Sumiço intriga a comunidade

Anta Gorda - mistério em anta gorda

Sumiço intriga a comunidade

Jacir Potrich desapareceu no dia 13. Polícia segue sem pistas. Moradores da cidade de seis mil habitantes questionam o paradeiro do gerente de banco, Jacir Potrich. O sumiço misterioso alimenta desconfianças, enquanto a polícia procura elementos e informações concretas para elucidar o caso e devolver a rotina aos moradores e à família

Sumiço intriga a comunidade
Vale do Taquari

Ao chegar no trabalho, na quarta-feira, 14, às 7h30min, no bazar que funciona ao lado do banco onde Jacir Potrich, 55, é gerente, Hortelina Branger, 70, notou que os funcionários estavam no lado de fora sem conseguir entrar na agência.

Estranhou. Há 25 anos, a rotina era sempre a mesma. Jacir chegava cedo ao banco. Antes de entrar, enquanto Hortelina varria a calçada em frente à praça principal do pacato município de seis mil habitantes, ele acenava para a idosa.

“Achei muito estranho. Mas até aquele momento não cogitei que ele pudesse estar desaparecido”, conta.

Naquele dia, com a ausência de Potrich, outro funcionário teve de voltar para buscar a única chave reserva da agência.

Mistério

Sem nenhuma pista sobre o caso, o sumiço de Potrich é uma incógnita até mesmo para a Polícia Civil. Desde terça-feira da semana passada, 13, quando o gerente desapareceu após retornar de uma pescaria em Linha Rita, as investigações avançaram pouco.

As câmeras de segurança na casa do bancário mostram a chegada dele no condomínio fechado às 19h7min. Sozinho, foi até os fundos da casa carregando um balde com peixes.

A última imagem vista de Potrich mostra ele limpando e guardando os peixes na geladeira. A faca, a tesoura e a pia suja com as vísceras dos animais foram mais um motivo de estranheza.

Desaparecimento misterioso de gerente de banco intriga a Polícia Civil e preocupa moradores

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“Ele era muito organizado. Teria limpado e guardado tudo. É muito estranho isso”, comenta a idosa Marilne Stobbe, 70.

Cerca de uma hora depois, um sobrinho de 24 anos que mora com o gerente e a esposa, a contadora Adriane Belestreri Potrich, 53, chegou à residência.

Para estranhamento de todos, apesar de o carro de Potrich estar na garagem e o cenário no quiosque indicar que ele estive no condomínio, o gerente não estava mais. Ao que tudo indica, apenas o celular sumiu com ele.

O sobrinho teria ligado para a esposa de Potrich e comunicado que o tio não estava em casa.

Antônio Lazzari

Sem provas

Desde o sumiço do gerente, agentes da Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e moradores da cidade fizeram uma série de buscas em matagais com cães farejadores. Na tentativa de encontrá-lo, um açude próximo à casa de Potrich chegou a ser esvaziado.

Para a comerciante Adriana Francischini, 52, o fato de não aparecer nenhuma prova de sequestro ou crime nas imagens das câmeras da casa de Potrich pode indicar que, em um eventual crime, o autor conhecia o condomínio.

“Sinal de que, se alguém invadiu a casa dele, sabia onde tinha câmeras e fez tudo sem aparecer nas imagens”, desconfia.

Outra indagação apontada por Marilene é a morte de dois cães de guarda no condomínio de Potrich poucos dias antes do desaparecimento. “Alguém planejou tudo. Só pode”.

Como o município é pequeno, o comerciante Antonio Lazzari, 63, acredita que, se alguém soubesse de alguma informação sobre o paradeiro de Potrich, todos na cidade saberiam.

Calmaria rompida

Para o comerciante Vinicius Bortolanza, 29, a angústia da família de Potrich é similar a que toda comunidade sente.

“Mudou o clima da cidade. No interior, os mais velhos chegam a chorar. Quando chegam no banco, a primeira coisa que perguntam é se o gerente já foi localizado”, conta.

Os baixos números de criminalidade explicam a aflição da comunidade. Neste ano, apenas um caso de roubo foi registrado. Em 2017, apenas dois.

O último assassinato aconteceu, segundo a Secretaria de Segurança Pública, em 2003, há 15 anos.

Recompensa

Uma recompensa de R$ 50 mil é oferecida pela família de Potrich para quem fornecer informações concretas sobre seu paradeiro.

A proposta foi divulgada na quarta-feira, 21, na rede social do filho do bancário, Vinícius Balestri Potrich, 26. “Por decisão da família, não queremos nos manifestar sobre o caso ou dar entrevistas”, afirma o jovem.

Contatos sobre o paradeiro de Potrich podem ser feitos pelo (54) 9 9709-1519.

Guilherme Pacífico

Entrevista

“Não há nenhuma prova de vida”

Responsável pela investigação, o delegado Guilherme Pacífico aponta falta de provas sobre o caso do desaparecimento de Potrich.

A Hora – O que até agora a investigação da Polícia Civil tem de concreto sobre o caso?

Guilherme Pacífico – Numa cidade como Anta Gorda, uma borboleta começa a bater asa e logo ali na outra esquina ela vira um dragão. Tem muito diz- que-diz. A polícia está apurando todas as circunstâncias possíveis, mas ainda não temos uma linha investigatória concreta. Estamos averiguando o passado de sua história para compreender o que pode ter ocorrido. São 25 anos de uma carreira brilhante como gerente, de muita confiança por parte da diretoria do banco.

Por ser gerente de banco faz 25 anos em uma cidade pequena, algumas pessoas da comunidade falam que ele pode ter sido vítima de um ataque. Há algo apurado nesse sentido?

Pacífico – Estamos observando o ambiente profissional e familiar de Potrich. Contando da figura deste desaparecimento, ligamos alerta também de crime de sequestro de gerente, que não é algo incomum. Em outro extremo, também não descartamos que ele tenha sofrido um mal súbito, perda de memória ou, quiçá, um suicídio. Estamos checando muitos locais. Inclusive, com cães de faro. Tem surgido muitas histórias na cidade, algumas sequer tem cabimento.

Em relação à casa de Potrich, recentemente, moradores falam que dois cães de guarda foram mortos no condomínio e que alguém sabia os exatos pontos onde funcionavam as câmeras. No que as imagens de monitoramento estão auxiliando na investigação?

Pacífico – As câmeras de monitoramento não revelam nada. Não estamos divulgando porque são imagens de cunho privado, têm resguardo da família. Sobre o caso, não há nenhuma prova de vida ou prática de extorsão por sequestro.

A família ofereceu R$ 50 mil de recompensa para informações sobre Potrich. Isso ajuda ou atrapalha as investigações?

Pacífico – Orientamos que a família não fizesse isso para não tumultuar a investigação. As informações devem ser canalizadas com a investigação da polícia.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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