A sexta-feira amanheceu com os jornais e portais de notícias da região (inclusive o A Hora) repetindo as mesmas fotos e informações sobre a visita do diretor da Havan, Luciano Hang, posando com os gestores de Lajeado e Estrela.
Hang aproveitou o churrasco com um amigo empresário de Lajeado para conferir, in loco, quatro áreas.
Há 40 dias, o técnico da empresa que inspeciona os possíveis locais para instalar unidades de comércio esteve na região. Duas destacam-se nos planos, embora a preferência seja na entrada da cidade, na frente da Vidraçaria Lajeadense, esquina da BR-386 com a rua Bento Rosa, seguida da área frontal do shopping.
As tratativas são embrionárias, mas há possibilidade concreta de ocorrer ainda em 2019, dentro do plano de instalar ao menos 20 novas lojas, grande parte delas no RS.
Elevar a rua Bento Rosa para além das costumeiras enchentes será uma necessidade, mas decisiva para a Havan fincar uma réplica da Estátua da Liberdade em Lajeado será a flexibilidade do horário do comércio.
Habituada ao funcionamento diário sem fechar ao meio-dia e fins de semana, a lei que atualmente multa o Atacado ABC e os supermercados quando abrem aos domingos terá de estar alterada.
A propósito, em reunião-almoço na Acil, no início do ano, quando questionado sobre o recuo do projeto que trata do tema, o prefeito Marcelo Caumo prometeu reapresentá-lo à câmara de vereadores. Até aqui não evoluiu.
A ideia do horário do comércio, assim como a instalação da Havan, divide opiniões. Ainda que a rede nacional abra cerca de 300 novos empregos, os comércios locais sabem da concorrência acirrada – e por vezes quase desleal – que uma rede desse porte significará para os pequenos negócios da região.
É o sinal de novos tempos, em que os desafios se impõem em todas as áreas. Sem entrar no mérito, a disputa pelos mesmos espaços no mercado se torna cada vez mais horizontalizada. As primeiras a sentir isso foram as revendas de automóveis, depois os supermercados e as lojas de vestuário, seguidas dos meios de comunicação com o advento da tecnologia digital. Todos tiveram de se adaptar e se reinventar.
Os desafios seguem batendo à porta de todas as empresas. O conceito americano adotado pela Havan impõe estratégias e alianças dos pequenos com a comunidade onde atuam para se sobressair. Se não poderão concorrer nos preços, terão de se diferenciar pelo atendimento, inovação e relacionamento com a comunidade.
Quem lê esta coluna testemunha o número de vezes que invoca a transformação em curso e quão importante se faz um novo olhar e novas perspectivas em relação ao nossos negócios.
Antes da Havan, quem deve fincar bandeira em Lajeado é o McDonald’s, na quadra do Desco Atacado, área que pertencia à antiga Souza Cruz. O terreno pertencente a um grupo de empresários da cidade será aterrado para receber o empreendimento da multinacional que, igualmente, provocará a alteração da “régua”, desta feita no setor de fast foods.
A rede de hambúrgueres opta por cidades com no mínimo 150 mil habitantes. No entanto, a soma de habitantes com o entorno de Lajeado supera esse número.
Ambas não têm data definida para instalar as operações, mas pode ser ainda em 2019.
Olhar crítico sobre o Plano Diretor
O governo de Lajeado se esforçou, mas não agradou a todos. Nem poderia, quando se trata de algo complexo como reformular o Plano Diretor da cidade.
O que está em questão não é o esforço, mas o olhar crítico além do que dizem as partes diretamente envolvidas.
No fim semana passado, o A Hora publicou reportagem completa sobre o plano, trouxe o mapa e explicações pontuais sobre o novo zoneamento e suas implicações. Após exaustivas análises acerca da reportagem, é possível pinçar alguns pontos:
– Copur – Conselho de Política Urbana ganha caráter deliberativo. Ao deixar de ser apenas consultivo, ele se fortalece e sobrepõe o Simpla, formado apenas por técnicos da Seplan. O Copur é integrado por oito entidades e oito agentes da prefeitura. Qualquer alteração do Plano Diretor terá de passar antes pelo conselho, para então ser submetido aos vereadores – última instância deliberativa. Há controvérsias. Alguns entendem que o Copur recebe força demais. É fato, e blinda mudanças à reveria, inclusive, em qualquer esfera;
– Venda de índice – o Executivo criou uma espécie de novo imposto à construção civil, ainda que o secretário da Seplan, Rafael Zanatta, não concorde. Áreas onde antes havia possibilidade de determinado índice, agora será necessário a compra para chegar no mesmo. O inverso também ocorre. Ainda nesse quesito, algumas zonas chamam atenção, como o Alto do Parque, na avenida Alberto Müller, onde segue limitada a altura dos novos prédios. O secretário acredita que o tempo se encarrega de futuras mudanças a partir dos próprios moradores. Certo ou não, talvez se perca uma oportunidade para fazer algo arrojado naquela via.
