Nesta época do ano, as casas são enfeitadas com luzinhas e algumas famílias colocam em prática tradições passadas de geração em geração, ou criadas com novas ideias. O importante é reunir as pessoas amadas e celebrar a fé, a união e os valores que o Natal simboliza.
Na família da estudante de Psicologia Laura Faleiro Kirchheim, 19, o 25 de dezembro é de muita expectativa. Há cerca de dez anos, a data é o momento de encontro entre os 12 primos (14, se contar os namorados). Na casa da avó Nilda, em Lajeado, os jovens, com idades entre 9 e 28 anos, revelam um amigo-secreto diferente. Em vez de comprarem o presente, eles mesmos confeccionam as lembranças.
Peças decorativas, vasos, bonecos, álbuns de fotografias, almofadas, vasos e tudo que a criatividade deles sugere já surgiu na roda dos primos.
Laura conta que a tarefa sempre surpreende tanto quem dá quando quem recebe os mimos. “É muito legal, pois cada presente mostra a individualidade. É curioso de ver como cada um é representado no presente”, comenta.
[bloco 1]
Geralmente, eles sorteiam os nomes no fim de novembro e trabalham até o dia de Natal. O item que mais exigiu trabalho de Laura foi um quadro, que ela fez quando era criança. Usou papelão, tecido e algodão para confeccionar uma moldura e uma boneca, representando sua amiga-secreta. Daí em diante o contato com a costura e com a cola quente foram se aperfeiçoando.
Entre as mais recentes produções, ela destaca um ramo com estrofes de músicas. Depois de ter consertado e dado um aspecto de “vaso” para um pote de conservas, colocou um galho de árvore dentro, e, em cada ramificação, um bilhete com alguma letra de música. A ideia era que o seu amigo retirasse um papelzinho por dia, para lembrar de músicas que ambos gostavam e que remetiam a bons momentos.
Depois que os primos trocam presentes, todos precisam mostrar aos demais familiares o que ganharam. Afinal, a curiosidade é grande entre todos. “É um momento muito bacana. A gente percebe e olha o outro de outra forma”, conclui Laura.
Bolachas de Natal
Uma tradição mantida na família de Vanessa Christ Reali, 67, iniciou desde que sua mãe era criança. Ela conta que a mesa da cozinha na casa da avó era coberta por bolachinhas e os primos se reuniam para decorá-las com motivos natalinos.
Ela lembra que na época de Natal era costume passarem as tardes na beira do rio. Em uma dessas ocasiões, ela e os irmãos fizeram as tradicionais bolachinhas e distribuíram para as crianças mais pobres que frequentavam o local, reunindo-se na hora do lanche.
Hoje, quando chega dezembro, a casa inteira de Vanessa é enfeitada com luzinhas, pinheiro, anjos e papais noéis. E na semana do Natal ela reúne os netos Lara, Bruna, Arthur e Antônio para confeitarem os doces com glacê colorido e açúcar cristal.
“Começamos com eles desde pequenos, e aproveitamos muito esse momento antes do Natal. Além de enfeitarem, eles comem alguns biscoitos no processo, e isso é o mais legal”, conta.
O que a deixa mais feliz e agradecida é ter as crianças ao seu redor, e poder passar esse tempo que é tão importante para ela junto das pessoas que ama.
As forminhas utilizadas são do tempo da avó de Vanessa, com formatos natalinos. Na Páscoa, também é costume fazer bolacha temáticas, mas o Natal, para ela, tem mais significado.
“Além de ter a família reunida, sempre fomos criados pela fé, e o nascimento de Jesus traz muitas coisas boas”, explica.
Ela conta que também é tradição passar a véspera de Natal em sua casa. É costume que o mais novo dos netos leve o menino Jesus até o presépio, enquanto a família canta músicas natalinas.
“Todos que podem vêm passar o Natal com a gente, bisavô, avô, pais e filhos”, lembra. Nessas noites, quatro gerações da família se reúnem ao redor da árvore de Natal.
Uma nova tradição
Em meados de 2001, o casal Waldemar Richter, 70, e Olinda Richter, 69, mudou-se para Forquetinha, na rua Franz Richter, onde uma nova tradição começou a ser criada.
“Comecei a cuidar de um cipreste desde pequeno, em forma de gruta. Todos os anos, colocamos o presépio dentro dele e vou cortando para moldá-lo”, lembra Olinda. Ela conta que no início cortava o cipreste em formato de estrela no topo, mas aos poucos teve que deixá-lo crescer.
[bloco 2]
A ideia surgiu de uma ida à Alemanha, quando Olinda viu um presépio montado em casinhas, e pensou que ficaria bonito fazer algo parecido em casa.
Além desse, o casal também monta um presépio maior em frente ao museu da família, nos fundos de casa.
Hoje as noites de Natal são comemoradas na casa dos filhos, com novas tradições, mas ainda preservando alguns valores e na companhia do Bom Velhinho.
Lembranças de Natal
Quando Richter era criança, vivia em uma localidade pequena, onde o Natal era celebrado em comunidade. Ele conta que todo ano os professores e alunos se preparavam uma semana inteira para as apresentações de fim de ano, com canções natalinas e orações proferidas em alemão.
“Lembro bem do silêncio quando o professor acendia as velas do pinheiro e cantávamos em alemão ‘no pinheiro as luzes brilham’”, conta.
Depois o Papai Noel visitava a escola e distribuía presentes para as crianças, perguntando se elas sabiam as orações e se tinha sido aprovadas de ano.
Ele conta que em casa o pinheiro era montado com a ajuda das crianças, além das bolachinhas de vários tipos e sabore.
A infância de Olinda não foi diferente. Ela lembra que os doces só eram feitos no Natal e na Páscoa, e que a chegada dessas datas era esperada ansiosamente pelas crianças. “Às vezes minha mãe tinha que esconder os doces para não comermos antes do dia”, conta.
Alguns anos mais tarde, quando Richter tornou-se professor, quis continuar com a tradição das noites natalinas na escola. Por mais de 30 anos, o Natal em Canudos do Vale foi marcado pela iniciativa dele, além da distribuição de balas e chocolates nas manhãs de Natal.
Dona Olinda lembra que acordavam no domingo de manhã cedo e pela janela via crianças e pais esperando a chegada do Papai Noel na sombra das árvores. Durante 15 anos, cerca de cem crianças apareciam em cada Natal para receber o seu pacotinho de doces.
“Naquela época, elas não recebiam muitas coisas, e valorizavam cada pequeno gesto”, comenta.
Quando os quatro filhos nasceram, as tradições natalinas mudaram um pouco, mas a época sempre foi momento de compartilhar a fé em Jesus Cristo e fortalecer os valores da família.