O mundo globalizado e o avanço tecnológico impõem mudanças nas atitudes e ações. A matriz econômica e social como a que conhecemos no Vale do Taquari não se sustentará no futuro. Ainda que muitos estejam céticos em relação às transformações colossais em curso, um grupo de empresários, acadêmicos e gestores públicos se reúne faz mais de ano para uma “reflexão inovadora em Lajeado”.
A ideia nasceu da inquietude sobre o tipo de cidade que Lajeado deseja ser, em 2040. A partir da elaboração do novo Plano Diretor, o poder público percebeu a necessidade urgente de estabelecer e ampliar uma discussão macro do território.
Um grupo de 35 pessoas iniciou o debate por meio da tríplice hélice – Acil, Univates e governo de Lajeado –, o que permeou uma série de discussões e viagens a centros de inovação e tecnologia. Ainda em novembro de 2017, um grupo foi conhecer o Porto Digital de Recife e, um ano depois, o Centro Tecnológico de Florianópolis.
Nessa sexta-feira à tarde, no Tecnovates, foi a vez do professor Cláudio Marinho retribuir a visita dos lajeadenses. A convite, veio palestrar para professores, alunos, gestores públicos e empresários, quando apresentou as etapas percorridas no porto pernambucano.
Após uma crise de empregos e fuga de talentos para grandes centros, a cidade de Recife constituiu uma governança público-privada para criar um arranjo produtivo inovador. “Aqui vocês já estão avançados. Não tem fronteira, está aberto e tem tudo para abarcar. Não é a isenção de impostos que atrai, mas capacidade de articulação, as amenidades e as condições de cidade para a convivência de espaços mais ricos e atraentes em qualidade de vida”, sentenciou.
A tecnologia da informação é estratégica e alertou que parte da academia pode não gostar. Hoje o ciclo virtuoso atrai jovens e investidores internacionais. São mais de 300 empresas e nove mil postos de trabalho no Porto Digital. “Mas é necessário conectar academia e tecnologia”.
Ampliar a representatividade de atores da sociedade é fundamental para legitimar o movimento e a longevidade. “O desenvolvimento é um trabalho árduo, contínuo e envolve muita gente comprometida com a missão de implementar o ecossistema vencedor”, disse.
Acelerar a inovação digital nas organizações é crucial para a sustentabilidade dos negócios. O e-commerce é vital para sobreviver no mercado, na sua opinião. “Quem ainda não tem 20% de seus negócios sustentados nesta plataforma está atrasado”, comentou.
Chamou atenção para o mercado alimentício regional, mas que deve ser potencializado pela tecnologia de ponta, aliada com a estratégia digital para gerar escala e singularidade.
“Três elementos são cruciais para o mundo dos negócios: bom modelo de custos, boas experiências aos usuários e uma plataforma eficiente de atendimento”.
Ainda na tarde de ontem, foi apresentado o organograma e a sistematização do modelo a ser adotado em Lajeado para avançar em ações concretas. Para validar o debate e adentrar à prática, os atores locais foram organizados em três núcleos – estratégico, tático e operacional. O primeiro congrega empresários e todas as entidades de Lajeado, todos voluntários. O grupo tático representará o Comitê de Empreendedorismo, recentemente criado pelo Sebrae, no qual já foram estabelecidos quatro eixos – Inovação, Educação Empreendedora, Desburocratização e Apoio ao Empresário. Outros serão incorporados à medida que surgirem novas demandas.
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O grupo operacional será a criação da Agência de Desenvolvimento de Inovação de Lajeado, Agil, cujo corpo ativo será remunerado. Pela agência, também passará a busca e movimentação de recursos e parcerias. Será o ente para operacionalizar as ideias e estratégias da governança organizada da sociedade.
No dia 28 de março, a intenção é lançar e apresentar a “cara” do Movimento por Lajeado, inclusive o nome definitivo, a exemplo do Pacto Alegre, da capital gaúcha.
O desafio maior já não é a articulação das forças vivas da cidade de Lajeado, mas integrar o maior número de pensadores e empreendedores, inclusive, dos municípios vizinhos. Fazer o maior número de pessoas compreender e enxergar negócios e oportunidades inovadoras. E então partir para a aceleração prática de inserção no ciclo tecnlógico e de inovação, do qual Lajeado e a região ainda engatinham, por enquanto.
“Mãos suspeitas”
Soa estranho o afastamento da juíza da 2ª Vara de Teutônia, Patrícia Selmar Netto, do caso Mãos Sujas. A 4ª Câmara Criminal de Justiça do RS decidiu acolher o pedido dos advogados de defesa dos acusados, que levantam suspeitas na condução da magistrada. Desde o princípio, os defensores do ex-prefeito Ricardo Brönstrup e de outros três integrantes do atual governo municipal insistem que a juíza não usou de imparcialidade para julgar o caso.
Coincidentemente, a 4ª Câmara acolheu o pedido dos advogados de defesa.
Para não esquecer
Esta semana ocorreu mais uma viagem com a locomotiva turística na Ferrovia do Trigo, desta vez, de Colinas a Muçum. Compartilho a foto do empresário Rogério Wink, feita durante a viagem do trecho Guaporé a Roca Sales no último dia 4, quando o entusiasmo e empolgação saltavam pelas janelas do trem em meio ao verde exuberante dos vales e montanhas.
Que este clima e afirmação não cesse. Precisamos seguir aglutinados e empenhados – prefeitos e demais líderes – para que essa alavanca turística se torne uma realidade.
Nunca é demais lembrar que há 20 anos a euforia foi semelhante, mas repetida de verdade somente duas décadas depois. Vamos em frente!
Errei
O presidente do Sindicomerciários, Marco Daniel Rockembach, corrige a coluna do fim de semana passado, e com razão. Erroneamente, escrevi que o Atacado ABC e os supermercados são multados quando abrem aos domingos. Rockembach esclarece que o referido atacado foi autuado uma vez, por desvio de função. E que os supermercados nunca foram multados, uma vez que a lei atual permite sua abertura em fins de semana.
Feita a correção.
Presente de Natal
O próximo fim de semana brinda os leitores do A Hora com o anuário TUDO, reformulado e com edição especial sobre como andam as coisas no velho continente. Portugal, Alemanha e Itália foram destinos para inspirar a publicação e cotejar os erros e acertos por lá e cá.
Apesar da enorme diferença histórica e cultural, o repórter Rodrigo Martini apurou dados e exemplos semelhantes, ou que combinam com nosso modelo de organização econômica, cultural e social.
O TUDO estará encartado na edição do A Hora de sábado e domingo, dias 22 e 23, às vésperas do Natal. Um deleite para quem aprecia e quer aprender um pouco mais sobre o berço do Vale do Taquari.