“Alegria, alegria”

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“Alegria, alegria”

Antes de discursar, o apaixonado pela Ferrovia do Trigo, Clair Scarton, 47, inicia a frase com o bordão “Alegria, alegria”. Para quem nasceu e cresceu no Viaduto do Pesseguinho, em Dois Lajeados, a volta do trem turístico coloca nos trilhos…

“Alegria, alegria”

Antes de discursar, o apaixonado pela Ferrovia do Trigo, Clair Scarton, 47, inicia a frase com o bordão “Alegria, alegria”. Para quem nasceu e cresceu no Viaduto do Pesseguinho, em Dois Lajeados, a volta do trem turístico coloca nos trilhos o sonho de fazer o turismo no Vale ser ainda mais valorizado.
• Como surgiu sua paixão pelo turismo na Ferrovia do Trigo?
Meus pais se separaram quando eu tinha 14 anos, em 1985. Naquela época, saí de Dois Lajeados para ir morar em Bento Gonçalves com minha mãe, onde vivi por 20 anos. Primeiro trabalhei numa indústria de calçados, mas foi quando comecei a ser vigilante de um hotel daquela cidade que passei a ver o potencial turístico com outros olhos. Enquanto fazia a guarda do estabelecimento, eu via gente de tudo quanto era lugar chegar com máquinas fotográficas, mochilas e malas. Em 2007, voltei para o lugar onde nasci, em Dois Lajeados, e comecei a ajudar a articular o turismo na ferrovia.
• Depois de duas décadas fora do Vale do Taquari, como foi seu retorno?
Cheguei no meu terreno embaixo do viaduto do Pesseguinho e era tudo mato. Decidi que voltaria a morar ali. Primeiro montei uma barraca. Um pouco mais tarde construí uma casa de bambu, onde vivi por dois anos sem energia elétrica. Aí comecei a criar galinhas e cabritos. Conforme o trem passava na ferrovia, alguns grãos caíam na minha propriedade. Teve uma vez que os cabritos foram atrás dos grãos e ficaram nos trilhos. O trem passou e matou uns sete.
• E como foram os primeiros passos em prol do turismo na ferrovia?
Normalmente, eu fazia churrasco e convidava amigos. Assim ia me mantendo. Teve um dia que convidei um ex-prefeito para um almoço na minha propriedade. Ele, grande entusiasta do turismo, me perguntou: “Clair, o que tu quer com um monte de cabrito e só fazer churrasco para amigos?”. Aquilo ficou na minha cabeça por dias. Em uma ocasião, convidei uns mochileiros que passavam pelos trilhos para descerem no meu terreno. Aí ofereci churrasco, cerveja e água para eles. Aos poucos, com a ajuda de amigos, comecei a montar um camping.
• Qual é a sua sensação a cada vez que passa o trem em cima da sua casa?
Me vem o passado na memória, época em que meu pai trabalhava como marteleteiro e vigilante da ferrovia e eu brincava com meus irmãos dentro dos vagões. Mas agora, com o trem do turismo de volta, me vem um futuro em mente também. O sonho de fazer a Ferrovia do Trigo ser um dos principais pontos turísticos do estado parece estar cada vez mais próximo.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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