A avenida Piauí também segue restrita, com a justificativa que sua largura não comporta densidade demográfica acentuada. Diferente está para a Alberto Pasqualini, onde o índice é bem mais generoso e se iguala ao bairro Florestal, mesmo em pontos onde existem “ruelas” em meio aos possíveis prédios de alta densidade.
– Recuo de 10 a 12% nos terrenos – ainda que a intenção seja impedir grandes construções em áreas novas sem infraestrutura, o projeto inibe a construção civil em determinadas partes da cidade enquanto noutras estimula prédios baixos encostados uns nos outros.
– Condomínios fechados – Esses seguem permitidos somente até três hectares, conforme rege lei estadual. Qualquer alteração não dependerá de canetaço, mas de aprovação do Copur e posterior aprovação legislativa.
– 80% de construção no subsolo – Tal regra impede a ocupação total do terreno, com alegada justificativa de que o contrário impede a permeabilidade do terreno. Assim, diminui o potencial de garagens subterrâneas, ao mesmo tempo em que faltam vagas de estacionamento, especialmente, nas avenidas de locais mais populosos.
Com base na proposta que está na câmara de vereadores, observa-se que vários dos prédios residenciais e alguns condomínios fechados existentes hoje não seriam mais possíveis.
A restrição criada a partir da proposta no Legislativo traz avanços à qualidade de vida, flexibiliza em alguns aspectos e se impõe incoerente em outros.
O Simpla – antes poderoso corpo técnico interno – , perde espaço para a deliberação do Copur, permeado pelas representações dos setores da construção civil – Seavat, Sinduson, Creci, CAU e Crea, bem como da comunidade, por meio da Uambla, OAB e Acil.
Ainda que as opiniões divergem, a maioria concorda que a proposta melhorou em relação às iniciais, cujos debates acaloraram ânimos.
Agora caberá aos vereadores uma análise criteriosa, certamente, com ajuda técnica para embasar eventuais mudanças de melhorias que podem ser propostas antes da votação final.
Promessa para janeiro
O governo de Lajeado prepara a transferência dos papeleiros nas proximidades da Docile, na RS-130, para o mês de janeiro. A costura da mudança integra o esforço da prefeitura, Ministério Público e do Daer. No local, o município quer construir um túnel para travessia similar ao do Campestre, próximo do Posto Arco.
Os papeleiros serão transferidos ao bairro Santo Antônio, imediações da aldeia indígena.
Confec + cria expectativa
Embora alguns torçam o nariz, a Feira de Confecções – Confec +, lançada nesta semana pela Acil em parceria com a Lume Eventos, abre novas possibilidades no setor do vestuário regional, onde existem 321 empresas de pequeno e médio porte. Setor com altos e baixos, é uma incógnita diante dos avanços tecnológicos. Uma coisa é certa: se quiserem sobreviver, as empresas do setor devem se abrir para novas possibilidades. A expectativa é que a Confec + consiga provocar essa inquietude. Ocorrerá em agosto de 2019.
Energia e varejo no azul
O consumo de energia elétrica entre os usuários da Certel cresceu 5,06% este ano, ante 1,5% no estado e pouco mais de 1% no país. O número corrobora para a boa fase que vive a cooperativa após sua crise de confiança há pouco tempo. Este ano, a Certel retomou integralmente o controle da unidade de negócios Rastro de Auto, no Rio Forqueta. Os cariocas haviam comprado 30% do negócio, mas a Certel arrematou de volta com um investimento de R$ 20 milhões. Na esteira do mesmo investimento, estão outros cinco projetos no Rio Forqueta, um potencial energético que pode alavancar a cooperativa em termos de produção de energia nos próximos anos.
Um último ponto positivo é a reação do varejo. As 26 lojas preservadas dão sinal de recuperação e a operação virou a chave da linha vermelha. A operação saiu do cenário de déficit para entrar no azul, ainda que os compromisso financeiros comprometam o lucro.
Mais carga
Vale do Transporte é a nova entidade criada pelas principais transportadoras dos vales Taquari e Rio Pardo. Congregam mais de três mil caminhões e cinco mil empregos diretos.