Quem não deve não teme

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Quem não deve não teme

Prefeitos do Vale ficaram incomodados com a matéria sobre diárias em 2018. Inexplicável tal reação. Quem não deve não teme. A reportagem com base em dados públicos dos sites das prefeituras se trata de um mero trabalho jornalístico de quem tem o dever de informar a população. Monitorar os gastos com o dinheiro do contribuinte é premissa de um veículo de comunicação. E cabe a eles, os pagadores de impostos, decidirem na hora do voto se tais viagens foram de fato necessárias.
 
Não houve qualquer acusação de ilicitude ou algo do gênero na matéria. Simplesmente divulgamos um dado que é público. Cabe ao eleitor e contribuinte avaliar, no dia a dia, se os benefícios supostamente gerados por tais viagens estão de acordo com os gastos. Mas, se a divulgação dos dados públicos causou mal estar em alguns prefeitos, é sinal de que algo não está correto. Afinal, quem não deve não teme, reforço.
 
E de fato, há vários fatores incorretos nestes gastos anuais com diárias. Não só no Executivo. Mas também no Legislativo, no Judiciário, no Tribunal de Contas, nas autarquias. E por aí vai. Fiquemos com o caso dos prefeitos.
O chefe do Executivo de Imigrante, Celso Kaplan (PP), deu a letra: “É muita humilhação viajar até Brasília para barganhar recursos”. E foi além: “Eles liberam os recursos para os currais eleitorais”. É exatamente isso. A falta de vontade por parte de alguns parlamentares para debater um novo pacto federativo que garanta maior autonomia aos estados e municípios no gerenciamento dos próprios recursos alimenta essa “humilhação”. E poucos lutam contra.
 
Nosso atual pacto federativo produz uma distorção entre os entes federados. A União assume o papel de ser o principal arrecadador de impostos, e também de distribuir esses recursos, fiscalizar e ainda executar uma boa fatia do orçamento. Contraria, assim, a lógica da prudência, onde quem fiscaliza não deve executar. A distorção é maior em relação à distribuição. A maior cota fica com a própria União, que deveria apenas arrecadar, distribuir, fiscalizar e punir os entes em casos de irregularidades.
 
Não dá mais para centralizar tudo em Brasília. É este o fato. Claro e cristalino. As obscuras negociatas entre parlamentares e agentes manobristas de currais eleitorais precisa acabar. Quanto maior o caminho percorrido pelo nosso suado dinheiro, maiores são as chances e oportunidades de corrompê-lo. Maiores são as oportunidades de barganha, e, maiores são as humilhações a que prefeitos e vereadores estão expostos.
 
Mas este é apenas um lado da moeda. Há erros em outros pontos nesta roda de diárias.
Como quase tudo na vida, há casos e casos. Há, por exemplo, casos de prefeitos e vereadores que gostam de viajar à Brasília. E são vários os motivos. Cada qual com o seu e ninguém está aqui para impedi-los. Espero, tão somente, que eles economizem no momento de viajar com o dinheiro do contribuinte. Se possível, que utilizem do próprio salário para tal. Sem lucros. É assim em países mais desenvolvidos do que o nosso. Qual o problema em seguir bons exemplos?
 
Se não for possível chegar a tanto, poderiam aplicar novos modelos de custear as despesas com deslocamentos. Algo simples. Justo. E ético. Como por exemplo, receber de volta só o que efetivamente gastar. Que tal?
 

McDonald’s é um ótimo sinal

 
A rede mundial de fast-food não costuma se instalar em municípios com menos de 100 mil habitantes. Se efetivada a escolha por Lajeado, assim como no possível caso da Havan, fica claro que empresários do grande centro do país olham com atenção para o desenvolvimento do principal polo de comércio do Vale do Taquari. É um bom sinal, com absoluta certeza. Geração de emprego e renda é uma das hélices fundamentais para a qualidade de vida de toda uma região. Além disto, apenas o interesse dessas marcas já são vitrines para a atração de muitos outros empreendimentos.
 

Honestidade necessária

 
Norberto Fell (PPS) deu um baita exemplo de honestidade nesta semana. E estávamos carentes disto na região. Ele recebeu a notícia de que havia sido escolhido “Vereador destaque na cidade de Estrela”, prêmio concedido pela “Distribuidora de Títulos”, com sede no Paraná, que teria realizado pesquisa no município. Entretanto, para receber tal distinção, Fell precisaria depositar R$ 300 na conta da empresa paranaense. O parlamentar tornou pública, nas redes sociais, a tentativa de negociata.  E comprova, para o bem da boa política, que nem todos são iguais!
 

Tiro Curto

 
– A Univates celebra hoje os 50 anos do Ensino Superior no Vale do Taquari. Uma das maiores conquistas da nossa história. Afinal, o que seria da nossa região sem a nossa universidade?
– Lajeado iniciou o prolongamento da rua Capitão Leopoldo Heineck, criando novas alternativas para se chegar até a orla do Taquari, e para entrar e sair da cidade. É um grande projeto para o futuro;
– Por pouco a vereadora Mariela Portz (PSDB) não assumiu cargo de diretora na Corsan. Como foi candidata à assembleia em 2018, ficou impedida de assumir a função, que poderia garantir maior atenção ao Vale do Taquari por parte da autarquia;
– Em Arroio do Meio, mais de 40 proprietários de embarcações precisam utilizar marinas e rampas em outros municípios, como Lajeado, Estrela e Cruzeiro do Sul;
– Já em Encantado, segue forte a mobilização para tentar judicializar a abertura das cancelas do pedágio da EGR, como forma de pressionar por efetivas obras;
– O novo decreto sobre o armamento é fogo de palha. Deve mudar pouco na ordem do dia da população. E Jair Bolsonaro, no fundo, sabe disto. Entretanto, como um “bom” populista mal assessorado, o presidente queimou uma agenda dos fiéis eleitores logo na largada. Vai fazer falta lá na frente. Aguardem.
 
Boa quinta-feira a todos!
 

“Escândalo é a fofoca
tornada tediosa pela moralidade.”
Oscar Wilde

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