Cerca de 160 cartinhas foram escritas pelos alunos do 1º ao 9º ano da escola Moinhos algumas semanas antes do Natal. Nelas, cada um contou sobre sua vida em casa e na escola. Elas foram distribuídas por conhecidos da escola a pessoas que se solidarizaram pela causa e enviaram presentes entregues na manhã de ontem no bairro Moinhos.
A diretora Sandra Ahlert, 51, lembra que a ideia surgiu em 2016, quando os alunos foram contemplados com o projeto das cartinhas dos Correios. No ano seguinte, os professores reuniram-se para elaborar o Natal das Crianças.
Começaram com os pequenos, propondo que escrevessem cartas contando onde moravam, sua idade, como era a família e o que gostavam de fazer. O projeto deu tão certo que tinha mais pessoas do que cartinhas a serem adotadas.
Este ano, os alunos dos anos finais também participaram, mas com a proposta de ganharem obras literárias sugeridas nas cartinhas.
“Estamos desenvolvendo essa ideia, porque temos um trabalho imenso de incentivo à leitura. Acreditamos que esse acesso e gosto pela leitura desenvolvido na escola proporciona muitos benefícios como escrita, oratória, conhecimento e uma viagem pelo mundo”, ressalta.
A vice-diretora e professora do 1º ano do Ensino Médio, Lori Maria Tresoldi, conta que a escola já resgatou muitas crianças do bairro e fora dele em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Por isso, considera importante dar novos horizontes e possibilidade aos alunos, por meio do incentivo à leitura e ao contato com a cultura.
Sandra conta que quem adota as cartinhas são amigos dos professores e funcionários, clínicas, o Lions, e outros parceiros que auxiliam também durante o ano.
“Neste Natal, uma menina pediu um livro que tinha por aqui, então, a pessoa fez cópia dele, de uma obra que um amigo tinha, e ainda a presenteou com um de poesias”, lembra.
Assim como essa, muitas outras histórias são marcantes nesse projeto de Natal. Muitos receberam, além do livro, uma cesta de alimentos ou brinquedos e roupas para a família.
“Ensinamos que isso não é uma caridade, e sim um merecimento pelo esforço. Por isso escrevem as cartinhas, é uma ação e uma reação. Muitos deles recebem outra cartinha de volta também”, ressalta Sandra.
Gestos de esperança
As mãos de Roberta Andriely Ledur Tiliwitz, 14, seguravam dois livros: Não Desista do Amanhã, de Moisés Figueiredo e O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseni.
Ela conta que não sabe quem recebeu sua cartinha, mas é muito grata pelos presentes. “Fico feliz em perceber que existem tantas pessoas boas no mundo”, ressalta.
No início do próximo ano letivo, os alunos levarão as obras literárias recebidas à escola, e trocarão entre si, para todos tenham oportunidade de ler sobre assuntos diferentes.