Cerimônia ontem à tarde marcou o início da instalação da nova linha de transmissão que conectará o Vale ao sistema energético nacional. Com a presença de autoridades regionais, empresários e engenheiros, a solenidade ocorreu no distrito de Costão, no interior do município, local onde será erguida a Subestação Lajeado 3.
O complexo é construído pela companhia indiana Sterlite Power Grid Ventures Limited, vencedora do leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no ano passado. No valor de R$ 400 milhões, a estrutura terá 114 quilômetros e inclui a implantação de duas novas subestações e a modernização de outras quatro no RS.
O empreendimento promete proporcionar maior eficiência e soberania energética para a região, ao diminuir a dependência em relação as duas únicas ligações do Vale com o sistema brasileiro, que provêm de Nova Santa Rita e Passo Real.

CEO da companhia indiana, Sai Kiran afirmou que sistema estará pronto no tempo mais breve possível. Empresa venceu licitação no ano passado
Com a perspectiva de serem concluídas ainda em 2019, as instalações aumentarão a capacidade de potência para a região em 166 MVA (megavolts-ampere). A região conta hoje com cerca de 250 MVA. O aumento representa cerca de 66%. Futuramente, a capacidade poderá ser ampliada ainda mais com a implementação de novos transformadores.
“Robustez energética”
“O objetivo é fortalecer e trazer mais resiliência ao sistema de transmissão de energia elétrica no Rio Grande do Sul”, afirma o diretor-presidente da companhia indiana no Brasil, Rui Chammas. Segundo ele, o novo complexo vai gerar “robustez” ao Vale, uma região que apresenta um crescimento socioeconômico maior em relação ao restante do RS e do país.
Chammas comenta que a estrutura é projetada em dois trechos. O primeiro interligará as subestações Lajeado 3, em Estrela, e Lajeado 2, em Lajeado, a Garibaldi, na Serra Gaúcha; e o segundo ficará situado entre Bagé e Candiota, na Região da Campanha. Geração de postos de trabalho durante as obras e uso de matéria-prima local são benefícios imediatos da construção, frisa.
Momento histórico
A primeira empresa a se conectar com a nova linha de transmissão será a Certel. Conforme o presidente da cooperativa, Erineo Hennemann, o início da obra é um momento esperado desde 2010, quando começaram as tratativas para a nova linha e subestação. “É um dia histórico, em que se inicia um empreendimento que vai garantir nos próximos 15 anos o fornecimento de energia elétrica para nossa região”, destaca.
Enquanto o Brasil projeta um crescimento de 1% ao fim do ano, o Vale do Taquari deverá crescer em torno de 5%, acrescenta Hennemann. “Precisamos de obras de infraestrutura energética para manter esse ritmo de desenvolvimento”, ressalta. Segundo ele, o complexo vai gerar autonomia para o Vale e confiabilidade aos consumidores.
Energia para desenvolver
O prefeito de Teutônia, Jonatan Brönstrup, vice-presidente da Associação do Municípios do Vale do Taquari (Amvat), salientou a importância do empreendimento para a região. “Sem energia, não conseguimos nos desenvolver. Existem fatores importantes para o desenvolvimento, e talvez o principal seja esse”, descreveu.
De acordo com Brönstrup, o início da construção simboliza o começo de uma parceria promissora entre a Certel e a Sterlite, que vai gerar muitos impactos positivos para a comunidade regional. “A partir de agora, estamos ansiosos para participar da inauguração do empreendimento, que certamente ocorrerá antes do previsto”, disse.

Certel será a primeira empresa a se conectar à nova linha de transmissão
Representante da administração municipal de Estrela, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Paulo Fink, também enalteceu a relevância do complexo recém iniciado. “Sabemos da importância que a energia tem para a nossa vida. Normalmente, valorizamos apenas quando falta”, falou.
O secretário ainda exaltou a força das cooperativas locais, que contribuem de forma decisiva para a pujança econômica da região.
Direto da Índia
O ato no interior de Estrela contou com a participação de cerca de cem pessoas. No fim do evento, o diretor-executivo da companhia Sterlite, o indiano Sai Kiran, agradeceu a presença de todos e a parceria das empresas envolvidas na obra. Em inglês, frisou que todos os esforços serão empreendidos para que o complexo seja concluído o mais rápido possível. “Estamos muito orgulhos dos impactos que vamos propiciar a toda a sociedade.”
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br