Bolsonaro reacende a esperança de um novo Brasil, mas cai em clichês, igual a Lula, quando chegou ao poder
A posse do capitão da reserva como presidente do Brasil renova a esperança de milhões de brasileiros. O otimismo não é diferente de 2002, quando
Lula chegou ao poder. Na época, uma enorme parcela da população depositou no metalúrgico simples uma nova era de governabilidade. Seu partido quis transformá-lo em “mártir”. Não fosse a Lava Jato desbaratar a farsa, ele seguiria no topo da idolatria, e não atrás das grades.
Antes de chegar ao poder, Lula também foi classificado como “perigoso, louco, revolucionário”, dentre outros tantos adjetivos que sucumbiram com o tempo. A imprensa foi a primeira a ceder aos encantos do “homem humilde e defensor da justiça”, que se apresentava como arauto da honestidade.
O PT gozava de prestígio popular e aproveitou o “cochilo ou embriaguez” do povo para aparelhar a máquina pública, as instituições estratégicas e, sorrateiramente, minar a classe mais humilde com a falsa ilusão de que Lula era o “salvador dos pobres”. O fim de tamanha fraude e astúcia se deu na carceragem prisional de Curitiba.
Por mais que o efeito recente da eleição ainda empolgue os admiradores de Bolsonaro, o comportamento do ex-militar pode ser percebido com características e intenções semelhantes das de Lula. Ainda que o roteiro ou o enredo sejam diferentes, a caricatura de “homem simples, humilde e honesto” foi exaltada no dia da posse, pelo próprio e seus escudeiros.
Desde a caneta Bic e a calculadora no braço – arregaçava o casaco para mostrá-la – ao discurso populista, Bolsonaro repetiu o líder petista. A quebra de protocolo da primeira dama, Michele, reforçou a mesma necessidade que o PT também tinha em afirmar que era diferente.
Populismo, promessa de combate à corrupção e trabalho em favor dos injustiçados são características comuns entre Bolsonaro e Lula. O que muda são os adjetivos: os “neoliberais ou o nós e eles” foram trocados pelos “socialistas e inimigos da nação”.
Até aqui, nenhuma novidade aconteceu de fato. Apenas discursos e promessas de mudanças. A retórica mais coerente, na minha opinião, vem do general Augusto Heleno. Em entrevista à Globo News – quarta-feira à noite –, ele deixou sem perguntas os seis jornalistas que o sabatinaram. Com muita elegância e discrição, recomendou que os “arautos dos jornalismo” visitem as aldeias indígenas e conheçam a verdade sobre esta etnia. “Tem índio morrendo de fome, por inanição”, enquanto a Funai se prende aos aspectos ideológicos e burocráticos.
Afinal, o que esperar de Bolsonaro no poder?
Estamos diante de uma nova oportunidade. Assim como Lula prometeu, Bolsonaro promete. Os partidos de ambos – PT e PSL – têm comportamentos semelhantes ao quererem “varrer” quem pensa diferente.
Pessoalmente, penso que a diferença estará nos militares. Que ironia. Acusados e tachados de antidemocráticos, os militares inspiram, neste momento, a segurança maior na democracia e no cumprimento da Constituição.
Talvez o período democrático tenha nos ensinado que direitos em demasia e deveres em falta são o oposto do totalitarismo. Hoje, milhares morrem por causa da violência, o senso de impunidade impera e a corrupção se alastrou em todas as instâncias deste país. Não precisamos de ditadura, precisamos de ordem, disciplina e seriedade.
Parar de discutir ideologias e encarar os fatos com soluções plausíveis e concretas. Sérgio Moro e Paulo Guedes dão sinais de estarem neste caminho. Ao mesmo tempo, alguns ministros escolhidos por Bolsonaro nem começaram e já se perderam em meio às manifestações polêmicas e sem sentido. A bizarrice da ministra dos Direitos Humanos dando declarações idiotas é um exemplo, só para citar um.
Penso que podemos esperar tudo do governo Bolsonaro. Desde o sucesso econômico e o combate à corrupção, ao desastre e retrocesso que algumas figuras ideológicas tentarão emplacar nos ministérios.
Se a economia for bem e a corrupção não andar à solta, já me darei por satisfeito. E se o corporativismo das instituições for enfrentado e corrigido, a máquina pública diminuída e desburocratizada, e o empreendedorismo incentivado, então voltarei a acreditar no Brasil como uma grande nação.
Segura essa, gaúcho!
Eduardo Leite (PSDB) assumiu sem surpresas. Estado endividado e um primeiro escalão sem grandes revelações. A acomodação de vários atores conhecidos da política é um aceno aos partidos para assegurar maioria na Assembleia, e assim aprovar as reformas que o próprio PSDB votou contra no Governo Sartori. Enfim, apenas expectativas.
Fato mais concreto e positivo até aqui é o discurso otimista e equilibrado de Leite. Na prática, os gaúchos ainda aguardam o que o novo governador fará para acabar com o déficit fiscal e o sangramento de uma máquina pública pesada, onde 11 milhões de gaúchos trabalham para pagar o salário de um milhão de funcionários públicos e aposentados.
Estatais sem sentido, órgãos e coordenadorias sucateadas e lotadas de apadrinhados políticos, corroem o dinheiro público, historicamente.
Espero que Leite avance no combate ao corporativismo e restabeleça um salário digno – e em dia – aos profissionais essenciais que atuam no funcionalismo gaúcho. Este será o maior desafio.
Vigor, convicção e resiliência – apesar da idade – parecem não faltar ao jovem governador. Mas quero ver isso traduzido na prática, sem se perder nas entranhas dos interesses partidários e de grupos organizados.
Devedores diminuem
O comércio de Lajeado começa o ano com queda na inadimplência. Do início de dezembro até agora, a redução foi de quase 6% entre os 13,3 mil que tinham alguma restrição no SCPC. No contexto geral da população – 58 mil CPFs –, a inadimplência caiu de 24% para 22,6%. O índice de queda segue tendência estadual.
O clima de otimismo em relação ao novo governo também reaqueceu o movimento na reta final do ano. Os lojistas registraram vendas acima da média neste período, em grande parte motivado pela retomada do clima de confiança.
No auge virada
Durante festa de Reveillon, o empresário Luciano Hang da Havan reafirmou que pode instalar unidade em Lajeado. A coluna já havia adiantado em edições anteriores que o local preferido era em frente à Vidraçaria Lajeadense, o que de fato deverá se confirmar.
A afirmação de Hang foi gravada no celular por um lajeadense que participou da festa da virada, na casa do empresário, em Santa Catarina, quando fez discurso emocionado e otimista em relação aos investimentos no Rio Grande do Sul.