Dos locais favoritos na cidade, Paulo Sérgio, 65, visita com frequência a Floricultura Central. Em meio aos ramalhetes de rosas vermelhas, sonha com o amor da mulher que tanto busca.
“Tenho um lema: floresça onde plantou. Assim que encontrar meu par, vou dar o devido valor. Mas espero receber o mesmo”, diz.
Viúvo faz oito meses, o aposentado Paulo Sérgio assume estar se sentindo muito sozinho e precisando de carinho.“Sou carente, não tenho porque esconder isso”, afirma.
A última namorada com quem conviveu por oito anos morreu em abril em decorrência de um câncer. Casualmente, ou como dizia Nelson Rodrigues, que “Deus está nas coincidências”, conhecera a mulher depois de anunciar a busca por um amor em um jornal.
“Passamos 6 anos em lua-de-mel. Na cama, na praia, na praça, no parque. Eu era apaixonado por ela”, relembra com os olhos marejados de lágrimas. “Mas a vida segue e o meu tempo está passando”, completa.
Antes disso, no currículo amoroso, Paulo Sérgio foi casado por 36 anos. Conheceu sua primeira mulher num baile em São Caetano, em Arroio de Meio. Da relação, teve três filhos e cinco netos. Há dez anos, ela decidiu romper a relação.
“No início não aceitei. Mas depois que assinei os papéis, vi que era o melhor caminho. Ela se arrependeu uma semana depois, mas já era tarde demais.”
Hoje, embora separados, eles mantêm uma boa relação de amizade e respeito mútuo.
Por dois longos anos, o aposentado ficou sozinho, convivendo com a dor de perder um amor de quase quatro décadas. “Passei momentos difíceis, mas são coisas que fazem parte da vida de um homem. Aguentei.”
Primeiro anúncio
Assim que recompôs os fragmentos do coração partido pela ex-mulher, Paulo Rogério decidiu que precisava de um novo relacionamento. Em um jornal, há oito anos, anunciou a procura por um amor. Segundo ele, conheceu mais de 20 mulheres naquele ano. Seu romantismo cruzou pelo destino de estrelenses, bom-retirenses, lajeadenses e arroio-meenses.
“Até que me apaixonei pela minha falecida namorada. O amor é assim mesmo. É necessário que os dois amem. Não adianta só o homem ou a mulher serem apaixonados, é preciso reciprocidade.”
Palavra amor
Culto e adepto da literatura shakespeariano, para Paulo Sérgio a palavra “amor” é autoexplicativa.
“Sou um homem romântico. Acredito no amor. Não só no amor por uma mulher, mas no amor de pai ou por um amigo. Aqueles que amam podem contar comigo 24h por dia”, garante.
Independente de sua futura namorada ser loira, ruiva, negra, japonesa ou morena, o que almeja é uma mulher “realista”.
“Nós homens temos como característica a objetividade. As mulheres, a subjetividade. Não busco uma modelo ou uma atriz. Quero uma esposa que seja realista, independente e madura.”
Bailarinas, não
Um dos requisitos para conquistar o amor de Paulo Sérgio é que a mulher não seja boa de dança e tampouco frequentadora de bailes.
“Sou ruim de dança. Se um homem for bandido ou marginal e souber dançar, ela vai querer dançar com ele a noite toda, porque uma mulher que vai para o baile e sabe dançar vai com esse objetivo”, sustenta.
Além disso, o romântico Paulo Sérgio não quer mais perder tempo em bailes e festa. Prefere passar uma noite no sofá vendo televisão ou ainda um fim de semana em sua casa na praia em Torres.
“Tenho uma casinha simples no litoral, mas suficiente para passar um veraneio a dois.”
Em seguida, na lista de quesitos para conquista, a mulher precisa ser desapegada do mundo virtual.
“Teve uma que eu estava me relacionando que vivia grudada no notebook. Um dia a empregada dela me alertou que ela tinha 88 amigos no Facebook e já tinha saído com metade deles. Larguei de mão.”
Relacionamento sério
Em suma, ele busca por uma relação séria, em que a sinergia do casal chegue a um consenso em comum: o amor.
“Hoje as pessoas só querem saber de pegar e largar. Não quero corrigir ninguém. Não sou dono da verdade, mas sou dono de mim. Para mim relações assim não servem. Quero uma relação de respeito.”
Interessadas devem enviar seus dados e intenções para Paulo Sério pela caixa postal 33 dos Correios em Lajeado.
Última declaração
Três dias antes da namorada morrer em abril, Paulo Sérgio a surpreendeu com um cartão romântico.
“Hoje não é Natal, nem Páscoa, nem o Dia das Mães e nem o dia do teu aniversário. Não penso em ti e não gosto de ti apenas nas datas especiais. Te amo todos os dias”, escreveu na declaração.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br
