Natural de Encantado, Rudinho Bombassaro, 37, é terapeuta canino. Há cerca de duas décadas, fez mais de 15 cursos para adestrar e compreender a psicologia dos cachorros. Percorre várias cidades do Brasil, com performances que atraem milhares de pessoas. Para ele, cão deve ser tratado como cão.
• Como que você percebeu o dom para lidar com os cachorros?
Eu curtia muito assistir shows de cães adestrados. Naquela época, era moda aquele negócio do cão segurança, de mandar o cachorro pegar o meliante, soltar, farejar. Aí me deu muita vontade de ter um cachorro e comprei um Rottweiler. Mas não tinha informações sobre técnicas, logística e cuidados de ter um cão de grande porte e temperamento forte. Achei melhor procurar um profissional para adestrá-lo. Quando eu consegui ensinar algumas coisas, já vi que aquilo mudou a minha vida. E isso virou uma ‘cachaça’. Era pra eu ir a lá a cada 15 dias para aprender novos truques, mas eu ia todos os dias.
• Qual é o segredo para manter boa relação com os cães?
A primeira coisa é não humanizá-los. Por nossa vida ser tão competitiva, tão corrida, muitas pessoas buscam no cachorro um membro da família. Até aí, correto. Mas esse membro da família não pode ser um filho. Quando o humano humaniza o cão, ele desrespeita a parte instintiva do animal. É aí que surgem os problemas comportamentais. Fobia, ansiedade por separação, agressividade, falta de sociabilidade. Tudo em função dessa humanização de seres que não nasceram para serem nossos filhos, mas sim nossos seguidores.
• Os cães também precisam de terapia?
Por essas questões comportamentais, nós, terapeutas caninos, devemos mostrar ao cachorro que ele ainda é um cachorro, que dentro daquela pelagem existe um ser canino. É uma trabalho de reabilitação, o que é bem diferente do adestramento. Quando um cachorro é adotado, humanizado e vira “filho” das pessoas, cabe a nós resgatar esses instintos.
• Você já ensinou muito a centenas de cães. E o que você aprendeu com eles?
Meus maiores professores sempre foram os cães. Cada cachorro tem suas particularidades, tem uma forma de expressão, um jeito de se comunicar com os seres humanos. Cada cachorro que apresenta um problema diferente é um grande aprendizado para mim. O que mais aprendi com eles é essa sensibilidade para entender o que eles nos expressam por meio de energia e expressão corporal.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br