Hospitais na UTI

Editorial

Hospitais na UTI

A condição dos hospitais filantrópicos inspira preocupação. Responsáveis por mais de 80% dos atendimentos via SUS, as casas de saúde não conseguem pagar as contas. Nem o básico, o salário dos trabalhadores, está garantido. O ano termina crítico para as…

A condição dos hospitais filantrópicos inspira preocupação. Responsáveis por mais de 80% dos atendimentos via SUS, as casas de saúde não conseguem pagar as contas. Nem o básico, o salário dos trabalhadores, está garantido. O ano termina crítico para as 245 instituições do RS.
A inadimplência do Estado com casas de saúde supera R$ 150 milhões. Às instituições do Vale, são R$ 7,4 milhões. Uma dívida que se torna impagável e ameaça o atendimento à população. A lei estabelece que a forma de custear a saúde pública está sob responsabilidade das três esferas (União, Estado e municípios). Uma norma que funciona no papel.
Quando não é cumprida, onera a ponta mais fraca, como mostra reportagem de hoje nas páginas 4 e 5. Hospitais de referência para pacientes da região paralisam as atividades. Consultas, cirurgias e atendimentos especializados pararam faz três semanas.
Com essa realidade, o já combalido serviço público de atendimento em saúde caminha a passos largos para um fim melancólico. Apesar das dificuldades, o SUS é a referência para milhões de brasileiros sem acesso a planos de saúde privados. Pelo sistema, famílias carentes, e até de classe média, têm a certeza de conseguir consultas e exames sem precisar pagar.
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Os diretores dos hospitais repetem as dificuldades enfrentadas desde os cortes anunciados pelo governo Sartori logo no primeiro ano de gestão. Passado o mandato, fica ainda mais claro que, apesar de todas as dificuldades, as casas de saúde contam com o apoio dos governos municipais e do voluntariado, que organizam iniciativas para ajudá-las. Ações nobres, mas insuficientes para garantir a solução dos problemas.
Parte do poder público estruturar um modelo para superar este momento. Mas não há um horizonte favorável, pois os discursos políticos seguem o mantra da crise nas finanças públicas. Com essa condição, as medidas apontadas de aumentar impostos, reduzir investimentos e racionalizar os serviços básicos se mostraram ineficazes para preencher a lacuna e garantir os serviços.
Enquanto o atendimento à população é prejudicado, as benesses para o alto clero do serviço público permanecem. Há revisão do básico, mas sem interferir nos altos salários para o Judiciário, Executivo e Legislativo, o excesso de cargos de confiança nas instituições públicas e também o perdão de dívidas das grandes empresas.

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