Pobreza assentada

Editorial

Pobreza assentada

Projetos habitacionais populares no país costumam aglutinar problemas sociais. Por vezes, ampliam os bolsões de pobreza e assentam a criminalidade em bairros afastados do centro, onde há histórico de carência e falta de assistência pública. Em Lajeado, um drama social…

Projetos habitacionais populares no país costumam aglutinar problemas sociais. Por vezes, ampliam os bolsões de pobreza e assentam a criminalidade em bairros afastados do centro, onde há histórico de carência e falta de assistência pública.
Em Lajeado, um drama social se acentua no Santo Antônio. O bairro é o mais marginalizado e carente da história da cidade. Nos últimos anos, ganhou acréscimos decorrentes a erros dos entes públicos. O principal deles foi a construção do condomínio Novo Tempo, o que aglomerou milhares de famílias de baixa renda.
É louvável oferecer moradia para tantas pessoas que nunca tiveram uma casa própria. Ainda assim, se trata de um espaço pequeno, com pouca presença do poder público no entorno.
Passados pouco mais de dois anos, as ocorrências policiais, inclusive com casos de homicídios, são recorrentes. O que para as famílias era para ser um novo tempo se transformou em dor de cabeça e problemas. Ainda no início do ano passado, reportagem já mostrava os dramas das famílias que vivem no espaço, já dominado e ocupado por facções criminosas. [bloco 1]
Ao lado do Novo Tempo, uma vila clandestina não representa um problema social menor. Como mostrou reportagem do A Hora desse fim de semana, já são mais de 500 moradores em área irregular. O município acena com a intenção de construir mais um complexo habitacional para famílias carentes. A ideia será fazer na mesma área para onde serão realocados os moradores da Vila dos Papeleiros. A decisão resolve um problema. Mas cria outro.
Lajeado decidiu assentar a pobreza no mesmo espaço e insiste num modelo que fracassou mundo afora. Sem o convívio com classes distintas, moradores perdem a chance de dividir experiências e de conhecer outros modelos e visões de vida. Quanto mais próximo de áreas onde há criminalidade e tráfico de drogas, mais chance de envolvimento, em especial, entre os adolescentes.
Uma das possibilidades seria distribuir pequenos conjuntos habitacionais em diferentes bairros da cidade. A partir desse convívio, cria-se um ambiente diverso, favorável à evolução das famílias menos favorecidas.
 

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