Nem sempre vale a máxima de que “dois mais dois são quatro”. Tudo depende da forma escolhida para medir determinados corpos, forças, massas ou maços de dinheiro. Na física, existem as grandezas escalar e vetorial. Porém, quando tratamos de política, eu prefiro analisar as ações utilizando a primeira forma de medida. E sempre seguindo outra premissa básica: conheça bem a sua cidade e descobrirá boa parte dos segredos em todo o mundo.
Aqui no Vale do Taquari, uns chamam de “pedágio” e outros de “rachadinha”. Não importa o termo criado para banalizar a falcatrua. O fato é que boa parte dos políticos brasileiros utiliza tal prática para ganhar muito além dos próprios – e já altíssimos – vencimentos mensais. Todos sabem. Menos quem adota político de estimação. Esses insistem em retóricas e histórias mirabolantes para defender os seus. É do jogo.
Mas o jogo não muda a realidade. E a “rachadinha” banalizada é, na verdade, só mais um caso puro e cristalino de corrupção passiva e ativa. E não foi criada pelo PT, acreditem!
O ato de embolsar parte do salário de assessores é mais velho que rascunho de Bíblia. Acontece aqui e acolá. Em todos os cantos deste nosso Brasil de céu anil. Inclusive no Rio de Janeiro, é óbvio. Mesmo com tantos devotos negando.
De novo, basta olhar para as nossas províncias para entender muito do que se passa nas areias de Ipanema ou Copacabana, reduto eleitoral da família autoproclamada acima de qualquer suspeita e abençoada por Deus.
Quem é mais bem informado – ou não finge ser desinformado – acompanhou e acompanha a rotina de certos assessores de deputados pela região. Botecos, vida mansa, pouco trabalho. Ou nada de trabalho. Ou, ainda, trabalhos distintos em horário integral, o que obviamente impossibilita um bom serviço como assessor parlamentar. São fantasmas. Ou laranjas, se preferir. E tudo às nossas custas.
Também é fácil identificar casos de assessores vivendo quase às mínguas e, ao mesmo tempo, ostentando – ao menos no papel – salários muito acima da condição financeira verificada. Da mesma forma, é fácil identificar chefes desses assessores em condições financeiras bem acima do que os salários ostentados no papel garantiriam legalmente. E agora estamos falando de aritmética básica, em que dois mais dois são quatro.
Para quem ainda não entendeu, sugiro então um olhar atento sobre as câmaras de vereadores. Não muito distante, há casos de denúncias de assessores que, cansados da “rachadinha”, resolveram abrir o bico. E não é porque o Ministério Público deu de ombros para certos casos que esses não tenham o respectivo impacto. Muito pelo contrário. São a prova concreta do nem tão inusitado “pedágio”. Provam, também, que a maioria dos chefes sempre sai ilesa.
Por mim, quem quiser acreditar em histórias estapafúrdias como a falta de tempo para ir ao banco, dívidas por parte de quem movimenta mais de um milhão por ano ou a clássica “não sei de nada” fique à vontade. Mas para quem não tem político de estimação, nem por ideologia, gênero ou religião, eu sugiro seguir a premissa de jamais passar a mão na cabeça de corruptos. Nosso Brasil, acima de tudo e de todos, agradece!
Aumentos em Estrela
Parabéns aos vereadores João Braun (PP), Norberto Fell (PPS), Darlã Bellini (PSB), Débora Martins (MDB), Márcio Mallmann (PP) e Volnei Zancanaro (PR), que votaram contra o próprio aumento salarial na sessão de segunda-feira da câmara. Lá a armação para garantir reajustes anuais iniciou em outra legislatura, com a mudança na Lei Orgânica que estendeu aos parlamentares, prefeito, vice e secretários os direitos que só cabem aos servidores públicos. A malandrice é desonrosa e conhecida pelas inúmeras ações de inconstitucionalidade Brasil afora.
Concessão privada na 130
O novo governador, Eduardo Leite (PSDB), estuda a possibilidade de extinguir a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). A decisão enfrenta resistência entre correligionários e consultores. Entre as alternativas ao fechamento da “estatal”, está o fim do contrato de concessão em algumas rodovias estaduais, como a ERS-130/ERS-129, no trecho entre Venâncio Aires e Muçum. A proposta é realizar um processo licitatório e repassar a gestão e manutenção dessas vias para a iniciativa privada, tal como foi feito com a BR-386. Aguardemos!
Tiro curto
– O Instituto Histórico e Geográfico do Vale do Taquari (IHGVT) emite manifestação pública em defesa do patrimônio histórico-cultural do antigo Complexo da Polar, em Estrela;
– Em Lajeado, a Univates deve abrir um posto de saúde no próprio câmpus para atender a população em horários distintos de outras unidades instaladas nos bairros;
– Em Encantado, a intenção do prefeito em indicar uma servidora do quadro funcional para a função de secretária da Fazenda gerou desconforto entre políticos e correligionários;
– A câmara de Lajeado pode arquivar o projeto que regulariza o serviço de transporte de passageiros por aplicativos;
– Também no Legislativo de Lajeado, a briga pela presidência em 2019 segue firme entre Sérgio Rambo (PT), Neca Dalmoro (PDT) e Nilson do Arte (PT);
– Na segunda-feira, em Arroio do Meio, ocorreu evento técnico para o novo roteiro turístico da região, Entre Vales e Arroios. Quem foi, gostou;
– Em Lajeado, segue em discussão o Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação. A expectativa é nomear os responsáveis em janeiro para iniciar a criação do Fundo Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (FMTI);
– O assunto inovação ganha força e é destaque, também, no anuário TUDO, que será entregue aos leitores neste sábado, com destaque para bons exemplos em Oeiras, Portugal, e Erlangen, na Alemanha. Vale a pena a leitura.
Um bom Natal a todos!
“Parecer o que se é, é um crime; parecer o que não se é, um sucesso.”
Madame Émile Girardin