Weber Patussi encaminhou ontem um pedido de habeas corpus. Patussi está preso temporariamente, suspeito do homicídio de Jacir Potrich, gerente da agência do Sicredi em Anta Gorda. Vítima e suspeito eram vizinhos em um condomínio que construíram com mais um amigo.
Para o advogado de defesa, Paulo Olímpio Gomes de Souza, a prisão é desnecessária, pois o cliente tem residência fixa, atividade profissional conhecida e não estava atrapalhando as investigações. A defesa considera que a prisão temporária deveria ser de cinco dias. O prazo de 30 dias foi concedido em razão de se tratar de crime hediondo, homicídio com motivo fútil. Para a defesa, não há provas de que Potrich tenha sido assassinado.
“Nao sei se houve crime. Não posso falar em homicídio. Estamos diante de um caso de homicídio sem cadáver. Não há prova material do crime, é uma hipótese fantasiosa”, afirma o defensor.
Defesa contesta investigação
Souza rebate diversas afirmações feitas pelo delegado Guilherme Pacífico a partir da investigação. Para a Polícia Civil, as imagens do circuito interno do condomínio comprovam que houve o crime e que Patussi é o autor. As câmeras mostrariam o momento em que acusado e vítima se dirigem ao mesmo espaço, depois Patussi retorna com sinais de nervosismo e desloca o equipamento com uma vassoura. Na sequência ele é visto no telhado de casa.
A defesa sustenta que seu cliente sequer esteve com Potrich naquele dia. Em relação ao deslocamento das câmeras de segurança, o advogado afirma que Patussi estava limpando o poste onde fica o equipamento. Ele afirma ainda que o cliente subiu no telhado para inspecionar a pintura da chaminé da casa.
Hipóteses descartadas
No dia 23 de janeiro, a Polícia Civil realizou uma coletiva de imprensa na sede da câmara de vereadores de Anta Gorda. Na ocasião, Pacífico afirmou que, antes de pedir a prisão, investigou e descartou todas as hipóteses, como sequestro e suicídio. Foi investigada também uma ameaça de morte que havia sido feita por um cliente do banco a Potrich. Outra situação descartada pela polícia diz respeito a um processo trabalhista.
“Para a justiça ter concedido o pedido de prisão não foi pela palavra do delegado, foi pelo conteúdo probatório que nós apresentamos”, afirma o delegado.
A defesa discorda. “Houve um açodamento em desprezar todas hipóteses e fazer recair a suspeição sobre o Carlos. O sequestro do Jacir foi descartado sem maior exame”, afirma o advogado.
Desentendimento financeiro foi em 2009
O principal fato apontado como causador do desentendimento entre os vizinhos ocorreu em 2009. A agência do banco ficava em um imóvel pertencente ao suspeito, que teria se sentido traído pelo amigo. Para a Polícia, este foi o início do desentendimento entre os dois vizinhos. A defesa minimiza o atrito.
“Tiveram um desconforto, não mais que isso. Nunca uma inimizade capital que levasse a matar”, rebate o advogado. A defesa afirma que os desentendimentos se deram, pois um jardineiro contratado por Jacir Potrich teria reclamado dos cães de Carlos Patussi.
Depoimento da esposa
Em depoimento à polícia, a esposa de Patussi disse que não desconfiou do companheiro em nenhum momento, mesmo após a notícia do desaparecimento de Potrich. Ela minimizou o atrito entre os dois e afirmou que a mudança da agência não seria motivo para que o marido reagisse de forma violenta.
A mulher, que não teve o nome divulgado, afirmou que não percebeu nada suspeito no condomínio no dia do desaparecimento. Ela teria sido a última a chegar no local. Após o momento em que a polícia acredita que o crime tenha ocorrido, ela saiu para viajar e teria ido a Porto Alegre para um curso.
Relembre o caso
– Jacir Potrich desapareceu do condomínio onde morava no dia 13 de novembro, após retornar de uma pescaria. Imagens de câmera de segurança mostram ele saindo de casa, retornando sozinho, às 19h07, limpando e guardando os peixes na geladeira.
– A faca, a tesoura e a pia suja com as vísceras dos animais foram motivo de estranheza, já que ele era conhecido por ter um perfil organizado e asseado. O carro ficou na garagem com seus documentos dentro. Potrich desapareceu apenas com o celular, a chave de casa e a roupa do corpo.
– Em um primeiro momento, a principal hipótese investigada pela Polícia Civil, foi a de sequestro. A possibilidade ganhou força por se tratar de um gerente de banco. Porém, não foi feito nenhum contato para negociação de resgate.
– A família chegou a divulgar uma recompensa de R$ 50 mil por informações que ajudassem a localizá-lo. Os familiares receberam diversas ligações, mas nenhuma que levasse ao paradeiro.
– Em um segundo momento, a hipótese de homicídio se tornou a principal. O fato de as câmeras de vigilância do condomínio terem sido interrompidas apontou para o suspeito.
– No dia 23 de janeiro, Carlos Alberto Weber Patussi, amigo e vizinho da vítima, foi preso temporariamente e indiciado por homicídio com agravante de motivo fútil e ocultação de cadáver.
MATHEUS CHAPARINI – matheus@jornalahora.inf.br