VENDA DO GRUPO ABRIL
O empresário Fábio Carvalho acaba de comprar 100% do Grupo Abril. Ele é especialista em recuperar empresas quebradas e cita o engajamento do time como chave para o sucesso
O Grupo Abril, de São Paulo, foi vendido nessa quinta-feira, 20, pelo valor simbólico de R$ 100 mil. Um dos maiores conglomerados de mídia da América do Sul, organizado em quatro pilares – mídia, gráfica, distribuição e educação, arruína resultados negativos faz anos. Em 2013, faleceu o editor e presidente do Conselho de Administração, Roberto Civita. Desde então, a empresa fundada em 1950 passa por turbulências, atualmente, em recuperação judicial.
Em 2019, o controle passará às mãos do empresário Fábio Carvalho, advogado carioca especializado em recuperação de empresas. Carvalho tem participação na Casa & Vídeo, na Liq (ex-Contax) e controla a Leader Magazine. Como CEO do conglomerado da Abril, terá a missão de tirá-la da crise, com uma dívida de R$ 1,6 bilhão, a maior parte com bancos.
O modelo mental de Carvalho
A notícia da venda do Grupo Abril já rodou a internet. O que chama a atenção, no entanto, é o que pensa o novo dono da Abril, que recebe uma companhia falida, e com um desafio maior que sua dívida bilionária.
Em entrevista na Endeavor, em 2016, o empresário falou de suas crenças e habilidades enquanto estrategista de recuperação de companhias falidas. E é sobre isso que pretendo discorrer a seguir:
“A filosofia que me move é a de que não adianta reclamar do que está ruim. Criar um time de pessoas dispostas a resolver problemas complexos, onde a maioria prefere declinar”, diz no começo do painel. Fundamental deixar claro o propósito de “gerar valor só lá na frente”.
Questionado sobre os “erros nas contratações”, Carvalho cita uma raiz em comum, que é a de dar importância demais às simbologias públicas. “Claro que existe valor onde o candidato estudou, currículo e tal, mas, normalmente erramos quando damos valor demais a isso, e menos ao intrínseco do histórico pessoal”, analisou.
O tempo ensina que histórias bonitas nem sempre são as melhores recomendações. Na sua opinião, são os fracassos que costumam ensinar e revelar personalidades. “Aliás, hoje se busca pessoas com personalidade na própria história, domínio sobre as próprias escolhas e que aceitam correr risco”. A diversidade de valores e compreensões mais amplas, com características e boas escolhas individuais são vitais no bom profissional, insiste.
O empresário já contratou padre dissidente de celibato. “Até um ex-seminarista trabalha comigo e estou muito satisfeito”. Engajar o time e virar o jogo implica em reunir talentos dispostos a encarar desafios. “Criar um espaço depurador para filtrar quem se atrai ao ambiente difícil”.
Aos iniciantes do mundo empreendedor, Carvalho recomenda compreender a pouca fartura no início. Criar primeiro para ganhar depois, quem sabe. “Precisa ter satisfação no que faz, ter mais paixão por fazer do que por ganhar”. Vital boa dose de coragem, visão legítima do que vai criar e aceitar o sucesso e o fracasso.
Defende a cultura transformada pela crise. As circunstâncias moldam, fator predominante para a inovação e melhoria. “Ao gerir a crise você já converte muito do método e adapta às mudanças, gera maior austeridade e eficiência e desperta lideranças”. Carvalho acredita numa cultura corporativa em transformação e não estática.
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Ao relatar as experiências na companhia Casa & Vídeo – onde assumiu os riscos com o banco – conta que abriu o jogo aos seis mil funcionários. “A próxima folha de pagamento está garantida. A seguinte, nós temos que criar”. Ter chamado aquele grupo para uma batalha foi algo impressionante. “Começamos com seis mil funcionários e quando passamos a crise tínhamos apenas metade, sem uma greve, nem bagunça”.
Humildade e capacidade de se comunicar com transparência é chave. “Você obtém um exército quando todos se engajam e se unem”, justifica. Define que “empreender é liderar a construção do seu sonho e de outros”.
É nisso que Carvalho deve se apegar no Grupo Abril, a partir de fevereiro, quando assume o controle para comandar 46 mil profissionais que herda da era dos Civita.
Negócios em Pauta 2019
O último workshop do Negócios em Pauta pautou o erro. Foi no espaço dos cervejeiros, no Parque Histórico de Lajeado, local que o município pensa em preparar para incorporar no ecossistema da inovação. A chuva impediu o evento ao ar livre, mas não tirou o valor e relevância do debate. Desafios foram expostos para criar uma cultura mais resiliente e flexível, de modo que a inovação possa encontrar um terreno naturalmente favorável para os avanços necessários.
Em 2019, o Negócios em Pauta adentrará mais nessa ideia, em parceria com o Comitê do Empreendedorismo. Aguardem!
Maior prédio do RS em Lajeado
A Lyall Construtora e Incorporadora de Lajeado acaba de protocolar projeto na prefeitura para construir o maior prédio do Rio Grande do Sul. O edifício, cujo nome será São Cristóvão – em alusão ao bairro onde a empresa faz seus principais investimentos –, terá 37 andares e alcançará 130 metros de altura.
Para comparar, o São Cristóvão terá o dobro da altura do 300, em construção ao lado, que será um dos mais altos da cidade.
Depois de pronta, a obra poderá ser vista a quilômetros de distância e surgirá no São Cristóvão como um obelisco em meio às demais construções, bem na frente da Unimed e da Sicredi. Chamará a atenção não apenas dos moradores do Vale, mas causará reações de investidores de fora. Mais que um prédio alto, sua imponência será um símbolo do arrojo da construção civil em Lajeado.
O novo Plano Diretor na câmara limitou a altura das construções na av. Piraí, mas não atinge a referida obra que já foi protocolada. A propósito, o empresário Roberto Lucchese, da Lyall, questiona o índice menor para a avenida em questão, e compara com vielas bem mais estreitas no Americano e Florestal, onde esse aspecto tem autorização maior. O assunto está em debate e dependerá da visão e permissão que Executivo e Legislativo quiserem dar às imediações do que alguns identificam como “novo centro comercial de Lajeado”.