Foi com muito “gusto” que percorri três grandes nações europeias para tentar transmitir aos leitores do Anuário TUDO um pouco do desenvolvimento e da segurança do Velho Continente. Alemanha, Itália e Portugal, juntos, apresentam números ínfimos se comparados aos índices brasileiros de mortes no trânsito. E ao transitar pela nossa BR-386 é muito fácil perceber por qual razão estamos tão atrasados.
Nosso Estado é um Estado assassino. Sem papas na língua. É isso. É assassino. E é doloroso perceber o quão longe estamos de solucionar esse grave problema.
Faz algumas poucas semanas, a vida de uma família inteira acabou em um piscar de olhos. Mãe, pai e filho morreram carbonizados. A filha pequena escapou das chamas. Mas não fugiu da morte. Arremessada junto com a cadeirinha devido à força do impacto, morreu a poucos metros do carro dos pais. Em meio ao mato que margeia a rodovia.
O triste acidente aconteceu um pouco antes da ponte sobre o Rio Caí. Aquela maldita ponte na divisa entre Nova Santa Rita e Montenegro. Maldita.
Lembro quando fiz matéria sobre a interdição daquela ponte. Foi em outubro de 2016. Isso mesmo. Há dois longos anos. Lá se vão mais de 700 dias de espera para os milhares de motoristas que transitam todo o santo dia pelo perigoso trecho no quilômetro 427 da rodovia federal. Tempo suficiente para matar ou ferir muitos brasileiros e brasileiras. Adultos e crianças. Pequenas crianças…
No nosso subdesenvolvido Brasil, quase 50 mil pessoas morreram em acidentes de trânsito em 2017. De janeiro a junho deste ano, os acidentes de trânsito provocaram 19,3 mil mortes e mais de 20 mil casos de invalidez permanente no país. Os dados foram divulgados pelo Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES), órgão da Escola Nacional de Seguros.
As principais vítimas são homens de 18 a 65 anos e motociclistas. Eu sei e todos sabem que há muita imprudência envolvida nesse montante de corpos. Mas eu sei e todos sabem que boa parte desses acidentes poderiam ser evitados se nós estivéssemos sendo brindados com boas estradas. Mas não somos. Definitivamente, não somos.
Em Portugal, por exemplo, morreram pouco mais de 500 pessoas no trânsito em 2017. Percebem? 50 mil no Brasil contra 500 em Portugal. Mesmo com a considerável diferença de tamanho entre os dois territórios, os números são vergonhosos para nós, brasileiros. Mas, se quiserem uma comparação mais justa, citamos então a Alemanha, onde pouco mais de três mil mortes foram registradas em estradas e rodovias.
Ontem passei novamente pelo trecho. Voltava do litoral. O sentido capital-interior estava relativamente tranquilo, afora o perigoso afunilamento metros antes da maldita ponte que, finalmente, está em obras. Do outro lado, o retrato do caos. Um tenebroso engarrafamento já superava a marca de oito quilômetros. Trancando nosso progresso. Impedindo ainda mais o nosso desenvolvimento.
Nosso Estado, da forma como anda a carruagem, é assassino. Ele assassina vidas, negócios e a paciência do pagador de impostos. E é difícil, muito difícil, imaginar uma solução logo ali adiante. Muito menos para este 2019 que está por vir.
Sandri em Brasília
O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura (Sedetag) de Lajeado, Douglas Sandri, transita em Brasília. O jovem político, acompanhado do deputado federal mais votado do estado, Marcel Van Hatten (Novo), participou de reuniões no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do governo de transição, e conversou com o futuro ministro dos Transportes sobre o contrato da concessão da BR-386, que poderá ser assinado aqui mesmo, em Lajeado.
Parque do Imigrante
É excelente a atitude dos estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Univates ao apresentarem novas e inovadoras ideias para o Parque do Imigrante, em Lajeado. A instalação de uma incubadora no amplo espaço localizado no bairro Alto do Parque, e muito próximo ao Parque Histórico, me parece salutar. Aliás, a união de ambos parques é “para ontem”. Assim como a recuperação e utilização das casas históricas por novas empresas e startups.
Tiro curto
– Hoje pela manhã, ocorre a última reunião das comissões da câmara de Lajeado em 2018. Natanael dos Santos, procurador jurídico da prefeitura, é o convidado da vez. Eles vão tratar sobre o projeto de lei que antecede a aguardada licitação para o transporte público;
– Também na câmara de Lajeado, Neca Dalmoro (PDT) deve ser anunciada a nova presidente do Legislativo na sessão de hoje. Isso se não houver nova reviravolta entre os articuladores;
– Em Estrela, a falta de apoio para o serviço de transporte dos alunos da Apae gera muitas críticas. E essas críticas aumentaram e muito após vereadores aprovarem aumento dos próprios salários, e ainda dos vencimentos mensais do prefeito, vice e secretário;
– O delegado de Arroio do Meio, Juliano Stobbe, tem se incomodado bastante com notícias falsas naquele município e nas redondezas. A última dessas dava conta de um suposto abusador de crianças em Capitão. O caso chegou até a chefia da Polícia Civil, em Porto Alegre, e nunca passou de um mero boato;
– Em Progresso, tem diversos amigos de Cesare Battisti preocupados com o novo sumiço do italiano condenado à prisão perpétua na Itália. Ele esteve na cidade pela última vez em junho de 2012, para uma tradicional festa da família Battisti;
Bom fim de ano para todos, e um ótimo 2019!
“O Estado deve fazer o que é útil. O indivíduo deve fazer o que é belo.”
Oscar Wilde