Muita estrela e pouca constelação

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Muita estrela e pouca constelação

Não será a primeira e tampouco a última. Já utilizei esse mesmo título para artigo sobre cargos comissionados nas mais diversas esferas do poder público. Nada muda. Só piora. A cada vasculhada nos sites de transparência dos governos, das câmaras legislativas e do Judiciário e lá está a desgraça. É inaceitável um estado quebrado como o nosso gastar tanto com tão pouca produtividade. Há muito o que cortar. E a hora é esta.
O excesso de cargos de confiança reduz o desempenho da administração pública, abre espaço para a ineficiência e a corrupção e contribui para o aparelhamento do Estado com os mais diversos partidos e agentes públicos. Isso não é novidade alguma, infelizmente. A missão de Jair Bolsonaro no governo federal e Eduardo Leite aqui no estado é justamente enfrentar o óbvio e cortar na carne. Na unha, se for preciso. E eu pago para ver.
Na edição de hoje do A Hora, matéria sobre alguns cargos pouco conhecidos entre os moradores do Vale do Taquari nos leva a algumas reflexões. São os denominados “coordenadores regionais”. Alguns ainda são necessários, me parece, mesmo com o avanço da tecnologia que, hoje, aproxima o governo do Estado de qualquer região mais longínqua. Mas qual será a real importância de manter tantos coordenadores?
A resposta veio com um dos próprios entrevistados. O coordenador de Desenvolvimento chama a atenção pelo excesso de honestidade em suas declarações. Clama pela extinção do próprio cargo e de todos os demais. Percebe a inutilidade do mesmo diante da situação caótica do estado. Por mês, recebe pouco mais de R$ 3,4 mil. E admite a impossibilidade de contribuir, a partir daquela função, para o nosso desenvolvimento.
Muitos podem pensar – e com certa razão – que ele não deveria ter aceitado tal função, principalmente diante da autocrítica. É um pensamento justo, mas incompleto. Eu não quero entrar nesse mérito. Prefiro avaliar, por ora, o ato sublime de honestidade, que pode ser exaltado por quem acredita na importância do Estado para a nossa qualidade de vida. É preciso ecoar essa manifestação. Nos três cantos do Brasil.
Ele não é o único “coordenador regional” no Rio Grande do Sul. Longe disso. São centenas. Há outras dezenas de “conselheiros” espalhados pelas estatais quebradas financeiramente e tão importantes em outrora para o nosso hoje desfalecido Estado, inchado com outros tantos CCs. E nesse monte poucos têm a coragem de assumir, publicamente, a inocuidade do próprio cargo como fez o nobre entrevistado.
Para dar uma ideia do tamanho dessa encrenca, basta comparar a nossa pátria com pátrias mais desenvolvidas. O Brasil, somente com o Executivo federal, conta com mais de 22 mil funcionários em cargos comissionados, contra, aproximadamente, quatro mil na mesma situação nos Estados Unidos, 300 no Reino Unido e 500 na Alemanha e na França. É mole?
É muita estrela para pouca constelação. É muito chefe para pouco índio. É muito dinheiro para quem convive com tanta insegurança, com essa baixa qualidade na saúde pública e com uma educação pífia. É uma vergonha!
 


 

Furtos na Polar

Nesta semana, moradores de Estrela flagraram o furto de telhas e outros materiais de dentro do histórico complexo da antiga Cervejaria Polar. Há fotos, inclusive. Isso é apenas mais uma demonstração do tamanho do desprezo do poder público municipal e, agora, do Estado, para com aquele patrimônio histórico e cultural da cidade e do Vale do Taquari. Não há o que não haja. Incêndios, furtos e agora a proximidade com a demolição avalizada pelos poderes Executivo e Judiciário. É uma desgraça completa.


 
 

Politicamente correto

A posse de Jair Bolsonaro foi politicamente correta. Um negro para traduzir o discurso inicial para a linguagem de libras, a esposa falando antes dele no momento crucial do evento, e uma manifestação cheia de clichês: “igualdades”, “luta contra a corrupção” e etc. Tudo meticulosamente calculado para garantir a necessária empatia de todos com o presidente. Jair só foi Jair no fim. Por coincidência, foi justamente nesse trecho de maior obscurantismo que a massa ensandecida se manifestou aos gritos de “Mito”. Foi quando ele prometeu nos livrar do “socialismo”.
 


 

Tiro Curto

– Em Arroio do Meio, a Casa Paroquial completou cem anos em dezembro passado e comemora, além da histórica data, uma importante reforma interna. Parabéns aos envolvidos;
– Já em Estrela, a fábrica de maionese do Carmelito, já construída e equipada, aguarda liberação da Vigilância Sanitária local para iniciar a produção e venda do produto;
– Também em Estrela, Elmar Schneider e Joel Mallmann disputam a atenção dos eleitores nos principais eventos da cidade. Afinal, 2020 é logo ali;
– Na principal cidade do Vale do Taquari, Marcelo Caumo já avisou e registrou em cartório que não concorre à reeleição. Glaucia Schumacher pode ser o nome do PP. Pela frente, pode enfrentar o MDB com candidato próprio. Carlos Ranzi e Márcia Scherer fazem a disputa interna. Pelo PT, Sérgio Kniphoff é o nome forte do partido;
– O gerente do Sicredi de Anta Gorda, Jacir Potrich, segue desaparecido;
– Apesar dos pesares, em 2018 o número de mortes no trecho da PRF no Vale do Taquari foi o menor desde 2010. É um alento. Mas as condições ainda assustam.
Boa quinta-feira e um ótimo 2019 a todos!

“Em todas as coisas, foge do excesso.”

Baltasar Gracián y Morales

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