“O pedágio trava o nosso desenvolvimento”

Encantado - Encantado contra a cobrança

“O pedágio trava o nosso desenvolvimento”

As palavras da presidente da Aci-E, Renata Galiotto, resumem o sentimento da comunidade em relação ao pedágio instalado na ERS-130 faz 22 anos

“O pedágio trava o nosso desenvolvimento”
Encantado

Tarifa elevada, falta de manutenção e precariedade da rodovia são as principais queixas de moradores de Encantado acerca do serviço prestado pela EGR.

Para encontrar uma solução definitiva aos problemas enfrentados pelo município em função do pedágio instalado faz 22 anos a cinco quilômetros do pórtico da cidade, entidades empresariais se uniram com o Judiciário.

“Já pagamos a conta por esse péssimo serviço prestado pela EGR. O pedágio trava o nosso desenvolvimento. Não queremos mais ele em nossa cidade”, afirma a presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado (Aci-E), Renata Casagrande Galiotto.

pedagio

União de esforços

Há dois anos, o promotor de Justiça de Encantado, André Prediger, conseguiu por meio de liminar que as cancelas da EGR fossem liberadas e não houve cobrança na praça por 30 dias.

Recentemente, a segunda ação contra a autarquia não obteve o mesmo êxito. O Judiciário considerou, em primeira instância, que não haviam provas suficientes dos prejuízos causados pela EGR ao município de Encantado.

Diante disso, a reunião dessa quarta-feira com Aci-E, representes das Câmaras da Indústria e Comércio de Roca Sales, Anta Gorda e Guaporé, e da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Muçum, além de empresários da região, teve o intuito de organizar dados que mostrem os prejuízos causados à cidade em função do pedágio.

“Estaremos ao lado de todos os associados e de toda a região para lutar até o fim contra esse pedágio”, afirma Renata.

Segundo ela, as empresas localizadas no entorno do pedágio têm levantamento de informações que comprovam os danos ao desenvolvimento do município causados pela EGR. Esses dados financeiros serão apresentados no próximo encontro entre empresas, Executivo e Ministério Público, na Aci-E, no dia 22 de janeiro para que, então, seja feita uma nova ação.

Para participar desse evento, é necessário confirmar presença com a executiva da Aci-E, Bernardete Rissi, pelo 3751-2255. Quem quiser contribuir com esse levantamento deve encaminhar informações para executivo@acie.com.br até o dia 11 de janeiro.

“O pedágio impacta nos mais diversos setores, da saúde à rede hoteleira. É difícil mensurar o quanto deixamos de crescer por causa disso”, argumenta Renata.

Além do comércio

Comerciante no centro, Luciana Protto, 46, conta que por diversas vezes deixou de sair da cidade para não ter gasto com o pedágio.“Sai muito caro. Já deixei, inclusive, de receber visitas por causa da alta tarifa do pedágio”, conta.

O agricultor Felipe Fritscher, 34, relata que sempre que precisa sair da cidade utiliza motocicleta.“Se a gente vai de carro, o gasto é muito maior. É um roubo. A gente já paga um monte de impostos.”

Pelas ruas do centro, moradores e comerciantes apontam os problemas causados pelo pedágio

pedagio encantado

As pessoas dependem muito desta rodovia. Se não houvesse pedágio, facilitaria o fluxo de pessoas para cá, e também, a nossa saída para compromissos fora da cidade. Por diversas vezes, vou de ônibus a Lajeado porque acaba sendo mais barato.
Luciano Álvaro, agricultor

Já passou da hora deste pessoal da EGR sair de nossa cidade. É um atraso para nosso desenvolvimento. Por causa desse pedágio, menos pessoas vêm para Encantado. É ruim para o comércio e para o turismo. Não tem mais condições de continuar assim.
Roberto Rossini, comerciante

O pedágio impede totalmente o nosso desenvolvimento financeiro e de movimentação de pessoas na cidade. Conheço muita gente que deixou de vir para Encantado em diversas ocasiões por causa dessa alta tarifa da EGR.
Paulo Fontana, mecânico

André Prediger

Entrevista

“A impressão que dá é de que nós temos que ensinar como uma estatal pode tornar-se sustentável”

Promotor de Justiça de Encantado, André Prediger já fez série de ações em busca de soluções para os problemas no pedágio da cidade.

A Hora – Quais os principais problemas causados pelo pedágio da EGR ao município?

André Prediger – Além de cobrarem caro pelo serviço, não dão contrapartida. São 11 mil veículos diários na praça e uma arrecadação média de R$ 1,5 milhão. Mas eles alegam que o pedágio de Encantado não é autossustentável e que com o dinheiro que entra em caixa no município só é possível tapar buracos, pintar estradas e fazer jardinagem. A grande questão é que com esses dados que eles nos passam, ao que tudo indica, é que estão mal localizados. Então, por que a população tem que continuar pagando por algo que não recebe?

A promessa de duplicação da ERS-130 é antiga. Por que a autarquia não consegue tirar a ideia do papel?

Prediger – Pelo valor que é cobrado ao contribuinte, não basta apenas asfalto de qualidade. Queremos a duplicação da rodovia. Os acidentes que acontecem na ERS-130 são graves. Não dá mais. Se a autarquia alega que não tem possibilidade de fazer isso, vamos ter que remanejar isso.

O foco do problema não é o valor da tarifa, mas sim a falta de prestação de serviço decente. A impressão que dá é de que nós temos que ensinar como uma estatal pode se tornar sustentável. Está errada essa lógica.

Você já elaborou ações contra os serviços da EGR. Há dois anos, um desses processos fez com que a autarquia liberasse as cancelas por 30 dias. Na última vez, em primeira instância, uma liminar foi derrubada. O que faltou?

Prediger – Pedi a redução da tarifa ou o levantamento das cancelas. A Justiça entendeu que não estavam consubstanciadas em minha ação as provas dos danos causados ao município pelo serviço da EGR. Recentemente, entidades empresariais me procuraram para falar sobre os prejuízos que têm sofrido por causa do pedágio. A reunião que ocorreu nesta semana debateu justamente isso. Eles ficaram de fazer levantamento de dados e informações que comprovem essas perdas ao município. O pedágio tornou-se um gargalo para o desenvolvimento de Encantado.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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