Com a aproximação do fim de ano, vem o desejo de presentear parentes e pessoas queridas no Natal, celebrar o Ano-Novo com uma boa festa e fazer alguma viagem. Porém é preciso tomar alguns cuidados para que a empolgação não represente entrar 2019 com dívidas.
Dois em cada dez consumidores (19%) gastam mais do que podem com as compras de Natal. A informação é de uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O percentual é maior entre as mulheres (23%) e nas classes C, D e E (22%).
O levantamento aponta ainda que 5% dos brasileiros pretendem deixar de pagar alguma conta para fazer as compras de fim de ano.
Controlando a empolgação
Andréia Bispo é diarista e controla as contas da família toda. No caderninho, estão as contas e carnês dela, da mãe e dos dois filhos. Primeiro paga-se as contas, depois se vê os presentes.
Ontem à tarde, ela foi a uma loja para quitar um crediário. Andréia ainda não comprou os presentes para o Natal. Em função de um problema de saúde na família, as contas ficaram mais apertadas. “Este ano será bem diferente. Gosto bastante de dar presente. Me organizo sempre antes e vejo o que dá para comprar.”
Quando não é possível pagar à vista, ela programa os vencimentos de cada presente para uma época diferente, para não acumular.
Mas nem todos têm essa organização. Mirian de Freitas é analista de crédito da mesma loja e tem 18 anos de experiência na área. Ela conta que muita gente ainda está pagando as dívidas do ano passado. “Os que estavam endividados efetuam o pagamento para poder ter crédito novamente e acabam fazendo novo comprometimento da renda. Aí muitas vezes acontece a inadimplência. A empolgação de fim de ano acaba influenciando”, afirma.
Inadimplência é de 23,9% em Lajeado
Em termos locais, os números revelam uma situação semelhante à do país. De acordo com Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Lajeado, 23,9% dos consumidores entraram o mês na inadimplência. O levantamento, feito em cima do banco de dados da Boa Vista Serviços, apontou que 14 mil consumidores estavam com alguma restrição no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) no último dia 4. A pesquisa leva em conta os CPFs ativos de maiores de 18 anos.
O número é inferior aos 30,1% registrados no RS, mas apresenta um crescimento em relação a novembro, quando foram contabilizados 23,5%. De acordo com o levantamento, 59,3% dos inadimplentes recebe um ou dois salários mínimos.
Cartão pode virar armadilha
Na hora da comprar, o cartão de crédito pode parecer um grande facilitador, mas, muitas vezes, acaba funcionando como uma armadilha. O professor de Economia da Univates, Eloni José Salvi, afirma que o recurso deve ser usado com muito cuidado, sempre acompanhando o quanto se gasta.
“É o financiamento mais caro que existe. Deve ser usado para aproveitar uma oportunidade ou facilitar uma transação, não como um chamariz para gastar mais”, explica.
O economista aponta questões comportamentais que levam as pessoas às compras exageradas. “As pessoas se empolgam ou ficam constrangidas de não presentear e acabam comprando aquilo que a renda não dá conta. E não levam em consideração que o início do ano tem uma série de gastos como IPTU, IPVA, material escolar.”
Para Salvi, a pior consequência desse processo é ter que pagar juros durante um longo tempo, o que reduz o poder de compra do consumidor.
Cuidados para o presente não virar dívida
– Tente fazer as compras caberem no seu orçamento
– Saia para comprar com um limite definido para cada presente
– Procure promoções, faça pesquisa de preços
– Use o cartão de crédito com cuidado
Matheus Chaparini: matheus@jornalahora.inf.br