Desde pequena, era costume na casa de Helena Ceci Schwertner, 77, decorar os cômodos para o Natal. Começada com os pais no bairro Moinhos, a tradição hoje mantida por dona Helena já tem mais de 50 anos. Hoje ela mora no número 62 da avenida Benjamin Constant e todos os anos, a partir do mês de novembro, depois das 20h, recebe crianças para espalhar o espírito da data e distribuir doces.
Logo na entrada, à esquerda, o pinheiro é enfeitado com bolinhas novas e algumas com mais de 50 anos, penduradas com cuidado pelo valor que têm. A casa é minuciosamente decorada com mais 300 Papais Noéis, além do presépio, uma das partes que mais chama a atenção pela quantidade de elementos e luzes.
“Eu faço isso pelas crianças e pela beleza de ser criança. Essas pessoas que vêm olhar a casa nos trazem vida.”
A filha Ana Luísa Schwertner, 57, ajuda a montar toda a ornamentação, processo que dura em média oito dias. “A mãe sempre tem vontade de mostrar essas coisas. E é tão bonito. Eu me emociono vendo as crianças observando o presépio”, lembra.
Valor do Natal
A data, além de representar momentos em família, também é marcada por lembranças. Há 38 anos, no dia 25 de dezembro, o marido de dona Helena morreu. “No início era motivo de tristeza comemorar o Natal, mas depois de um tempo resolvemos tornar esse dia mais leve decorando e abrindo a casa para a comunidade”, diz Helena.
“Tem muita beleza em tudo isso, é mágico. Uma menina que veio visitar com o pai disse que queria poder dormir uma noite nessa casa porque esse lugar é mágico”, conta Ana.
Segundo a neta, Cátia Bender, 32, cada pessoa que visita a casa acha linda a parte externa e quando entra tem uma surpresa. “Eles ficam impressionados e pedem como fazemos para cozinhar e dormir, porque em cada canto tem alguma coisa natalina”, lembra.

O presépio é uma das atrações referidas da casa, feito com elementos naturais
Este ano já foram distribuídos mais de 200 pacotinhos. Helena diz que sente gratidão por poder dar esse presente às crianças e abrir a casa principalmente porque, se não fosse ali, algumas nunca veriam um presépio.
“Elas precisam disso, dessa magia e inocência que vamos perdendo pela pressa. As pessoas não param para refletir sobre a importância de passar um tempo com os filhos”, lembra Ana.
Helena também explica que o Natal é como uma família. “Se não temos filhos, a vida acaba ali. O Natal também precisa ser conservado, se não acaba.”
Durante o resto do ano, todos os enfeites são guardados no quarto de hóspedes. E Helena brinca que se cada ano quiser colocar algo diferente daqui um tempo não terá mais espaço para morar na casa.
Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br