A violência nas escolas é um dos maiores desafios enfrentados pelos professores. Para traduzir em números essa dificuldade na rede pública de ensino do Vale do Taquari, a Faculdade La Salle Estrela realizou uma pesquisa inédita no interior do estado. Foram aplicados questionários para 108 professores das séries finais do Ensino Fundamental da rede pública de escolas de Lajeado, Estrela e Teutônia.
Além de questões específicas sobre violência, os docentes responderam sobre as condições de trabalho em sala de aula.
O coordenador da pesquisa, professor Marciano Bruch, afirma que a ideia partiu das reclamações que ouvia de diversos colegas sobre as condições de trabalho. Sua contribuição foi buscar dados que retratem em números a realidade do ambiente escolar.
“A ideia não é achar problemas ou culpados, mas entregar esses dados aos municípios e à Coordenadoria Regional de Educação, para que se melhore o que vem sendo feito”, explica Bruch.
Desinteresse dos alunos
Alguns resultados chamam a atenção do pesquisador. Ele esperava que o aspecto financeiro fosse liderar o ranking das reclamações, porém, apenas 17 entrevistados ou 15,7 % apontaram esse fator. O desinteresse e a falta de vonta de alunos foi o principal fator de reclamação, citado por 40,7%.
Para Bruch, a proibição dos celulares em sala de aula é um fator que gera desinteresse por parte do estudantes. O professor aponta que o equipamento poderia ser utilizado como ferramenta de aprendizagem.
82% deles se sentem seguros
Em relação à segurança no ambiente escolar, os dados chamam a atenção. A maioria dos professores (60%) afirma que há violência nas escolas, 96% já presenciaram agressões verbais e 91,6% presenciaram agressões físicas. Apesar desses números, a grande maioria dos entrevistados (82%) se sente segura para dar aula.
Reflexo da sociedade
O professor Carlos Evandro Schneider ressalta que a escola é um reflexo da sociedade. “Algumas pessoas acreditam que a escola determina o ritmo da sociedade, mas é o contrário. Os alunos vêm para a escola trazendo a vida deles junto. E a escola tem que dar conta da demanda social que isso gera”, afirma.
Schneider é supervisor escolar na escola Prof. Teobaldo Closs em Teutônia e presidente da Associação de Professores do município. Ele cita alguns exemplos de violência presenciados nos colégios, desde casos de indisciplina até um aluno armado em sala de aula. Schneider lamenta que, muitas vezes, os professores precisam negociar com os alunos para realizar as atividades pedagógicas.
“Essa situação cria um terreno instável, que prejudica o trabalho e desmotiva o professor”, conclui.
Números
Violência
– 60% dos professores percebem que há violência no ambiente escolar
– 88% dos professores acreditam que a violência em casa influencia a violência na escola
– 82% dos professores sentem-se seguros para exercer as atividades escolares
– 83,7% acreditam que a violência nas escolas pode acabar
Condições de trabalho
– 45% dos respondentes atuam faz mais de 16 anos na docência
– 53% professores relatam que o que mais os motiva no exercício da profissão é o agradecimento/reconhecimento por parte dos alunos
– 50% dos professores concordam que há falta frequente de professores na escola
– 23,5% acreditam que o patrimônio da escola está degradado ou obsoleto
Matheus Chaparini: matheus@jornalahora.inf.br