Perfil empreendedor, sempre sorrindo e espalhando solidariedade. Essas são algumas lembranças que o empresário Waldir Heemann deixa após 95 anos. Além do trabalho empenhado na comunidade por meio de entidades e associações, a extravagância e o jeito leve com que levou a vida marcam a trajetória de Waldir, encerrada nesse domingo, às 18h10min, no Hospital Bruno Born, onde estava internado por infecção urinária.
A cinco anos de completar um século de vida, Waldir era casado com Alice Heemann, 91, pai de João Batista, Luis Henrique e Maria Bernadete (in memorian). Tinha nove netos.
Quem passa pelo prédio localizado na Júlio de Castilhos, 192, lembra da história da família Heemann. Em 1892, foi inaugurado o comércio Heemann, o pioneiro no ramo de atacado de confecções, calçados e artefatos em couro e lona na região. Há cerca de 126 anos, o empresário Erwino Heemann deu continuidade ao trabalho iniciado pelo pai Henrique Heemann, no bairro Olarias.

Comércio Heemann foi pioneiro no ramo de atacado em confecção na região. Este ano, prédio de 126 anos foi restaurado e recebeu novo comércio
Começou a trabalhar no comércio da família aos 12 anos. Waldir acompanhou o pai Erwino e atuou por 70 anos no empreendimento familiar. Entre as atividades de pai e filho, estavam viagens de cavalo pelo interior do Vale do Taquari, vendendo produtos de porta em porta. Os tempos eram outros. Aliás é sobre os idos tempos que Waldir mais gostava de falar nos últimos anos de vida.
Integrava o Clube dos Laudilinos, um grupo de amigos que se encontrava uma vez por mês para jantar, fazer amigo-secreto e combinar viagens.
A nora Rose Heemann destaca a paixão do sogro pelos amigos. “O que ele mais gostava era se reunir em grupos e relembrar das coisas do passado. Analisar as mudanças e tentar entender a modernidade.”
O comércio Heemann está na memória de muitos lajeadenses e clientes de toda a região. Para eternizar o espaço físico onde o estabelecimento funcionou por muito anos, o prédio foi restaurado neste em 2018. O empresário Egon Müller adquiriu o imóvel e promoveu restauro, preservando os traços originais do prédio histórico de 126 anos localizado na principal rua de Lajeado.
Legado de amor e ensinamentos
Pelos caminhos que percorreu, Waldir deixou lembranças. O filho João Batista Heemann conta que o pai era sempre muito preocupado com a felicidade das pessoas ao seu redor, deixando bons ensinamentos. “Ele conhecia muita gente, e fez amigos por todo lo ado. Deixa muitos queridos por aqui”, comenta.
Ele lembra que o pai era um exemplo para a família e também para os novos empresários. O filho Luís Henrique Heemann conta do trabalho do pai pela comunidade e lembra de suas passagens por entidades como Acil e CDL, além do HBB.
“Ele foi o sócio-fundador do hospital, ajudando na criação e no desenvolvimento do que antes era uma enfermaria com poucos funcionários. Na época era o Hospital São Roque”, lembra.
Como presidente do Lions, sua vida também foi dedicada ao assistencialismo, atenção e compreensão aos mais necessitados. Os filhos lembram que, mesmo depois de aposentado, não deixava de passar seus dias na loja com os funcionários, sendo conselheiro sempre que necessário.
O neto Thimotie Heemann lembra do avô como alguém que viveu pela família, pelos filhos e pelos netos. Hoje ele mora em Porto Alegre, mas conta que sempre que vinha visitar Seu Waldir eles iam juntos ao supermercado Imec fazer as compras, mas, acima de tudo, cumprimentar os muitos amigos que ele fez ali. “Ele sempre tinha alguma brincadeira. Quando ele chegava, as pessoas paravam para cumprimentá-lo. Com certeza também vão sentir saudades dele”, conta.
Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br