A diarista Madalena Becker, 44, desistiu de ter sua sala na entrada de casa. Com a poeira na rua Henrique Eckhardt, no bairro São Bento, no mês passado, contabilizou três eletrodomésticos queimados no total.
“Mudei a sala para os fundos da casa para evitar mais prejuízos. Já perdi um televisor e dois aparelhos de som”, conta.
Nas paredes, optou por tons mais escuros para evitar que o imóvel fique encardido de terra. Com duas grandes empresas naquela localidade, o tráfego de veículos de carga pesada é frequente. Em dias de chuva, o chão batido fica cheio de buracos. “É tanta poeira que a gente se obriga a lavar nossos carros todos os dias. Isso aumenta também o consumo de água.”
A notícia de que em breve a rua será asfaltada, numa parceria entre governo e empresa Zebu, a animou. “Vai ser nosso maior presente”, comemora.
Um dos moradores mais antigos da rua Henrique Eckhardt, o aposentado Alípio Purper, 68, viu a chegada da maioria dos vizinhos no logradouro bem como o desenvolvimento das empresas naquela região. “Quanto mais perto das indústrias, mais poeira”, constata.
Ainda segundo ele, “Muitos moradores construíram os muros das residências próximo ao asfalto, o que vai dificultar a pavimentação do trecho.”
Carros
Dirigindo um carro esportivo, o aposentado Maurício João, 59, conta que sem a pavimentação na rua por diversas vezes furou o pneu ou teve prejuízos “raspando” o carro no chão batido. “Quando chove, fica muito buraco e desnível na estrada”, comenta. Segundo ele, o governo não consegue mais manter a rua em boas condições de tráfego.
“A gente sempre torce para que tenha rodeio ou motocross no Parque de Eventos para que eles venham arrumar nossa rua”, diz.
Saíndo de casa com o carro recém lavado, a auxiliar de confeiteira, Joice Cristina, 36, também se queixa. “Todo dia preciso lavar meu carro. Já na minha casa, por mais que ela seja um pouco afastada da rua, ainda assim fica cheia de poeira.”
Porta fechada
Apesar de morar faz apenas seis meses na Henrique Eckardt, o pedreiro Hélio José Leite, 49, já se acostumou com o cotidiano de cortinas de poeiras que batem à porta de casa todos os dias. “Nem abro mais a porta da frente. Não tem como. É muita poeira.”
Solução
Proprietário da Zebu Sistemas Eletrônicos, José Hickmann, 55, já repassou ao governo Caumo mais de R$ 300 mil para a pavimentação do trecho que passa de sua empresa até o Parque de Eventos – cerca de 400 metros. “Não adianta esperar soluções apenas do poder público. Por semana, gastamos mais de R$ 600 para molhar a rua para evitar mais poeira. Trabalhamos com eletrônicos e esse problema nos afeta diretamente”, comenta.
O restante da obra de pavimentação, estimado em R$ 100 mil, será feito com contrapartida do governo. “Será uma obra que vai trazer benefícios para moradores, empresários e fortalecer a qualidade das festividades no Parque de Eventos”, afirma o secretário de Obras Fabiano Bergmann.
A previsão é de que a pavimentação inicie em janeiro e seja concluída até março.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br