O rombo do dinheiro fácil envolvendo criptomoedas é estimado em bilhões de dólares no planeta, mas a moeda digital não para de se alastrar
À medida que os reguladores globais se apressam para instituir marcos legais e assim reduzir a quantidade de fraudes que existem no setor de criptomoedas, a onda de prisões não para de crescer no Brasil e no mundo. Diariamente, novos milionários são interceptados pela polícia, acusados de montar esquemas de pirâmides nos diferentes recantos do planeta.
Japão, China, EUA, Brasil e dezenas de outras nações são alvo de operações ilícitas. São bilhões de dólares injetados por investidores que, desavisados, embarcam na promessa do dinheiro fácil com juros que podem render até 70% ao mês.
A história é sempre a mesma: os donos das pirâmides atraem pelo alto lucro e, à medida que vão criando confiança entre os “investidores”, estimulam que esses ampliem suas apostas até acontecer o calote. Depois, as ações judiciais, na maioria dos casos, têm efeito zero.
Quem ainda não ouviu falar em OniCoin, Bitcoin, blockchain, trade e dezenas de outros nomes esquisitos é bom se acostumar. O tema domina os bastidores do mercado financeiro e não tem fronteiras. Permeia o setor de esportes, o ramo financeiro e aos poucos se alastra entre os empreendedores.
O Brasil tem projetos que estão na vanguarda da utilização da tecnologia blockchain, desenvolvidos pelo BNDES e Febraban. Contudo, os esquemas fraudulentos astronômicos que se utilizam da tecnologia para enganar pessoas no Brasil e fora dele, se multiplicam e vitimizam sem piedade.
Ainda assim, as oportunidades de novos negócios criadas pelo ecossistema das criptomoedas têm mudado a visão de investidores e empreendedores. Muitos deixam seus empregos em importantes empresas – como XP Investimentos, por exemplo – para desenvolverem empreendimentos próprios com a tecnologia emergente.
Os bancos, via de regra, são avessos e não reconhecem a procedência ou sustentabilidade da inovação, até por que sofrem uma espécie de concorrência. Os serviços, ao contrário do executado pelos bancos, costumam não cobrar tarifa e por isso são mais sedutores.
Quem não gosta de dinheiro fácil? No Rio Grande do Sul, já operam várias empresas com a inovação tecnológica. Na região, empresários têm experimentado diferentes ofertas no mundo financeiro digital. Entre as mais difundidas, está uma empresa de Novo Hamburgo, cuja atividade econômica é intermediar e agenciar serviços e negócios em geral, exceto imobiliários. A empresa se alastra e chega perto da casa de 1 bilhão de dólares captados em poucos meses no país.
As reações existem em toda a parte. Nesta semana, o empresário Roberto Lucchese, da empresa Lyall de Lajeado, postou vídeo na internet, questionando a generosa oferta de 15% de lucratividade mensal. “Em 4 anos e dois meses, 10 mil reais viram 10 milhões. Isso é insustentável”, alertou o construtor.
Os bancos evitam falar do assunto, mas a recomendação é não arriscar além daquilo que se pode perder. Esta semana, um diretor de uma instituição bancária confidenciou que estão havendo apostas nesse tipo de investimento. “Eu não colocaria nenhum real. Acho muito arriscado, ponderou. Mas tem gente fazendo.”
Certo ou errado, fato é que uma avalanche de novidades e quebra de paradigmas estão em curso e podem mudar o ciclo financeiro no país e no mundo. Na especulação financeira – como sempre mostrou a história – , alguém ganha para outro perder.
O resumo da ópera é simples: por mais disruptivo e inovador que possa ser o momento da economia financeira, nunca é demais lembrar que lucro alto costuma representar risco alto. Aí depende de quanto cada um pode ou está disposto a arriscar…
Marketing Multinível (MMN) também desperta no Brasil
Outro assunto que ganha a atenção dos brasileiros é a rede de Marketing Multinível. Assim como as criptomoedas, a MMN tem dois lados. Consolidada nos EUA e em vários países desenvolvidos, a modalidade de marketing em grande escala arregimenta uma legião de adeptos. Só nos Estados Unidos, o MMN é responsável por mais de 25% do PIB.
Igualmente, é preciso cautela e muita informação para não se atirar em qualquer oportunidade que aparece. Fundamental é investigar a história e quem são os donos da companhia.
A mais tradicional empresa desse segmento é a Amway – um tanto desacreditada no Brasil –, a maior de todas no mundo. Hinode, Mary Kay, Natura e dezenas de outras marcas se valem do sistema multinível para escalar a venda de seus produtos. E são empresas multimilionárias.
Recentemente, surgiram empresas novas no segmento. Elas não exigem a compra de produtos, mas criam uma rede de empresas e consumidores que se mantém pelo consumo do cotidiano. As empresas parceiras abrem mão de uma parcela do lucro em troca de clientes fiéis.
Na região, prospera a empresa Fidelidade Remunerada, fundada na cidade de Capão da Canoa. Regulamentada e com 100% das suas operações expostas à Receita Federal, ela consiste na formação de redes de consumo, por meio de empresas, franqueados e entidades sociais. Outras surgirão.
Embora mais de 60% dos americanos pratiquem algum marketing multinível na hora do consumo, no Brasil esse percentual não passa de 5%, e responde por apenas 3% do PIB. Existem excelentes oportunidades e falcatruas na mesma intensidade.
O segredo é não embarcar em qualquer coisa que pareça fácil demais. Ainda que existam formas muito rápidas para ganhar dinheiro, o MMN feito com seriedade exige dedicação e muito trabalho. Nada vem por acaso. Quem promete dinheiro fácil está tentando enganar alguém.
Informação e desconfiança, nesses casos, são as melhores armas para evitar surpresas desagradáveis e prejuízo no bolso e na reputação.
Como planejar 2019
A transformação da economia e da forma de fazer negócios desafia a todos. O próximo workshop Negócios em Pauta trará esta provocação para saber como se planejar para o presente ano em meio a tantas mudanças. Os empresários Ito Lanius, Albino Betiolo e Camile Bertolini serão sabatinados pelo público e o mediador Thiago Maurique, jornalista do Grupo A Hora. Será no dia 23 de janeiro, às 19h30min, no Estrela Palace Hotel.
Pesquisa sobre empreendedorismo
Um dos levantamentos que enriquecerá a revista Pensar Lajeado trará a tendência do empresariado lajeadense. O grau de compreensão e interesse na inovação e empreendedorismo. Uma pesquisa também traz uma avaliação sobre o governo municipal. A revista circula no dia 26, dentro do jornal, em primeira mão aos assinantes.