O futuro do Shopping Lajeado segue indefinido. Após o anúncio da compra do centro comercial pela RB Capital, de São Paulo, em leilão realizado em novembro, a 1ª Vara Cível da comarca local determinou a suspensão da homologação da venda. O mérito do processo ainda não foi julgado.
A decisão teve como base ação movida pela empresa responsável pela administração judicial da massa falida da Maganize Incorporações, pertencente ao M.Grupo, antigo proprietário do shopping, que está em processo de falência. A empresa vencedora do leilão está entre os mais de cem credores do grupo e teria usado o crédito ainda a receber para fazer a arrematação.
Na avaliação da Medeiros & Medeiros Administração Judicial, que realizou o pedido de impugnação, a arrematação contraria a determinação do juízo falimentar. De acordo com a decisão, todos os bens e direitos das 104 empresas do M. Grupo e dos seus sócios e controladores estão indisponíveis.
“Além disso, poderia gerar um benefício à RB Capital, em detrimento de centenas de outros credores, especialmente aqueles que adquiriram unidades imobiliárias e não tiverem seu bem imóvel concluído ou entregue pelo M.Grupo, no caso de procedência da Ação de Extensão dos Efeitos da Falência”, aponta o advogado João Medeiros.
Única participante do leilão, a RB Capital ofereceu o lance mínimo de cerca de R$ 22,6 milhões – correspondentes a 50% do valor da avaliação – para arrematar 70% do shopping.
Relembre
O M.Grupo surgiu no estado em 2008. Tinha como objetivos construir shoppings, hotéis, prédios residenciais e comerciais, incluindo o maior do RS, com 42 andares de escritórios, em negócios que poderiam resultar em até R$ 1 bilhão em investimentos. Teve a falência decretada em 2018, deixando de entregar imóveis a pelo menos 400 clientes e muitas dívidas.
Junto à BR-386, o Shopping Lajeado é o único do Vale do Taquari. Com o nome inicial de UnicShopping, foi construído em 1994, com mais de 120 lojas e supermercado. O complexo foi adquirido pelo M. Grupo em 2012, com financiamento da própria RB Capital.
Desde 2015, o grupo apresentava problemas financeiros. Por exemplo, por falta de pagamento à RGE Energia, o empreendimento teve a energia elétrica cortada durante quase três dias. Em fevereiro, a Justiça tirou do M.Grupo o comando do shopping.
O pedido de penhora do shopping na Justiça ocorreu em fevereiro de 2017, após o M.Grupo negar, por diversas vezes, a possibilidade de leiloar o prédio. A credora, a empresa RD Capital Securitizadora, solicitou na Justiça a venda de parte do empreendimento por meio de leilão.
Alexandre Miorim – alexandre@jornalahora.inf.br
