O chacreiro Lucimar Rogério, 31, frequenta o posto de saúde do bairro São Bento pelo menos uma vez ao mês faz cerca de um ano. Enquanto aguarda o atendimento com a filha no colo, ele passa o olhar pelo teto e decide trazer sua menina ainda mais para perto de si.
Desde a entrega da obra de reforma e ampliação do posto, no início do ano passado, ele percebe o avanço gradativo das rachaduras. “Parece que a cada vez que venho as rachaduras estão maiores ainda. Tenho medo que alguma parede desabe em cima de nós”, comenta.
Assim como Rogério, o massoterapeuta William Capone, 26, surpreendeu-se, nessa terça-feira, 11, de como as rachaduras aumentaram desde a última vez em que foi atendido na unidade há um ano. “Está muito maior. Como deixam isso assim?”, questiona o jovem.
Enquanto aguarda na triagem de atendimento, a confeiteira Kelen Gomes, 35, demonstra certa aflição. Com as cadeiras de espera próximas às maiores rachaduras, ela se sente insegura. “Faz mais de ano que tá assim. Toda vez que venho, penso que vão ter feito alguma coisa. Quando chego, as rachaduras estão ainda maiores.”
O estofador Fabiano Trindade, 41, morador do bairro Floresta, passou a ser atendido recentemente no posto de saúde do São Bento. “Fiquei apavorado quando vi isso. Toda nova parte construída está caindo. Não fizeram a obra decentemente”, protesta.
“Sem riscos”
O secretário de Saúde, Tovar Grandi Musskopf, garante que, apesar das rachaduras e do espaçamento cedido entre um anexo e o outro, não há risco de desabamento de paredes ou do prédio. “A obra já foi verificada recentemente pelo engenheiro da prefeitura. Ele não constatou nenhum perigo à população”, afirma.
Ainda segundo Tovar, desde junho, o governo tenta contato com a construtura responsável pela obra, porém, não conseguiu localizar nenhum integrante da empresa. “Ao que tudo indica, a construtora fechou”, diz.
O Executivo iniciou o processo licitatório para que uma terceirizada faça os devidos reparos – inclusive para resolver a infiltração que atinge o primeiro andar do prédio.
Ainda não há previsão de quando as reformas serão realizadas. “Apesar das rachaduras, a estrutura está sólida. Se tivesse risco de alguma parede cair, por exemplo, esta UBS estaria fechada.”
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br
