Justiça condena suspeitos de reaproveitar alimentos vencidos

Lajeado - operação lavoisier

Justiça condena suspeitos de reaproveitar alimentos vencidos

Deflagrada em julho de 2016, operação do Ministério Público na área de segurança alimentar desarticulou organização responsável por movimentar média mensal de 10 toneladas de mercadorias estragadas. Grupo composto por familiares revendia no comércio regional produtos destinados ao descarte. Neste mês, integrantes foram condenados a penas que variam de 6 a 7 anos de prisão

Justiça condena suspeitos de reaproveitar alimentos vencidos
Lajeado

Apontada como uma das maiores operações do Ministério Público de segurança alimentar na história do RS, a Justiça condenou Gilberto Gomes de Vargas – o “Giba” –, Leandro de Vargas, Silvia Regina de Vargas e Gilmar Gomes de Vargas por agirem, por meio da empresa Urbanizadora Lenan LTDA, na venda de alimentos e bebidas que deveriam ser descartados por rede de supermercados em Lajeado no aterro sanitário de Serafina Corrêa.

Segundo o promotor Alcindo Bastos, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) Segurança Alimentar, a família Vargas movimentou uma média mensal de dez toneladas de alimentos impróprios para consumo no comércio da região e uso particular.

Alcindo Bastos

A investigação constatou que as bebidas adquiridas pelos compradores eram vendidas por até 10% do valor de mercado.

Denúncia

Uma rede de supermercados da região contratou a família Vargas, pela Urbanizadora Lenan, para fazer o descarte de alimentos estragados e bebidas vencidas no aterro sanitário de Serafina Corrêa. Com a falta de documentos que comprovassem a prestação do serviço, a rede de supermercados procurou a Justiça. Durante a investigação, o MP constatou que esses produtos estavam sendo estocados em um galpão na cidade para depois serem entregues a compradores.

“Além disso, pessoas próximas aos proprietários desta rede de supermercado lhe comunicaram que estavam vendendo estes produtos em comércios que iam desde lanchonetes de clubes de futebol a pubs”, relata Bastos.

A família Vargas não apenas informava que os produtos estavam inapropriados para consumo, como também ensinava aos compradores procedimentos para adulterar a data de validade.

A investigação deflagrou a venda de leite vencido há mais de cinco meses, além de chocolate, biscoitos, massas, produtos de peixaria e congelados. As mercadorias ficavam alocadas em tonéis, sem refrigeração, próximo a pesticidas, inseticidas e soda cáustica.

Organização criminosa movimentou uma média mensal de 10 toneladas de alimentos estragados e bebidas vencidas para uso  comercial e particular

Organização criminosa movimentou uma média mensal de 10 toneladas de alimentos estragados e bebidas vencidas para uso comercial e particular

Suspeita-se que o esquema tenha sido feito por pelo menos seis meses na região. A família Vargas responderá a penas que variam entre seis e sete anos de prisão por integrar organização criminosa para o cometimento de crimes contra o meio ambiente e contra as relações de consumo. A Urbanizadora Lenan foi condenada ao pagamento de multa por funcionar sem licenciamento ambiental.

A família Vargas cobrava R$ 450 da rede de supermercados por cada um dos 23 descartes com pelo menos uma tonelada, realizados entre julho de 2015 e julho de 2016. Mais de 500 conversas de Facebook e WhatsApp foram analisadas pelo MP, além de interceptações telefônicas.

A investigação iniciou no dia 7 de julho de 2016 e a decisão de condenação é do dia 10 de dezembro de 2018. Com o recesso de fim de ano, a família Vargas deverá entrar com recurso contra a prisão ainda no início de 2019.

Reportagem do A Hora tentou ligar para Gilberto Vargas e outros números relativos à Urbanizadora Lenan por dez vezes ao longo da tarde de ontem, mas não obteve retorno.

Em 28 de julho, A Hora noticiou caso que teve repercussão em todo o RS

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Relembre o caso

– Rede de supermercado contratava a Urbanizadora Lenan, da qual a família Vargas era responsável, para fazer o descarte de produtos impróprios para consumo no aterro sanitário de Serafina Corrêa
– Investigação do MP constata que produtos não saíam de Lajeado e ficavam armazenados em galpão
– Em média, a família Vargas movimentava 10 toneladas mensais de alimentos estragados e bebidas vencidas em comércios da região e em uso particular
– Em 7 de julho de 2016, o MP cumpriu mandados de busca e apreensão em propriedades da família Vargas
– Mais de 500 conversas de Facebook e WhatsApp foram analisadas pelo MP, além de interceptações telefônicas
– Em 10 de dezembro de 2018, Gilberto de Vargas, Leandro de Vargas, Silvia Regina de Vargas e Gilmar de Vargas foram condenados a penas que variam de 6 a 7 anos de prisão por crimes contra o meio ambiente e as relações de consumo

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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