O barulho da pancada atraiu os vizinhos para a rua. Um automóvel Ford Fiesta estava parado na sinaleira da rua Dom Pedro II, aguardando para cruzar a avenida Alberto Pasqualini, quando foi atingido na traseira por uma carreta desgovernada, sem freio.
“Foi cena de filme”, comentou assustado o motorista do guincho que foi chamado ao local. “O cara nasceu de novo. Foi um milagre, podia ter pegado mais gente”, completou o morador Fabiano Giovanella.
Com a pancada, o veículo cruzou as duas pistas da avenida, passou por cima do canteiro e da calçada, derrubou a cerca e capotou dentro do terreno, que fica junto ao Xis Picanha.
O acidente foi junto a uma faixa de segurança, mas não havia pedestres atravessando no momento. Outro veículo, uma Saveiro, também foi atingido, mas sem gravidade.
“Pensei que o caminhão ia me esmagar”
Depois de rodar mais de 700 mil quilômetros com o Fiesta Branco ano 1996, o mecânico automotivo Astor Schneider nunca pensou que sofreria seu acidente mais sério a menos de mil metros do portão de casa. Na tarde de ontem, ele saiu de casa, na avenida dos Quinze, para ir ao banco pagar a taxa de licenciamento do seu xodó.
No caminho, passou pelo caminhão parado aparentando problemas mecânicos. “Quando deu a paulada, eu pensei na hora: foi aquele caminhão”, conta. Com o choque, Astor ficou tonto e só recobrou a consciência com o carro subindo a calçada. Só deu tempo de se segurar no volante e esperar o carro descer o muro. O medo, neste momento, era que o caminhão viesse logo atrás.
“Pensei que o caminhão ia me esmagar”. Algumas horas depois do acidente, restavam apenas dores nos braços e pernas. Nada grave, nenhum osso quebrado. Schneider reconhece que a motorista da carreta não teve culpa e até elogia a forma como reagiu diante da situação. “Ela salvou a minha vida, fez tudo o que pôde. Ela foi braço, essa mulher. Depois que entrou em pânico, ainda fez o que precisava fazer.”
O caminhão tinha seguro e deve cobrir o prejuízo. Do Fiesta, não deve sobrar grande coisa. Mas para Schneider o resultado foi lucro. “Estou bem, estou vivo. Tenho que estar contente.”
“Vi ele capotando”
Eliane Sgari estava dentro da cantina quando ouviu o estrondo da batida. Proprietária do estabelecimento localizado na esquina, ela correu para socorrer o ferido.
“Eu vi ele capotando. Foi como se estivesse descendo uma escada. Desceu, capotou e parou de cabeça para baixo. Nós buscamos ele, colocamos na sombra e ligamos para a polícia.”
Schneider saiu sozinho pela janela do motorista. No chão, não ficou marca de freada, apenas os estilhaços de vidro do Fiesta. O acidente aconteceu às 14h. Câmeras de um estabelecimento próximo ao local captaram as imagens. O caminhão bate em cheio no outro veículo e segue até parar na avenida, junto à rua General Mallet, a cerca de 40 m do local da colisão.
Em razão do acidente, a av. Senador Alberto Pasqualini teve uma faixa bloqueada durante a tarde.
A ocorrência foi registrada na DPPA de Lajeado. De acordo com a Polícia Civil, a vítima foi encaminhada à UPA. O caminhão não estava carregado. A motorista afirmou que o veículo perdeu o freio.
