O distrito de Linha Delfina foi um dos mais afetados pelos recentes temporais que atingiram a região. Ontem à tarde, quase na divisa com a localidade de Santa Rita, pelo menos quatro propriedades ainda estavam sem energia elétrica suficiente para manter a produção de leite e a criação de aves. O problema perdura desde o fim da tarde de segunda-feira e gera prejuízos aos produtores.
Um dos proprietários é Fernando Schneider. A família dele tem 63 mil frangos com 12 dias e 15 vacas. Desde segunda-feira, precisam utilizar um gerador movido a diesel para manter os animais vivos e a mecanização de toda a estrutura funcionando. “Já gastamos mais 40 horas de gerador, pagando em torno de R$ 120 a hora, calculando o trator junto. A energia é vital. Não tem como mexer um dia sequer com aves sem exaustores e luz.”
O prejuízo de R$ 4,8 mil vai pesar na economia da família. “Precisamos da rede trifásica para ventilar e iluminar o aviário”, diz a mãe de Fernando, Lovani. Dentro de casa, alguns eletrodomésticos e a luz interna funcionam. “Mas precisamos de tudo funcionando. Não podemos mais ficar gastando com diesel”, lamenta.
Desde o temporal de segunda-feira, foram diversas ligações, mensagens e protocolos junto à empresa responsável pelo abastecimento, a RGE Sul. “Chegaram a nos dizer que não havia problema de queda de energia na nossa propriedade. Em outra oportunidade, fiquei mais de 10 minutos esperando em um 0800, e depois mais 5 falando com a atendente. E não resolveram nada”, reclama Fernando.
Por mês, em média, a família gasta pouco mais de R$ 900 com a conta de energia elétrica. “Nunca atrasamos. Sempre pagamos direitinho e veja só o que recebemos de volta. Há também uma promessa de trocar os postes de madeira, mas também está demorando.”
Ainda de acordo com Fernando, se não houvesse gerador na propriedade, metade dos frangos já estaria morto. “Querem valorizar a cadeia alimentar na região, mas olha o tamanho da nossa dificuldade”, finaliza.

Fernando e Lovani criticam demora da RGE Sul para restabelecer rede trifásica
“Nunca vi isso”
Naquela região de Linha Delfina, são quatro propriedades com 11 aviários. Os proprietários são todos de uma mesma família. Jorge Schneider tem 44 anos e diz que nunca passou por situação semelhante. Ele tem 200 mil frangos. “Meu irmão vai ter que pedir mais 500 litros de diesel para manter o gerador, pagando R$ 2,89 o litro. Provavelmente vamos entrar na Justiça.”
Ele reclama da forma de atendimento da empresa. “Liguei na quarta-feira e eles alegaram que até as 22h voltaria a energia. E nada. Na terça-feira, sequer consegui ligação. Mandei mensagem e eles responderam que não tinha falta de energia na minha propriedade”, desabafa.
RGE Sul se manifesta
O presidente do STR de Estrela, Rogério Heemann, lamenta a situação e cobra mais agilidade da concessionária responsável pelo abastecimento daquela região. Cita que também havia problemas em Linha São Jacó e outras localidades do interior. “Lá eles conseguiram resolver apenas na quarta-feira à noite. Estamos tentando mobilizar a prefeitura para auxiliar esses produtores”, avisa.
Em nota, a RGE Sul informa que iniciou atendimentos em Linha Delfina no fim da tarde de ontem. Ainda de acordo com a empresa, “a rede elétrica vem sendo recomposta, e a energia vai sendo restabelecida aos clientes.” Por fim, observa que “a região foi bastante afetada pelos recentes temporais, causando danos às redes de distribuição de energia.”
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br