“O carinho das crianças não tem preço”

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“O carinho das crianças não tem preço”

Na Brigada Militar desde 1993, o sargento Gilmar de Souza Queiroz formou mais de 5 mil alunos de Lajeado pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). O policial se aposenta nesta semana e relembra momentos marcantes…

“O carinho das crianças não tem preço”

Na Brigada Militar desde 1993, o sargento Gilmar de Souza Queiroz formou mais de 5 mil alunos de Lajeado pelo Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd). O policial se aposenta nesta semana e relembra momentos marcantes da trajetória no projeto.
• Quando entrou no Proerd? E por quê?
Comecei no programa em outubro de 2005. Acompanhava outros colegas que participavam do Proerd e via que se tratava de uma iniciativa muito importante. As pessoas têm de fazer algo pelo outro, pelas crianças, pelas famílias. O trabalho policial tem várias fases. Pegamos ladrões, atendemos ocorrências de trânsito, violência doméstica e outras ações. Agora, atuar com as crianças é diferente. Nossas aulas são feitas para defender a vida. É um trabalho pela sociedade. No espírito da BM, esse é o princípio. Servir a comunidade. Quando prestamos juramento, nos comprometemos em defender a sociedade inclusive com o sacrifício da nossa própria vida.
• Como é a experiência de estar próximo das crianças?
Não há dinheiro que pague. O carinho das crianças não tem preço. Fazemos um trabalho para um público de 10 ou 11 anos. Percebemos que muitos estão muito voltados às novas tecnologias. Esquecem essa relação humana, pois muitos pais terceirizam a educação.Lembro que quando eu chegava de viatura turmas iam para as janelas e começavam a pular, bater palma. Estavam eufóricos com mais uma aula do Proerd. Muitos curtiam devido ao contato humano, pois era um momento em que conversávamos, olhando nos olhos e aprendíamos um com os outros.
• Quais histórias dessa relação entre polícia e criança mais lhe marcaram?
São várias. Pequenos fatos que tiveram inclusive o poder de me mudar, de fazer eu rever o meu comportamento. Nos bairros carentes, talvez estejam as experiências mais marcantes. Percebia que nas primeiras aulas as crianças estavam receosas. Tinham medo da polícia. Não se abriam. Aos poucos conseguimos quebrar essa barreira e conquistar o carinho deles.
Também houve fatos de pais virem falar conosco sobre atitudes que tiveram de mudar. Do filho que cobra para parar de fumar, ensinando sobre os malefícios do cigarro, da bebida.
Dentro disso também houve dramas difíceis. Como no caso de uma excursão que fizemos há uns três anos. Fomos em um sábado para o litoral. Muitos nunca tinham visto o mar. Nesse dia, o pai de um dos meninos que estava conosco foi assassinado. Fiquei sabendo durante a viagem. Falamos entre as mães para não deixar isso chegar nele. Aquele dia ele precisava aproveitar, precisava ser criança. Uma notícia daquela estragaria o dia dele.

Filipe Faleiro: filipe@jornalahora.inf.br

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