Aos 128 anos, a maior cidade do Vale é desafiada pelas transformações globais e precisa dar um passo à frente
Esta semana, os lajeadenses foram surpreendidos pela notícia da Arábia Saudita que, repentinamente, descredenciou cinco frigoríficos brasileiros, dentre os quais, a BRF, de Lajeado.
Embora a empresa logo informou não haver reflexos na produção e no quadro funcional – pois o mercado interno absorverá a demanda -, a notícia mostra o quão frágil é nossa situação em determinadas circunstâncias. A vulnerabilidade começa na maior geradora de empregos e valor fiscal, e termina na menor empresa do comércio e varejo. Todos estamos desafiados pelas transformações globais e riscos constantes do mercado em mudança.
Lajeado e o Vale se orgulham de sua diversificação econômica. E tem razão de ser. Aqui temos um arranjo produtivo amplo e virtuoso. Mas ele não tem garantia de sustentabilidade, se permanecer nos moldes atuais.
A expressão “mexa-se antes que a água bata na bunda” é pontual para Lajeado e, de tabela, à região. Aos olhos do momento atual, estamos bem. Mas, se ficarmos parados, ficaremos para trás. E será rápido.
Na edição de hoje, o A Hora traz uma revista alusiva aos 128 anos. Foi além. Traz temas provocantes, oportunidades, expõe gargalos e desafios que batem à porta.
Nossos jornalistas entrevistaram diferentes atores sociais, econômicos e culturais, ouviram a população e, por meio de pesquisa, avalia o poder público e provoca a universidade, os empreendedores e, de certo modo, todos os lajeadenses sobre o seu futuro.
A revista Pensar Lajeado, encartada nesta edição, mostra que o tamanho das oportunidades não é maior que os desafios. Primeiramente, precisamos nos organizar em grupos pensantes e estratégicos para elevar a cidade a outro patamar. Isso implica em abrir mão de egos, vaidades e partidarismos. Temos de focar na Lajeado do futuro e esquecer – pelo menos por algum tempo – as intrigas e interesses pessoais ou políticos -, de modo que o Movimento por Lajeado possa ganhar fôlego e robustez.
O engavetamento do Lajeado Século 21 significou perdas incalculáveis. Estamos diante de nova oportunidade. Ao que tudo indica, desta vez há coesão: poder público – leia-se executivo e legislativo -, universidades e entidades representativas da sociedade estão conversando. É preciso mais.
Cada cidadão lajeadense deve despertar e encorajar um amigo ou conhecido para este “pacto” dar certo. Significa ampliar e democratizar o Movimento, de modo que a sociedade possa se apropriar e transformá-lo em uma ação coletiva.
Quem lê esta coluna é testemunha da insistência aqui empregada. O motivo é a convicção pessoal de que um futuro promissor para Lajeado e o Vale passa pela inovação empreendedora. Tal fenômeno já provou sua assertividade em centenas de cidades no Brasil e no mundo.
Nossa qualidade de vida, localização geográfica e cultura colaborativa são pontos favoráveis para ousarmos “fora da caixa”.
Porém, precisamos “popularizar” o Movimento por Lajeado. A Câmara de Vereadores, as associações de bairros, as escolas e a imprensa têm papel fundamental neste processo. É compromisso de todos os cidadãos que desejam permanecer nesta cidade. Ao executivo cabe facilitar e sistematizar o processo, junto com a universidade e os agentes representativos das entidades.
Os problemas sociais e a qualidade de vida são o pano de fundo desta iniciativa. Afinal, não existe qualidade de vida que dure para sempre em uma cidade que não estimula a inovação, geração de riqueza e renda para as pessoas. E não é só para os ricos ou pobres, é para todos.
A semente está lançada. Prefeitura de Lajeado, Univates e Acil tomaram a dianteira. É hora de todos se engajarem e pactuarem um compromisso pelo Movimento por Lajeado. Estou otimista.
Parabéns, e que honremos os 128 anos de história!
Trabalho reconhecido
De acordo com os dados do Banco Central, a Sicredi RS/MG, com sede em Lajeado detém cerca de 40% do mercado financeiro na sua área de atuação. Em nível de RS, o Sistema Sicredi alcança 12%, enquanto no país, todo sistema cooperativo de crédito chega a apenas 4%. O percentual da cooperativa local é algo surpreendente.
Na semana passada, durante inauguração da nova unidade no centro, a cooperativa Sicredi RS/MG anunciou um crescimento médio de 20% ao ano. O avanço para Minas Gerais corrobora e gera escala, objetiva diluir custos e solidificar a operação.
Sábio criador
Aos 50 anos, a Univates é desafiada pelas transformações e se prepara para avançar. O experimento do curso de EAD – Ensino à Distância dá sinais de acerto. Inclusive, todo conteúdo para os cursos é desenvolvido dentro de casa. A qualidade do material despertou outras universidades, que passaram a comprar conteúdo da Univates. Isso é singular.
A propósito, o desafio de conduzir a universidade nos próximos meses será de Carlos Cyrne, atual vice-reitor, que assume na ausência do reitor Ney Lazzari, de malas prontas para morar alguns meses na Europa, onde focará estudos na área de inovação.
Disputa nos bastidores
Velada, mas acirrada. A queda de braço para suceder o atual prefeito de Estrela, Rafael Mallmann, está apenas no início, mas já dá sinais de conflitos difíceis de administrar. Ainda que os atores políticos se esforcem para não expôr as feridas abertas, o clima já foi melhor os corredores das secretarias coordenadas por diferentes partidos.
Em Encantado, o clima também já mudou. O atual prefeito Adroaldo Conzatti (PSDB) terá 80 anos quando encerrar o mandato em 2020. Assessores próximos não descartam a reeleição do “velhinho” que, em matéria de saúde e energia, deixa muita gente para trás. Aguardemos.
Em Teutônia, o atual prefeito Jonas Brönstrup (PSDB) esboça intenção de concorrer à reeleição. Embora não assuma abertamente, o tucano retomou o controle político mesmo em meio aos problemas e denúncias.