Um crucifixo sem a imagem de Jesus Cristo foi o que restou do túmulo de João Wilibaldo Käfer. A lápide foi uma das mais de 30 que tiveram crucifixos e letreiros furtados no cemitério da comunidade católica São Vito, na Linha Novo Paraíso.
À direita de quem entra, próximo à igreja, poucos jazigos ainda têm cruz. O coordenador da comunidade São Vito, Tarcísio Sulzbach, o “Wick”, conta que em mais de 50 anos morando próximo ao cemitério não recorda de nenhum episódio como esse. “É revoltante. É uma frustração para a comunidade. Tem túmulos bem simplezinhos, de gente humilde, e foram lá tirar a cruz. Não respeitaram ninguém”, diz.
Após ser avisado dos furtos por um vizinho, nessa quarta-feira, Wick decidiu registrar ocorrência. Ao chegar à delegacia, soube que outros dois cemitérios do município também foram roubados nos últimos dias.
No cemitério evangélico de Novo Paraíso, também foram levadas algumas peças metálicas. O local fica a menos de um quilômetro do cemitério da comunidade São Vito, também em Novo Paraíso. Nesse caso, entretanto, não foi registrada ocorrência policial.
Furtos no Alto da Bronze
No cemitério católico de Estrela, localizado na rua Padre Anchieta, no bairro Alto da Bronze, também foram registrados furtos. O zelador constatou que pelo menos 30 peças desaparecidas.
Polícia não tem suspeitos
A Polícia Civil analisa imagens de câmeras de segurança, mas ainda não tem suspeitos. O delegado José Romaci Reis acredita que seja um mesmo grupo que faça os furtos em diversos municípios da região. “Enquanto não os pegarmos em flagrante, eles não vão parar”, afirma.
Em agosto, um homem foi preso em flagrante em Encantado com cerca de 300 quilos de materiais do cemitério. Ele já havia sido detido anteriormente pelo mesmo crime. De acordo com Reis, o homem foi solto no dia seguinte.
“Acredito que eles roubam para revender. Em Pouso Novo, localizamos em um endereço de um homem que fazia lápides vários itens furtados do cemitério local”, afirma Reis, que não descarta que as peças tenham sido vendidas como sucata e derretidas.
Casos assustam comunidade
Na localidade de Linha Novo Paraíso, ocorrências policiais são raridade. Por isso, os furtos no cemitério surpreendem Wick.
Desacostumado com crimes no local, nos últimos meses, ele tem pelo menos três para relatar. O necrotério, junto ao cemitério, foi invadido há algumas semanas. Não foram roubados materiais de grande valor.
Em 31 de outubro, a comunidade presenciou um crime de maior vulto. Criminosos entraram no ginásio da comunidade e renderam um grupo de pessoas que confraternizava em um churrasco após uma partida de vôlei. As vítimas tiveram dinheiro, celulares e outros pertences roubados.
Os bandidos fugiram em um veículo HB20 branco roubado de uma das vítimas. Depois de três dias, o carro foi localizado queimado com dois corpos carbonizados dentro.
Matheus Chaparini – matheus@jornalahora.inf.br