Construção recomeça e famílias preparam mudança

Lajeado - POLÊMICA EM LAJEADO

Construção recomeça e famílias preparam mudança

Prefeito Marcelo Caumo garante o reinício da construção das casas para as famílias de catadores que serão transferidas para área pública entre o Santo Antônio e Jardim do Cedro. Galpão para triagem de lixo ainda será reavaliado

Construção recomeça e famílias preparam mudança
Lajeado

O governo confirmou ontem o reinício das obras do novo loteamento popular no bairro Santo Antônio. O local também receberá até dez famílias de catadores que hoje vivem de forma precária às margens da ERS-130. Uma nova reunião agendada para a próxima sexta-feira discutirá a construção ou não de um galpão para triagem de lixo junto ao conjunto habitacional.

A confirmação das obras veio após encontro realizado ontem, na prefeitura, entre prefeito, secretários municipais e representantes dos bairros Santo Antônio e Jardim do Cedro. A área escolhida para receber os papeleiros fica quase na divisa entre as duas localidades.

Franciele Wendt Machado mora no Jardim do Cedro. É faxineira e também síndica do Condomínio da Imojel, construído a cerca de quatro quadras do terreno escolhido pelo poder público para instalar as famílias carentes. “Nossa área está jogada. Há muito descaso com aquela região do bairro. Estamos faz seis anos sem luz na rua Antônio Silvestre Arenhart, e agora deram uma agilidade”, diz ela, que já estava em conversação com o governo faz alguns meses.

Sobre a ida das famílias que vivem da reciclagem do lixo, ela demonstra um misto de solidariedade e preocupação. “Ficamos felizes pelo fato dessas pessoas receberem uma moradia decente. Eles são seres humanos, precisam de água e luz, e precisam ser acolhidos. Mas não queremos os galpões de lixo. E isso é consenso entre todos os moradores”, ressalta.

Pelo menos dez famílias aguardam as novas casas para fazer a mudança

Pelo menos dez famílias aguardam as novas casas para fazer a mudança

A faxineira, que está em licença-maternidade, demonstra receio em relação à poluição e acúmulo de lixo em área imprópria. “O medo da população é que, junto com as famílias, venha também aquela cena vista na ERS. Mas nos garantiram que vão cuidar para não virar um ‘lixão’. E, caso isso ocorra, podemos e devemos denunciar”, salienta, citando a proliferação de animais peçonhentos, ratos e outros problemas.

Advogado quer celeridade

A decisão de realocar as famílias que vivem às margens da rodovia foi acordada na semana retrasada, entre governo municipal, Ministério Público (MP) e o advogado dos papeleiros, Marco Mejia. Entretanto moradores do Santo Antônio e do Jardim do Cedro reclamam a falta de diálogo com as respectivas comunidades. O prazo inicial para a mudança venceu ontem.

Otávio dos Santos

Na sexta-feira passada, diante dos protestos que resultaram na paralisação das obras de construção das seis primeiras casas de madeira, Mejia ingressou na Justiça para tentar agilizar o trâmite. “A situação é complexa”, resume.

O acordo firmado com o MP prevê um galpão para a separação do lixo. Da mesma forma, os papeleiros aguardam pela construção da estrutura para garantirem a principal renda das famílias. “Queremos o espaço para não trabalhar no sol. Não é fácil separar lixo nessas condições”, ressalta o catador, Otávio Fernandes dos Santos, que hoje vive junto ao espaço ocupado na ERS-130.

Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br

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