À medida que a internet se expande, chegando a quase 70% da população brasileira, cria-se uma lacuna que isola os que têm dificuldade no acesso. O IBGE divulgou esta semana pesquisa que aponta um crescimento de dez milhões no número de internautas em um ano.
No Vale do Taquari, os problemas de sinal de telefonia móvel e internet são obstáculos ao desenvolvimento regional.
“Se queremos uma região dinâmica e competitiva, temos que ter condições de infraestrutura adequada. E comunicação é fundamental”, afirma a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cíntia Agostini.
Para ela, as dificuldades na comunicação afetam desde um estudante que não consegue qualificar os estudos até empresas que querem fazer uma gestão eficiente dos negócios. Ela avalia que a internet funciona melhor que a telefonia, em função da presença de várias empresas concorrentes que utilizam tecnologias diferentes como rádio, cabo e fibra óptica.
“Se no parque tecnológico eu tenho dificuldade em fazer uma ligação, imagina nos pequenos municípios.”
Nova pesquisa para 2019
As dificuldades de comunicação motivaram uma pesquisa realizada em 2015 pelo conselho. Os resultados mostraram que os meios de comunicação atendiam apenas parcialmente o Vale do Taquari. Para 2019, o Codevat prepara novo estudo a fim de verificar a evolução do serviço.
Em 2015, o sinal de telefonia móvel foi considerado regular por metade (50%) dos entrevistados e ruim ou péssimo por 31%. O serviço foi considerado bom por 18,3%. Em nenhum município, o sinal foi considerado excelente.
O sinal de internet foi mais bem avaliado na pesquisa, com 40,2% de boas avaliações e 12,2% de negativas. As modalidades de cabo e satélite foram consideradas as de maior qualidade.
Falta luz, não tem celular
Imigrante foi um dos municípios apontados como tendo o pior serviço de telefonia e internet no Vale. Nos últimos três anos, foram feitos investimentos em melhorias, como a instalação de uma rede de fibra óptica.
De acordo com o secretário de Administração, Emiliano Romagna, a telefonia móvel está disponível praticamente só no centro e no bairro Daltro Filho, os dois locais de maior população.
As falhas do sinal de celular geram transtornos aos moradores. “Até mesmo o plantão da saúde é realizado via telefone celular”, afirma.
Em agosto deste ano, o município instalou uma antena repetidora de sinal de telefonia, para melhorar o sinal no Daltro Filho. A antena alugada custa R$ 3,5 mil mensais ao governo municipal.
Ainda assim, uma queda de energia elétrica deixa o município sem comunicação via celular. “Falta luz, acaba a bateria e ficamos sem telefonia. Já tentamos de tudo com a empresa, até oferecemos um gerador.” De acordo com o secretário, a transmissão é feita pela TIM.
RS é o nono em acesso
A pesquisa PNAD, divulgada esta semana pelo IBGE, aponta que o RS é nono estado em percentual de domicílios com internet, com 76,1%, acima da média nacional, que é de 74,9%.
Estudo inédito realizado pela Famurs com prefeitos de 317 municípios do estado mostra que há insatisfação em relação à qualidade dos serviços de telefonia móvel e internet.
Para 37,2% dos entrevistados, a telefonia móvel é ruim ou péssima no município. Enquanto apenas 16,4% consideram bom ou ótimo. Quanto à internet, a avaliação é semelhante, 36,9% de avaliações negativas contra 19,5% de positivas.
Inquérito arquivado
O Ministério Público Federal (MPF) arquivou o inquérito que tratava da qualidade do serviço de telefonia oferecido na região. A apuração foi aberta a pedido do Codevat e da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat) para verificar possíveis deficiências na prestação do serviço.
Ao longo da investigação, o MPF fez questionamento à Anatel e às prestadoras do serviço Oi, TIM, Claro e Vivo.
O órgão constatou que o serviço funciona de acordo com as normas estabelecidas pela Anatel. O Procon informou não ter reclamações registradas por clientes a respeito de deficiências.
A decisão cita já haver em andamento um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre MP, estadual e federal, Assembleia Legislativa, prestadoras do serviço e Sinditelebrasil.
O TAC trata da implementação de planos de melhoria do serviço e da estrutura de atendimentos aos clientes nos municípios.
Matheus Chaparini: matheus@jornalahora.inf.br