A certificação de 13 produtores de orgânicos em Santa Clara do Sul é uma conquista importante para a agricultura familiar do Vale do Taquari. O projeto implantado pelo município faz cerca de dois anos começa a dar resultados. A certificação garante aos produtores um selo de qualidade e representa diferencial relevante nas prateleiras do mercado.
O sistema de cultivo sem agrotóxicos avança pelo mundo e começa a ganhar força no Brasil. Na Europa, a opção por esses produtos alcança quase a totalidade dos mercados. Segundo estatísticas, o consumo de alimentos orgânicos movimenta por ano mais de 28 bilhões de euros. Desse total, 70% das compras se dividem entre Alemanha, Itália, França e Reino Unido. As estatísticas mostram que esse tipo de mercado quadruplicou em 15 anos.
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Com a procura crescente por esse tipo de produto, os agricultores do Vale têm uma oportunidade de renda. Junto com esse posicionamento no mercado, o cultivo também traz consigo uma mudança cultural. Neste momento em que os recursos naturais são impactados pela ação do homem, produzir alimentos de maneira sustentável significa agir em favor da preservação da natureza e da vida. A população do Vale do Taquari carrega no DNA a aptidão para produzir alimentos. Avançar no cultivo de orgânicos surge como um diferencial.
Em meio à realidade nacional, com o uso excessivo de defensivos agrícolas, corre-se o risco de a contaminação atingir a água, o solo e também as pessoas. Os resíduos nos alimentos podem provocar alergias, doenças respiratórias, distúrbios hormonais, problemas neurológicos e até câncer.
Conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o uso dos agrotóxicos nas lavouras do país é alarmante. A média é de cinco litros por pessoa a cada ano. O maior índice em todo o mundo. Desde 2008, o país ocupa o primeiro lugar nesse ranking. Enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial desse setor cresceu 93%, no Brasil, esse crescimento foi de 190%, de acordo com dados divulgados pela Anvisa. Essa aplicação excessiva, de acordo com o Dossiê Abrasco, contamina 70% dos alimentos in natura consumidos no país. Quebrar com esse ciclo representa garantir mais saúde aos agricultores, aos consumidores, além de preservar a natureza.
