Aos fins de semana, a lancheria de Julieta registra o maior movimento. Aos fins de semana, a maioria dos moradores conseguem descansar ou cuidar da casa. E é justamente nesse período que falta água no bairro Jardim do Cedro.
Moradores do bairro convivem com uma rotina de interrupções no abastecimento faz pelo menos três anos. O problema afeta também parte do bairro Floresta, do outro lado da RS-130.
Para Julieta Stertz, o problema afeta diretamente a atividade profissional. Ela tem uma lancheria na rua Jandir Araújo e afirma que há interrupções cerca de duas vezes ao mês. “Pra gente que tem este estabelecimento é horrível, porque precisa de água para tudo. Fica uma pilha de louça e não tem como lavar. Eu já tive que cozinhar com água mineral e trazer água de balde de casa para lavar a louça”, afirma.

Luciane é uma das moradoras que busca uma solução na Justiça
Ações na Justiça
Fabiano Trindade mora do outro lado da RS-130, em uma região alta que pertence ao bairro Floresta. “Minha casa fica na ponta da rede, então, é a primeira a faltar água e a última a voltar”, diz.
Diante da situação, a comunidade se mobilizou e foi à Justiça. Trindade é um dos pelo menos 27 moradores que ingressaram com ações contra Corsan.
Luciane Letícia Leuse também buscou a Justiça. Ela garante que sempre paga em dia, economiza água e até trocou a máquina de lavar, para economizar o recurso. Ainda assim, precisa conviver com as interrupções. Em novembro, sua conta deu R$ 195, em uma casa com quatro pessoas.
Em duas noites de Natal, a ceia e os banhos ficaram prejudicados. A família teve que se dividir entre casa de parentes para usar o chuveiro. “No Natal do ano passado, ficamos sem água durante um dia todo. No ano anterior, foram quatro dias sem água”, conta.
Característica geográfica
O gestor da unidade de saneamento de Lajeado da Corsan, Alexsandrer Pacico, garante que não existe um problema crônico, mas situações pontuais. Pacico afirma que quase sempre a falta d’água está relacionada à queda na energia. O bairro é abastecido por dois recalques diferentes, um próximo à beira do rio, outro na localidade. Um é atendido pela RGE Sul, o outra, pela Certel.
“Quando falta energia, entra ar na tubulação, formando bolsões que atrapalham a distribuição.”
Outro fator destacado pelo gestor é a característica geográfica do bairro. O terreno irregular facilita a formação desses bolsões, dificultando a chegada da água nas partes altas.

Caixa d’água está funcionando há um ano, mas não solucionou o problema
Caixa d’água
Para resolver a situação, uma caixa d’água foi construída. A obra, iniciada em agosto de 2014, só ficou pronta há cerca de um ano. Antes mesmo de começar a funcionar, o equipamento já tinha apresentado vazamentos em duas ocasiões. A caixa tem capacidade para 500 metros cúbicos.
O local onde fica a caixa d’água não tem cerca nem portão. Ao redor, o mato está alto. A porta parece ter sido arrancada e é possível entrar embaixo do reservatório, onde há goteiras constantes, originadas em uma infiltração.
De acordo com gestor regional da Corsan, o equipamento está funcionando perfeitamente. Ele afirma que há estudos em andamento para corrigir a infiltração.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br