O fechamento dos principais escritórios do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (Ipergs) na região gera reclamações por parte dos usuários do sistema. Ontem o 8º Núcleo do Cpers realizou audiência pública para debater o assunto e buscar uma solução, ao menos, para o espaço físico localizado em Estrela, fechado desde 2015. Em Lajeado, a estrutura não dispõe de atendentes desde outubro.
Gerson Luis Johann, servidor do Estado e diretor do 8º Núcleo do Cpers, lamenta a situação enfrentada pelas mais de 1,2 mil famílias estrelenses amparadas pelo IPE Saúde. “Temos um problema muito sério na região. Além de Estrela, há outros municípios do Vale com milhares de pessoas carentes de um melhor atendimento”, observa.
É possível realizar alguns procedimentos por meio da internet, diz. No entanto, muitos usuários do sistema carecem de um espaço físico para determinados procedimentos. “Precisam de um local para encaminhar documentos, pedir informações. Precisam de um escritório físico. Agora mesmo ocorre o processo de recadastramento. As pessoas precisam, até mesmo, de instrução para usar a ferramenta on-line.”
Ainda de acordo com Johann, os médicos responsáveis pelos atendimentos precisam do local. “Em julho deste ano, realizei uma operação de catarata. E precisei do espaço para encaminhar o processo de ressarcimento. Os próprios médicos precisaram buscar mais informações. Da mesma forma, meus filhos estão no IPE e, a cada seis meses, é preciso revalidar a carteirinha.”
Hoje, conforme um papel colado no vidro frontal do escritório fechado em Lajeado – instalado na rua Bento Gonçalves –, no Vale do Taquari, os atendimentos físicos são prestados somente nas cidades de Taquari e Encantado. “Também podem atender em Venâncio Aires. Nesses municípios, há espaços dentro das próprias prefeituras”, salienta.
“Faltou acordo com o Estado”
Johann cita que a pressão ocorre em Estrela “pois o escritório do IPE ainda possui todo o material necessário para a reabertura”. Até 2015, o governo municipal auxiliava com a cedência de um funcionário público para atuar no local. “O local está lá. Tem tudo para seguir atendendo. Mas essa pessoa que atendia se aposentou”, diz o diretor do Cpers.
Na cidade, 351 funcionários da prefeitura dependem do IPE Saúde. “A contribuição é menor do que planos de saúde. Em todo o estado, são mais de um milhão e 200 mil beneficiários. Já conversamos com os vereadores. Posteriormente, queremos agendar uma audiência com o prefeito. Uma pessoa só é suficiente para realizar o atendimento.”
Questionado, o secretário municipal de Administração, Jônatas dos Santos, explica a situação envolvendo o escritório regional instalado em Estrela. “Estado e município não entraram em acordo, à época, sobre a manutenção dos custos. Isso em 2015, quando o escritório fechou as portas na cidade.” Mesmo assim, ele demonstra interesse na manutenção do espaço. “Quando o novo governo estadual assumir, buscaremos novamente um diálogo para que isso ocorra.”
A reportagem encaminhou questões ao Ipergs, solicitando informações, também, sobre a reabertura do escritório em Lajeado. Entretanto, até o fechamento desta edição, não houve qualquer resposta por parte do instituto.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br
