Avançam as negociações para a transferência de cerca de dez famílias que residem na Vila dos Papeleiros. Em encontro ontem à tarde, foram definidas as próximas ações para viabilizar a saída dos moradores da área irregular, entre os bairros Moinhos e Montanha. Até o início de fevereiro, deve ficar pronto, o conjunto habitacional no Jardim do Cedro que abrigará os moradores.
A previsão foi afirmada pelo prefeito Marcelo Caumo, em reunião na prefeitura. Participaram o promotor de Justiça Sérgio Diefenbach, o advogado Marco Mejía, enquanto representação dos habitantes da Vila dos Papeleiros, e Fabian Trindade, integrante da comissão formada por moradores do Jardim do Cedro para acompanhar as negociações.
Conforme o chefe do Executivo, a reunião foi feita para compartilhar as informações acerca do processo de transferência com todas as partes interessadas. Como Caumo entra hoje em período de férias e Diefenbach retorna ao trabalho nos próximos dias, o encontro foi importante para alinhar “a ordem cronológica” para solucionar umas das situações mais urgentes da cidade.
Segundo o prefeito, assim que as residências estiverem concluídas, as famílias serão realocadas, Apenas depois da transferência, serão feitas novas reuniões para buscar um consenso sobre a criação de um galpão de reciclagem para a principal atividade econômica dos integrantes da vila.
Prometida para o fim de dezembro, a transferência precisou ser postergada diante da reação de moradores do Jardim do Cedro contrários à chegada dos papeleiros. Após uma série de reuniões mediadas pelo Ministério Público, houve aceitação relativa à transferência, mas perdura o impasse quanto ao local do centro de triagem de lixo, que é rejeitado por parte da comunidade do Cedro. “Depois de fazer a mudança dos papeleiros, vamos reunir todos novamente para discutir o assunto do pavilhão”, frisa Caumo.
“Cinturão da miséria”
Atuando de forma voluntária, para representar os interesses dos papeleiros, Mejía afirma que o fundamental, neste momento, é viabilizar o quanto antes a retirada das famílias do local onde estão instaladas de forma precária. “Quanto maior a demora, pior ficará a situação. Lá é o cinturão da miséria de Lajeado. As pessoas vivem em meio ao chorume”, assevera.
O advogado frisa que é necessário garantir primeiro, melhores condições de moradia ao grupo para posteriormente, efetuar novas rodadas de diálogo sobre o local do pavilhão.
Impasse quanto ao galpão
Membro da comissão de moradores do Jardim do Cedro, Trindade afirma que a resistência inicial quanto à chegada dos papeleiros foi manifestada por uma minoria que não compreendia a proporção do problema social a ser resolvido. “Em princípio, ninguém mais se opôs. Isso já foi resolvido”, declara. A comunidade, porém, pede que o galpão de triagem seja construído em outra localidade.
Busca de consenso
“O que estamos acompanhando é um processo muito complexo e ao mesmo tempo bonito, porque são as forças das próprias comunidades mobilizadas para representar os seus interesses”, avalia Diefenbach.
Conforme o promotor, o andamento da transferência não está rápido como se esperava, visto que o Executivo não conseguiu cumprir a entrega das casas no tempo prometido devido aos interesses manifestados pelos moradores do Jardim do Cedro. “O conflito que surgiu neste meio tempo, parece já estar curado na medida em que houve a compreensão sobre as necessidades de cada um”, analisa.
De acordo com Diefenbach, a reunião estabeleceu “três passos” para solucionar o problema. O primeiro será a conclusão das casas, seguido da transferência. “O terceiro passo será a definição do local do pavilhão de modo a manter o acordo firmado, mas sem prejudicar a comunidade onde será instalado. Esse é o passo mais instável até o momento.
ALEXANDRE MIORIM – alexandre@jornalahora.inf.br