A eleição de Neca Dalmoro (PDT) para presidente da câmara repercutiu de forma negativa dentro do PP, em função do voto do progressista Lorival Silveira, que apoiou a vereadora em detrimento à chapa concorrente, liderada pelo colega de sigla, Waldir Gisch (PP). Mesmo assim, o agora ex-secretário de Habitação, Trabalho e Assistência Social (Sthas) deve permanecer filiado ao partido.
Quem garante a permanência de Silveira é a própria presidente do PP, Eliana Heberle. Segundo ela, a direção do partido não teve participação no pleito do Legislativo. “Não temos este hábito de conduzir as coisas dentro da câmara. Era uma decisão pessoal dele. Conversamos por horas sobre o tema. Mas ele continua no partido. Está conosco”, atesta.
Foi a segunda vez que Silveira votou contra o colega de partido. Em 2016, Gisch era o concorrente do representante do MDB, Waldir Blau, e também não contou com o apoio do progressista no momento da votação. “Eu não entendo ele. Sempre teve prestígio, mas vem tomando posições isoladas. Esquecendo pessoas que sempre estiveram ao lado dele, e que sempre o ajudaram”, desabafa Gisch.
Para ele, Silveira não tinha motivos para votar contra o próprio partido, e teria errado ao pedir exoneração, horas antes do pleito, do cargo de secretário da Sthas. Com a saída, ele assumiu o lugar do suplente, Mozart Lopes (PP). “Deixou o prefeito empenhado. Será que o prefeito poderá contar com ele no plenário. Muitas pessoas estão tristes com a posição dele. O prefeito fica em uma situação muito delicada. Serão dois anos muito complicados”, acrescenta.
Retorno à Sthas ainda é dúvida
O prefeito Marcelo Caumo está de férias no litoral. Gláucia Schumacher está à frente do Executivo. Diante disso, a possível volta de Silveira à Sthas é dada como incerta pelos líderes progressistas. “A questão sobre a secretaria é com o prefeito Marcelo”, resume Eliana. Caumo atendeu a reportagem. “Silveira me passou que tinha um compromisso e por isso resolveu participar da eleição da mesa diretora. Havia um acerto sobre a presidência. Falei para ele: cumpre o teu compromisso. E foi ele quem pediu exoneração. A princípio, não deve voltar. Ao menos neste período de férias”, garante o prefeito.
“Cumpri o que havia acordado”
Silveira defende a atitude e também garante a permanência no PP. “Há muita fofoca sobre minha saída. Mas essa informação nunca saiu da minha boca”, reforça. No plenário, as informações extraoficiais davam conta de uma possível ida dele para o MDB. Ele nega. “Estou com o PP”, reitera.
Sobre a polêmica votação que resultou na derrota do candidato progressista, Silveira garante ter cumprido acordo firmado com o próprio PP, ainda em 2016. “Eu pedi a exoneração do cargo de secretário para votar e cumprir o que eu havia acordado com o partido, com o diretório e com o prefeito. Agora, alguns queriam que eu não cumprisse com minha palavra”, reclama.
Segundo ele, o acordo foi selado entre representantes do MDB, PSDB e PP. “Decidimos que o MDB teria a presidência em 2017, o PSDB em 2018, novamente o MDB em 2019, e o PP em 2020. Mas o quadro mudou no ano passado, quando a representante do PSDB, Mariela Portz, decidiu concorrer à deputada estadual. Com isso, o novo acordo era eleger alguém de outro partido. Por isso votei na Neca. Eu nem sabia da chapa liderada pelo Gisch. Me falaram isso só na quinta-feira.”
Por fim, Silveira deixa em aberto a situação dele na Sthas. “Me exonerei. A princípio fico na câmara”, ressalta. Com isso, o Executivo deve escolher um novo líder de governo no plenário. Antes da exoneração, assinada em 27 de dezembro passado, o posto era ocupado pelo suplente progressista Mozart Lopes.