“Foi a Shiva que nos escolheu”

Em busca de um lar

“Foi a Shiva que nos escolheu”

Há dois anos e meio, a cachorra passou a fazer parte da família Azevedo e virou o xodó das crianças. Adoções aumentaram em 2018

“Foi a Shiva que nos escolheu”

Viviane de Azevedo não tinha a intenção de ter um cão em casa. As filhas pequenas pediam, mas a mãe queria esperar elas crescerem um pouco e adquirirem mais responsabilidade. “Para as gurias entrarem nesta ideia de que não é só um bichinho fofo em uma loja”, explica.
Ela fazia doações eventuais de ração à Apama, mas nunca havia conhecido a responsável pelo local. Em uma das visitas, Ana Rita Azambuja apareceu. E junto veio Shiva, que gostou das crianças.
Quando a família foi embora, a cadela fugiu por cima da cerca e correu atrás do carro. Em um primeiro momento, Viviane conseguiu conter a vontade das crianças. Quando o marido voltou de viagem, ouviu a história e lamentou: “Podia ter trazido a cachorrinha”. Foram três votos contra um.

A última fuga

Dois dias depois, Viviane voltou ao canil, mas Shiva não estava. Em uma de suas fugas, a cadela furou o olho esquerdo no arame farpado da cerca. Após visitar a clínica onde o animal estava sendo tratado, fez a adoção. Foi a última fuga.
“A Shiva que nos escolheu, não fui eu, nem as meninas. Ela veio atrás, quis vir com a gente”, conta.
Em junho de 2016, Shiva ganhou uma família, casa com pátio amplo e uma poltrona particular. Passou a fazer parte da família e não tentou mais fugir. Ganhou também alguns quilos e destruiu mais de dez pares de calçado, mas contou com a compreensão da família. “Eu nunca quero deixar ela”, sentencia a pequena Gabriela, de 7 anos.

100 Kg de ração por dia

No canil onde Shiva viveu antes de ser adotada, mais de 200 animais esperam por um lar. Eles foram resgatados da rua ou de locais onde sofriam maus-tratos e encaminhados para a ONG Amando Protegendo e Ajudando Muito os Animais (Apama).
Há cinco anos, Ana Rita Azambuja transformou seu terreno, no bairro Conventos, em um grande condomínio canino, quase um bairro. O local tem licença para 300 animais, porém, o limite é medido mais pelo custo. “A gente gostaria de fazer muito mais, mas esbarramos muito na questão financeira.”
Todos os dias, são cem quilos de ração, totalizando três toneladas mensais, compradas diretamente do fornecedor. Fora o consumo mensal, a dívida com ração está estimada em mais R$ 20 mil.
Os animais resgatados são castrados, tratados contra vermes e colocados para adoção. De acordo com a ONG, o custo desse processo varia entre R$ 300 para machos e R$ 600 para fêmeas.
Além da presidente, outras quatro pessoas atuam na ONG de forma voluntária. Quando são realizados eventos para arrecadar fundos, outro voluntários se unem ao grupo.

Doações aumentam 29%

O canil municipal registrou aumento nas adoções em 2018 em relação ao ano anterior. O número subiu de cem animais encaminhados em 2017, para 129 em 2018. Um aumento de 29%.
A quantidade de recolhimentos de animais em situação de rua reduziu 35%, passando de 232 para 149.
O canil é administrado pelo Centro de Controle de Zoonoses e Vetores (CCVZ) da Secretaria do Meio Ambiente (Sema). O objetivo é zelar pelo bem-estar dos animais, promovendo políticas de controle populacional, identificação, vacinação, desverminação e posse responsável.

Ana Rita é presidente da Apama, onde mais de 200 cães aguardam adoção

Ana Rita é presidente da Apama, onde mais de 200 cães aguardam adoção


O canil tem capacidade para abrigar até cem animais, mas hoje conta com 112 cães. Lá, são realizados procedimentos de castração, chipagem e atendimento aos cães de famílias carentes, que comprovam baixa renda.
O período de férias é quando são contabilizados mais abandonos. Muitas famílias viajam e, não tendo como levar os animais, deixam na rua. Neste início de ano, a Apama não resgatou nenhum animal. A ONG também registrou aumento nas adoções. Nas últimas duas semanas, foram 12 animais encaminhados. Outras cinco estão agendadas.

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