Natural de Venâncio Aires, Tais Ruver, 23, sempre praticou esportes e viu no trabalho como árbitra assistente uma maneira de estar nos gramados. Formou-se no curso da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) em 2015.
• O esporte sempre esteve presente na sua vida?
A minha histórias nos gramados começou cedo. Aos 5 anos de idade, meu pai me levava para ver ele jogar. Através dele a paixão pelo esporte iniciou. Na escola, sempre gostei do futebol de campo. Com o passar do tempo, comecei a me apaixonar pelo futsal, foi quando comecei a jogar campeonatos, chegando até a treinar com o time feminino da Assoeva, mas como não tinha idade, não consegui jogar o Estadual.
• E a arbitragem, como você iniciou?
Não esperava que estaria nos gramados sendo árbitra assistente. Isso surgiu do meu primo Daniel Soder, que me perguntou se não tinha interesse em fazer o curso na Federação Gaúcha de Futebol, nem que depois não seguisse na área, até porque seria algo que poderia usar como horas complementares na faculdade. O curso ocorreu entre abril e outubro de 2015. Quando comecei no curso, iniciei também nos campeonatos amadores dos vales do Taquari e Rio Pardo, onde estou até hoje.
• Já se sentiu discriminada alguma vez?
Hoje acredito que esteja um pouco diferente do que era no passado, mas a gente ainda sofre preconceito. Quando menos espera, te dizem que o nosso lugar é em casa, lavando louça, limpando a casa, na lavanderia, fora outros palavrões que citam nos gramados. Porém sou uma pessoa que não dou bola para esse tipo de coisa, só fico tentando imaginar se a pessoa sabe bem o que está falando, ainda mais quando tem uma criança do lado assistindo. Estamos aqui para fazer o nosso trabalho bem-feito, vai ter erros, vai, mas isso é natural. Vamos estar ali para fazer o máximo para não errar, porém, eles são passíveis.
• E a relação com os jogadores, como é?
Os próprios jogadores te olham atravessado, ainda mais quando é um árbitro um arbitro assistente e uma árbitra assistente, só quem está ali sabe o que sente, é difícil explicar, não dá para só criticar, tem o lado bom, tem o torcedor, jogador que te apoia, ajuda, conversa contigo, agradece. Tem lugares onde somos muito bem recebidos, não dá para levar só para o lado negativo também.
EZEQUIEL NEITZKE – ezequiel@jornalahora.inf.br